Benin. Académicos organizam conferência sobre os desafios da inculturação


Um grupo de académicos católicos beninenses tornou pública, na segunda-feira, 17 de março, a iniciativa de uma conferência internacional sobre a inculturação em homenagem a Dom Barthélemy Adoukonou.

Por Juste Hlannon – Cotonou

Depois de apresentarem o projeto a Dom Roger Houngbédji, Arcebispo de Cotonou e Presidente da Conferência Episcopal, os académicos católicos do Benin divulgaram o apelo às comunicações deste encontro científico que terá início no dia 22 de agosto de 2025 em Bohicon, no sul do Benim. O evento é também organizado em honra do bispo beninense, Dom Adoukonou, secretário emérito do Pontifício Conselho para a Cultura e, desde a década de 1970, um dos pioneiros da obra de inculturação do Evangelho neste país.

O futuro da Igreja em África depende da inculturação

O conceito de inculturação é de particular preocupação para alguns católicos leigos no Benim. E por uma boa razão: “o futuro da Igreja em África dependerá da profundidade da inculturação e do empenho dos leigos”, segundo o professor Florentin Nangbé, académico católico e presidente da comissão organizadora da conferência sobre a inculturação.

Estes encontros científicos terão como tema: “Le Sillon Noir, Mèwihwendo (1970-2025), 55 anos de experiência de inculturação da fé cristã em África: questões, desafios e perspetivas”. A conferência pretende “examinar vários aspetos-chave do Sillon Noir e destacar a originalidade da abordagem de Dom Adoukonou, ao mesmo tempo que abre o debate sobre as questões teológicas, pastorais e culturais que levanta à Igreja Católica em África”.

A Cruz de Cristo deve encontrar o sistema de pensamento do homem negro

O “Sillon Noir” é, na verdade, o nome dado ao movimento de inculturação iniciado em 1970 pelo então Padre Barthélemy Adoukonou. “O principal objetivo do Padre Adoukonou”, explica o Padre Bertrand Adjadohoun num livro dedicado a este teólogo, “é encorajar os jovens teólogos africanos (…) a estarem atentos às realidades africanas e às específicas do seu país, para serem autores, atores e animadores de uma teologia africana”. Assim, este teólogo beninense que defendeu a sua tese de doutoramento em teologia na Universidade de Regensburg em 25 de março de 1977 sob a direção do professor Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI, define a inculturação como “uma obra de transformação que evangeliza o sujeito eclesial desde dentro e que o leva ao encontro com a Cruz de Cristo, que reorganiza toda a mente, toda a cultura no seu ponto de partida que é a pessoa pensante e que age”.

O envio em missão dos participantes na Escola Teológica e Pastoral de Cotonou, em Benin (foto de arquivo)

O envio em missão dos participantes na Escola Teológica e Pastoral de Cotonou, em Benin (foto de arquivo)

Necessidade de um Cristianismo Africano

Segundo Dom Adoukonou, é imperativo que a Igreja dê uma resposta clara ao apelo lançado aos africanos pelo Papa Paulo VI em Kampala, no Uganda, a 31 de julho de 1969: “Vós podeis e deveis ter um cristianismo africano”. O encontro será, segundo os organizadores, uma oportunidade “para ver a evolução do movimento de inculturação da fé cristã em África de 1970 a 2025, para ver como nos organizamos dentro dele, os métodos de inculturação desenvolvidos pelo movimento, o impacto do trabalho de inculturação na liturgia e nas práticas religiosas”.

Da mesma forma, tratar-se-á de “examinar os métodos de inculturação adoptados para ver se há necessidade de os actualizar e, sobretudo, avaliar o seu impacto na liturgia e nas práticas religiosas locais”. Estes académicos católicos do Benin querem “destacar os desafios da inculturação num contexto de globalização e a contribuição deste movimento para o diálogo inter-religioso em África, tendo como pano de fundo a visão da inculturação do Evangelho no contexto africano do Bispo Dom Adoukonou”.



Fonte (Vatican News)

Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.

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