13 de ago de 2024 às 09:43
Mais dois padres e duas leigas foram presos em Estelí e Matagalpa, dioceses da Nicarágua oficialmente lideradas por dom Rolando Álvarez, que vive exilado em Roma desde janeiro.
Segundo o meio de comunicação nicaraguense Mosaico, a polícia prendeu o padre Denis Martínez García no domingo (13) quando ele estava a caminho de celebrar a missa em Matagalpa. Seu paradeiro é desconhecido.
Martínez foi formador no Seminário Interdiocesano Nossa Senhora de Fátima em Manágua e nos fins de semana ia a Matagalpa celebrar missa devido à redução acentuada do número de sacerdotes na diocese como resultado da perseguição contínua do regime.
Mosaico também informou que no sábado (10), o padre Leonel Balmaceda, pároco da paróquia Jesus da Caridade, na cidade de La Trinidad, na diocese de Estelí, foi preso.
Duas mulheres presas pelo regime nicaraguense
Também no sábado (10), a polícia foi às casas de duas leigas e as prendeu aparentemente sem motivo, segundo Mosaico. Suas famílias não têm informações sobre seu paradeiro.
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Uma das mulheres era Carmen María Sáenz Martínez, que tem mestrado em direito canônico e trabalhou na diocese de Matagalpa em casos de anulação de casamento.
A outra foi Lesbia Gutiérrez, ex-coordenadora do Programa de Apoio Financeiro Urbano e Rural, através do qual a Cáritas de Matagalpa, que foi fechada pelo governo, fazia empréstimos a pequenos produtores.
As prisões ocorreram apenas três dias depois do regime do presidente Daniel Ortega e sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, exilar sete padres em Roma, seis dos quais pertencem à diocese de Matagalpa. Ortega é um ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma mais de 30 anos no poder desde 1979.
Martha Patricia Molina, autora do relatório “Nicarágua: uma Igreja Perseguida?“, disse na rede social X em referência à prisão de Martínez que “a ditadura sandinista pretende exterminar a presença da Igreja Católica na Diocese de #Matagalpa”.
Matagalpa é a diocese de dom Álvarez, bispo defensor dos direitos humanos e crítico do regime que, em agosto de 2022, foi colocado em prisão domiciliar. Em fevereiro de 2023, ele foi condenado a 26 anos de prisão por traição. Álvarez foi deportado em janeiro para Roma, onde vive no exílio.
Estelí não tem um bispo desde meados de 2021. Álvarez foi então nomeado administrador apostólico e, em sua ausência, o padre Frutos Valle foi nomeado administrador ad omnia encarregado de cuidar dos bens diocesanos. Valle também foi preso.