14 de ago de 2024 às 13:10
O padre Kenny Fernández Delgado, de Cuba, disse ter sido convocado por um funcionário do governo depois de convocar um dia de oração pública por Cuba e Venezuela. A convocação foi exatamente para a hora marcada para a oração.
O convite para rezar, divulgado nas redes sociais em 1º de agosto, exortou os fiéis a se reunirem no sábado, 3 de agosto, às 10h (horário local) em um parque “sem cartazes”, “sem slogans“, “sem líder além de Jesus Cristo” e “acima de tudo, sem medo”. Ele encorajou os que tinham medo a participar em silêncio.
No dia seguinte à publicação nas redes sociais, o padre Fernández Delgado revelou em sua conta na rede social X que foi contatado por um funcionário para um encontro que coincidiu com o horário da oração. Ele disse ter recebido também um telefonema de um oficial militar dizendo que, se ele não fosse, haveria consequências. “Aconteça o que acontecer comigo, estaremos todos unidos, rezando”, disse o padre.
Uma semana depois, no último sábado (10), o padre Fernández Delgado divulgou em suas redes sociais que o motivo da convocação foi baseado em sua atividade como proprietário de um pequeno apartamento, o que, segundo as autoridades, lhes dá o poder de convocá-lo a qualquer momento.
O padre Fernández Delgado também disse que as autoridades aproveitaram a oportunidade para lhe pedir explicações sobre suas publicações nas redes sociais, argumentando que “convocar à oração nos parques é uma atividade pré-criminosa e instigação à prática de crimes”.
Segundo o testemunho do padre, as autoridades disseram-lhe que é “um crime convocar à oração em parques ou espaços públicos”, pois pode levar à prática de “crimes contra a revolução, caso em que o convocador será responsabilizado”.
“Ou seja, aqueles de nós que convocam para fazer algo de bom são responsáveis pelo que os criminosos fazem”, criticou o padre Fernández Delgado.
Ele também disse que, segundo as autoridades, “o convocador de orações em locais públicos deve pedir permissão às autoridades correspondentes de acordo com a nova Lei de Comunicação e Demonstração “.
Por fim, o padre Fernández Delgado disse que os agentes informaram que “só são permitidas convocações para dentro das Igrejas, locais de culto”.
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O padre disse em publicação no Facebook no último sábado (10) que informou às autoridades que sua intenção “era apenas rezar por uma solução de conflito onde a paz e a justiça reinassem na Venezuela e em Cuba. “Acho que isso deveria ser do interesse de todas as partes”, disse ele.
O padre disse que continuará “defendendo minha liberdade de expressão e a de todos os cubanos”.
“Não me importo de perder um apartamento, ou minha vida, ou a de meus entes queridos, desde que eu ganhe a Cristo e saiba que Ele, a quem vocês não conhecem, tem poder mais do que suficiente para ressuscitar a mim e a meus entes queridos”, acrescentou.
O padre Fernández Delgado também disse que a convocação foi feita ao mesmo tempo que o apelo à oração “para evitar a minha participação”, mas disse que o dia de oração não parou, “porque o apelo não dependia de mim de forma alguma. Eu estava rezando lá.”
É útil rezar para melhorar o governo de um país?
O padre Fernández Delgado disse em publicação no Facebook que “quando se reza, é sempre para que a vontade de Deus seja feita e não a vontade de quem reza”.
Nesse sentido, disse que “se Deus permite que os ditadores continuem a governar, Ele conhece muito bem as razões para permitir isso, mesmo que, às vezes, não possamos entender”. Mesmo assim, ele ressaltou que “o estilo de governo do Rei do Universo não é nada ditatorial, mas dá muita liberdade”.
Por isso, disse que um povo que ama a Deus “nunca pode ser um povo escravo da ditadura, porque esses cidadãos nunca permitiriam nada contra Deus” e “as ditaduras só podem sobreviver à custa do engano e da repressão do desejo da maioria, e de muitas outras coisas contrárias aos mandamentos do Rei do Universo”.