23 de ago de 2024 às 09:42
Os primeiros missionários católicos chegaram à Papua – Nova Guiné, país na Oceania, há apenas 70 anos. Em meio a um contexto onde a fé é tão recente, o padre Martín Prado, que atua pastoralmente no país, destacou as conversões que ocorrem “através de coisas muito simples que refletem que é Deus quem está por trás delas”.
O papa Francisco vai visitar a Papua Nova Guiné no âmbito de uma viagem apostólica entre 2 e 13 de setembro na Oceania que o levará também à Indonésia, Timor Leste e Singapura.
O missionário do Instituto do Verbo Encarnado (IVE), que está no país há dez anos, disse à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) que a fé dos locais é como “a fé de uma criança” com a qual ele consegue aprender muito. “Aqui os cristãos têm uma fé muito viva e simples”, disse ele.
No entanto, o padre Prado disse que “ainda persiste uma forte influência da espiritualidade indígena”, o que dificulta “uma compreensão completa da fé cristã”. Muitos ainda têm fortes raízes nas suas tradições ancestrais, “que não são compatíveis com o Evangelho”.
“As crenças em espíritos e as superstições ainda persistem e muitas vezes se misturam com a fé católica. O trabalho do missionário é ajudar os cristãos a ver o que não se encaixa e assim mudar isso”, disse ele.
O seu trabalho, continua ele, dá frutos, e muitos moradores conseguem discernir por si próprios entre o que é falso e o que é verdadeiro “mesmo sem saber ler ou sem ter recebido um catecismo especial”.
“No entanto, se não se cuida a vida de oração e de dedicação aos outros, é muito fácil que a fé se misture com superstições e outros elementos superficiais”, acrescentou.
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A importância da visita papal
Segundo o padre Prado, a viagem do papa foi “uma grande surpresa e alegria para todos”. O padre disse também que devido ao acesso limitado à internet e às redes sociais na ilha, poucos tinham conhecimento da notícia.
“Estamos todos muito entusiasmados, trabalhando para poder receber o Santo Padre da melhor forma possível, apesar da precariedade e simplicidade com que vivemos”, disse.
Quanto aos frutos pastorais da visita, o missionário espera que a fé e a vida espiritual dos fiéis sejam fortalecidas, destacando que as pessoas se preparam com grande entusiasmo para a chegada do papa Francisco, rezando o rosário todas as noites, organizando palestras e workshops de confissão nos quais milhares de pessoas participaram. “Foi muito emocionante”, disse o padre Prado.
“As pessoas esperam com entusiasmo e fervor a chegada do Santo Padre, buscando aquele encontro com Deus que desejam”, disse ele.
O desafio da juventude
“Os jovens não têm modelos para seguir nem se inspirar e poucos têm o apoio e o acompanhamento dos pais para se comprometerem pela vida. Formar boas famílias é um desafio, mas estamos vendo como, aos poucos, as coisas vão mudando”, destacou o padre.
O padre Prado encorajou os católicos de todo o mundo a rezar pelo país, pela população local e pela viagem do papa. Da mesma forma, pediu para rezar muito pelos missionários e pelas vocações papuásias ao sacerdócio, “que é o que pode realmente alcançar a mudança”.
“Em 2019, iniciamos um grupo para rezar pelas vocações e desde então o número de sacerdotes dobrou. Começamos a ver surgir vocações locais, que nunca tivemos antes: agora são três seminaristas e dois noviços”, concluiu.