27 de ago de 2024 às 16:10
“A relíquia é a presença do próprio santo no meio de nós”, diz o padre Rodrigo de Castro, reitor do Santuário Basílica Sagrada Família em Goiânia (GO). “Uma relíquia traz para o fiel uma proteção, uma bênção, a intercessão de uma graça”.
No Santuário Basílica Sagrada Família há quase 700 relíquias de santos. “Nós temos o nosso tesouro”, diz o padre Castro. “As relíquias estão expostas para que os fiéis possam peregrinar, e peregrinando ao nosso relicário possam fazer uma experiência com a vida dos santos”.
“A relíquia é algo sagrado, mas o que é bonito das relíquias é a vida dos santos. É aquilo a que a relíquia nos remete”, disse o padre.
O que são as relíquias?
As relíquias são sacramentais. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, os sacramentais “não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos, mas, pela oração da Igreja preparam para receber a graça e dispõem à cooperação com ela”.
As relíquias não devem ser usadas como amuletos, objetos de sorte e proteção, mas como um sinal da presença e intercessão do santo na vida do fiel.
As relíquias são classificadas em três graus:
1. A relíquia de primeiro grau pode ser o corpo ou parte do corpo do santo, como membros, fragmentos dos ossos, fios de cabelo.
“As relíquias na Igreja sempre receberam particular veneração e atenção porque o corpo dos beatos e dos santos, destinado à ressurreição, foi sobre a terra o templo vivo do Espírito Santo e o instrumento da sua santidade, reconhecida pela Sé Apostólica através da beatificação e da canonização”, diz a instrução As relíquias na Igreja: Autenticidade e Conservação, publicada pelo Dicastério da Causa dos Santos.
As relíquias de primeiro grau insignes são o corpo dos beatos e dos santos ou as partes notáveis dos corpos, ou todo o volume das cinzas decorrentes da cremação. Segundo a instrução, devem ser conservadas “em urnas especiais seladas” em lugares onde se possa “garantir a segurança, respeitar a sacralidade e favorecer o culto”.
As não-insignes são pequenos fragmentos do corpo que devem ser mantidos em “tecas seladas”.
2. As relíquias de segundo grau são objetos que pertenceram a um santo ou beato. Um escrito, roupas, objetos sagrados, ou seja, o que o santo usou na vida.
3. As relíquias de terceiro grau são objetos que tocaram no corpo do santo ou em algo que pertenceu ao santo. Não têm uma conexão direta com o corpo do santo, mas servem como lembrança da devoção e da vida de santidade.
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As relíquias devem ser uma experiência espiritual
“A relíquia sempre está ligada a uma graça”, disse o padre, “é sagrada, mas o efeito maior é o que desperta no fiel”: a experiência espiritual de se aproximar do santo para pedir a sua intercessão e tê-lo como modelo de santidade para chegar a Jesus.
“Relíquia não é algo para se colecionar, deve estar na igreja à disposição de todos, para uma experiência espiritual e não uma experiência de colecionismo”, disse o padre Castro.
“Desde a antiguidade, principalmente no tempo dos reis, usava-se muito essa questão de leigos terem relíquias para que pudessem ter uma especial proteção”, disse o padre. Segundo ele, “isso não é certo. Não é certo um leigo, um fiel ter uma relíquia de primeiro grau. Pode-se ter uma relíquia de terceiro grau, uma relíquia de devoção ao santo. Mas não uma relíquia de primeiro grau”.
Ainda hoje muitos fiéis têm ou buscam ter relíquias de algum santo devoção. Para se obter relíquias para uso pessoal, é possível escrever uma carta à congregação religiosa à qual o santo pertenceu ou à Santa Sé. Depois de uma análise, a relíquia, geralmente de segundo ou terceiro grau, é enviada de gratuitamente ao fiel.
As relíquias de uso pessoal devem ser guardadas de forma digna, de preferência postas em um oratório ou local de oração da casa para que sejam um sinal visível da presença do santo e de sua intercessão.
A venda de relíquias é proibida
Um fiel que busca ter uma relíquia de um santo de devoção, deve estar atento para consegui-la de forma legal e gratuita. Há sites na internet que vendem relíquias, mas a venda de relíquias é proibida pela Igreja.
Segundo o cânon 1.190 do Código de Direito Canônico “não é permitido vender relíquias sagradas. As relíquias insignes ou outras que sejam honradas com grande veneração pelo povo, de modo nenhum se podem alienar validamente nem transferir perpetuamente sem licença da Sé Apostólica”.
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A peregrinação de relíquias
Muitas relíquias de santos peregrinam por diversas diocese do mundo. “Quando as relíquias de um santo peregrinam, o grande significado é o bem espiritual no sentido de que está fazendo uma propagação da devoção ao santo”, disse o padre Rodrigo de Castro.
Ele citou o exemplo das relíquias de santa Teresinha do Menino Jesus que peregrinam no Brasil desde fevereiro para celebrar os 150 anos do nascimento da santa. A peregrinação das relíquias “sempre está ligada a algum evento, alguma propagação, um bem temporal, espiritual, um momento em que aquela família religiosa traz as relíquias de seu santo para um levante espiritual”, concluiu.