O eletricista Rafael Ferreira, 37 anos, e a professora Ana Cristina de Souza, 43, nasceram e cresceram em Campos dos Goytacazes (RJ). Foram batizados, fizeram a primeira comunhão, receberam o crisma e se casaram em latim. Nas missas, sempre viram o padre fazer a consagração voltado para o altar, olhando na mesma direção que o povo em nome do qual celebra o sacrifício a Deus. Os paramentos do sacerdote não foram simplificados. Nunca viram missa concelebrada em sua paróquia. Não se tocam instrumentos de música popular na igreja, não há oração dos fiéis. Há silêncio e, em vários momentos da celebração, nem mesmo o que o padre em oração diz deve ser ouvido. Rafael e Ana Cristina pertencem à Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, um caso único no mundo de uma prelazia que tem o direito de manter o rito romano antigo, ou missa tradicional.

Altar da igreja principal da Administração Apostólica São João Maria Vianney. Davi Corrêa / ACI Digital

Até o Concílio Vaticano (1962-1965), que começou a experimentar mudanças como concelebração e uso das línguas vernáculas, esse era o rito latino da Igreja no mundo inteiro. Em 1970, seguindo decisões do concílio, o papa são Paulo VI promulgou o Novus Ordo, a nova forma de celebrar a missa e os sacramentos da Igreja que se tornou a norma para toda a Igreja.