Homilia Diária | Iremos acolher a Deus ou nos amedrontar? (Sábado da 2.ª Semana da Páscoa)

Homilia Diária | Iremos acolher a Deus ou nos amedrontar? (Sábado da 2.ª Semana da Páscoa)



A aparição de Cristo sobre as águas agitadas do Mar da Galiléia, como todos os outros milagres narrados no Evangelho, é um verdadeiro acontecimento histórico por meio do qual o Senhor, que tem sob o seu poder o tempo e a história, quer transmitir-nos algum ensinamento. Nesse sentido, ao aparecer em alto mar aos discípulos cheios de pavor, Jesus chama nossa atenção para as disposições interiores com que devemos aceitá-lo como Deus que se revela e dá aos homens uma Palavra nem sempre fácil de ouvir. Assista à homilia do Padre Paulo Ricardo para este sábado, dia 22 de abril, e venha se aprofundar conosco nas riquezas do Evangelho.

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39 comentários em “Homilia Diária | Iremos acolher a Deus ou nos amedrontar? (Sábado da 2.ª Semana da Páscoa)”

  1. Iremos acolher a Deus ou nos amedrontar?
    “Soprava um vento forte e o mar estava agitado. Os discípulos tinham remado mais ou
    menos cinco quilômetros, quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e
    aproximando-se da barca. E ficaram com medo.”
    Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
    (Jo 6,16-21)
    Depois de realizar a multiplicação dos pães, Jesus atravessa o lago com os discípulos, mas
    de maneira inusitada: Ele aparece caminhando sobre as águas. O medo dos Apóstolos é
    terrível; no entanto, Jesus os acalma, dizendo: “Sou eu”. Imediatamente, quase que por
    “mágica”, eles já estão do outro lado. O que esse acontecimento nos ensina? Primeiro, é
    importante colocar as coisas no devido lugar.
    Quando lemos na Bíblia um acontecimento e ficamos procurando uma mensagem atrás do
    acontecimento, não quer dizer que nada tenha acontecido. Algumas pessoas acham que, se
    lemos que Jesus caminhou sobre águas e vemos nisso um significado simbólico, é porque
    não aconteceu de verdade, mas é simples parábola, uma espécie de historinha ou de fábula
    com uma “moral da história”. Não, não é fábula; é um acontecimento histórico. No entanto,
    Deus não faz tais coisas sem transmitir uma palavra. Deus nos fala através de
    acontecimentos históricos. Assim como eu e você podemos falar através de um gesto, de
    Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. Entraram na barca e foram em
    direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não
    tinha vindo ao encontro deles.
    Soprava um vento forte e o mar estava agitado. Os discípulos tinham remado mais
    ou menos cinco quilômetros, quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e
    aproximando-se da barca. E ficaram com medo.
    Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. Quiseram, então, recolher Jesus na
    barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo.uma ação simbólica, Deus, Senhor da história, fala muito mais não só através de gestos, mas
    de acontecimentos. Porque é o Senhor da história, Jesus sabe o que irá acontecer.
    Ele acabou de multiplicar os pães e, com esse milagre, deixou um sinal, que, porém, foi mal
    interpretado. Por causa dessa multiplicação, as pessoas começam a procurar Jesus não por
    causa dele, mas por causa do pão que comeram de graça, e por isso querem fazê-lo rei.
    Quando Jesus, na outra margem do lago, começa a falar do pão eucarístico e a interpretar o
    verdadeiro significado da multiplicação dos pães — que não era “encher barrigas”, mas salvar
    almas e lhes dar a vida eterna —, as pessoas passam a abandonar Jesus e rejeitar o seu
    ensinamento. Acontece uma deserção em massa.
    Portanto, a aparição de Jesus no lago, nessa situação agitada — no meio da noite, como um
    fantasma amedrontador —, está nos dizendo o que será vivido pelos discípulos. Os
    discípulos podem encontrar em Jesus o Deus da vida, que lhes dá a paz e palavras de vida
    eterna, ou um Messias incômodo que, por isso, resolvem abandonar. O medo dos Apóstolos
    fala, no fundo, do medo que todos nós temos do Deus que se revela.
    Quando Deus se revela, o que experimentamos é o que Adão experimentou na tarde do
    pecado. No capítulo terceiro do livro do Gênesis, Deus veio como amigo, passeando na brisa
    da tarde; mas Adão, amedrontado, se esconde porque ouviu os passos dele. Sim, Jesus vem
    como amigo, caminhando sobre as águas; mas Ele vem como amigo e diz: “Sou eu”.
    Se nós o acolhermos com fé, teremos ao Deus que nos dá palavras de vida eterna; mas se o
    tratarmos com desprezo e desconfiança, como um Deus incômodo ou um Messias
    “inadequado”, o resultado final será o descrédito e o abandono, assim como o da multidão
    que abandona Jesus. No final do capítulo, Judas também perde a fé.
    Então precisamos questionarmos: queremos acolher ao Cristo que diz: “Sou eu”, ou iremos
    nos amedrontar diante da visita de Deus?

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