5 de set de 2024 às 09:22
O papa Francisco visitou hoje (5) a maior mesquita do sudeste da Ásia para uma reunião inter-religiosa na Indonésia na qual assinou uma declaração conjunta condenando a violência religiosa com o grande imã muçulmano Nasaruddin Umar.
A Declaração conjunta de Istiqlal 2024 é intitulada "Promovendo a Harmonia Religiosa para o Bem da Humanidade".
"Os valores compartilhados por nossas tradições religiosas devem ser efetivamente promovidos para derrotar a cultura da violência", diz a declaração.
Segundo o grande imã da mesquita, Istiqlal só perde em tamanho para as mesquitas de Meca e Medina, na Arábia Saudita, e sua influência se estende aos cerca de 242 milhões de muçulmanos da Indonésia.
A reunião inter-religiosa buscou promover a tolerância religiosa e a moderação na Indonésia, que enfrenta desafios com o surgimento de grupos islâmicos radicais e casos de violência contra os cristãos.
Ao falar a representantes das seis religiões oficialmente reconhecidas da Indonésia – islamismo, budismo, hinduísmo, confucionismo, catolicismo e protestantismo – o papa Francisco articulou sua visão para o diálogo inter-religioso.
"O que realmente nos aproxima é o criar uma ligação entre as nossas diferenças, ter o cuidado de cultivar vínculos de amizade, de atenção, de reciprocidade".
O papa Francisco acrescentou que, quando os líderes religiosos cultivam laços, isso lhes permite "avançar unidos em busca de um objetivo, na defesa da dignidade humana, na luta contra a pobreza, na promoção da paz".
O papa Francisco chegou à mesquita pelo portão da Alfatta, onde o grande imã Nasaruddin Umar o cumprimentou calorosamente. Os dois líderes então seguiram para o recém-construído "Túnel da Amizade", passagem subterrânea que conecta a mesquita à catedral de Nossa Senhora da Assunção de Jacarta, construída pelo governo indonésio para promover o diálogo e a unidade.
Antes de entrar no "Túnel da Amizade", o papa Francisco expressou sua esperança de que ele se tornasse "um lugar de diálogo e encontro".
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O papa Francisco disse ao grande imã: "Desejo que as nossas comunidades possam estar cada vez mais abertas ao diálogo inter-religioso e ser um símbolo da coexistência pacífica que caracteriza a Indonésia".
O evento inter-religioso ocorreu numa tenda vermelha e branca no terreno da mesquita. Ele ocorreu com uma tradicional dança muçulmana de boas-vindas conhecida como Marawis, seguida por um breve canto de uma passagem do Alcorão por uma mulher indonésia e uma leitura do Evangelho de são Lucas.
Representantes das outras quatro religiões reconhecidas oficialmente pelo governo indonésio se solidarizaram quando a declaração foi lida em voz alta para os participantes na tenda.
A declaração conjunta na mesquita indonésia lembra a declaração de Abu Dhabi sobre a "Fraternidade Humana" que o papa Francisco assinou com Ahmed el-Tayeb, grande imã de al-Azhar nos Emirados Árabes Unidos, quando se tornou o primeiro papa a visitar a Península Arábica em 2019.
O grande imã indonésio falou hoje (5) sobre a importância da reunião, ao citar a influência da mesquita Istiqlal em toda a Indonésia, o país muçulmano mais populoso do mundo.
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Como a única mesquita estatal da Indonésia, a mesquita Istiqlal "deve dar orientação para mais de um milhão de mesquitas e salas de oração espalhadas pelas ilhas da República da Indonésia", disse o imã.
"Esta mesquita também busca promover a tolerância religiosa e a moderação na Indonésia", disse o líder muçulmano.
Num gesto comovente de solidariedade e amizade no encerramento do evento, o imã beijou o papa Francisco na cabeça, enquanto o papa beijou a mão do grande imã e depois a tocou em sua bochecha.
O papa Francisco vai concluir o terceiro dia de sua viagem apostólica ao Sudeste Asiático e Oceania ao celebrar hoje (3) a Santa Missa no Estádio Gelora Bung Karno, em Jacarta. Ele deve partir amanhã (4) da Indonésia para Papua Nova Guiné.
Courtney Mares é correspondente em Roma, Itália, pela Catholic News Agency (CNA), agência em inglês da EWTN. Formada pela Universidade de Harvard, nos EUA, ela fez reportagens em agências de notícias em três continentes e recebeu a bolsa Gardner Fellowship por seu trabalho com refugiados norte-coreanos.