10 de out de 2024 às 10:32
Em recente encontro com jesuítas na sua viagem à Bélgica, o papa Francisco “confessou” que cometeu um “roubo” numa ocasião.
Em sua visita no final de setembro, o papa reuniu-se por uma hora com 150 sacerdotes da sua ordem no Collège Saint-Michel, instituição educativa católica administrada pela companhia de Jesus em Bruxelas, capital da Bélgica.
No início do encontro, o papa Francisco disse que já esteve naquele local outras duas ocasiões.
“Devo dizer a verdade: uma vez aqui cometi um roubo”, disse o papa sob o olhar atento dos jesuítas, segundo a revista jesuíta La Civiltà Cattolica.
Sem mencionar a data nem o ano, Francisco disse que ao se dirigir para celebrar a missa viu um pacote de papéis que lhe chamou a atenção: “Eram anotações de aula sobre o livro de Jó”, disse o papa.
Segundo Francisco, naquele ano, na Argentina, ele teve que dar algumas aulas justamente sobre Jó.
“Folheei as páginas e fiquei impressionado. No final, levei essas anotações comigo”, confessou o papa.
“O jesuíta não deve ter medo de nada”
Além da piada, o papa Francisco disse que “o jesuíta não deve ter medo de nada” e que a sua missão é “mergulhar nos problemas do mundo e lutar com Deus na oração”.
Francisco disse que “a inculturação da fé e a evangelização da cultura sempre andam juntas” e que “a oração jesuíta é desenvolvida em situações limítrofes e difíceis”.
“Essa é a coisa mais bonita de nossa espiritualidade: correr riscos”, disse o papa.
Francisco também lamentou um “forte clericalismo na Igreja, o que impede esse diálogo frutífero”.
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“Onde há clericalismo não há serviço. E, pelo amor de Deus, nunca confundam evangelização com proselitismo!”
“A Igreja é uma mulher”
O papa Francisco falou sobre algo que ele repete frequentemente: “que a Igreja é mulher”.
“Vejo as mulheres no caminho dos carismas, e não quero limitar o discurso do papel da mulher na Igreja ao tema do ministério”, disse o papa.
Francisco definiu o machismo e o feminismo como “lógica de mercado” e disse que está “tentando cada vez mais fazer entrar as mulheres no Vaticano com funções de responsabilidade cada vez maiores” e disse que continuará nesse caminho, já que “as coisas estão funcionando melhor do que antes”.
“Há três mulheres e, como elas estão lá para selecionar os candidatos, as coisas estão muito melhores: elas são incisivas em seus julgamentos”, disse o papa.
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“A sinodalidade na Igreja é uma graça”
Um dos padres presentes no encontro perguntou a Francisco sobre o processo do Sínodo da Sinodalidade, cuja segunda fase acontece este mês no Vaticano.
O papa disse que a sinodalidade “é muito importante” e que “ela precisa ser construída não de cima para baixo, mas de baixo para cima”.
“A sinodalidade não é fácil, não, e às vezes é porque há figuras de autoridade que não permitem o diálogo. Um pároco pode tomar decisões sozinho, mas pode tomá-las com seu conselho. Um bispo também pode, assim como o Papa”.
Francisco também disse que a sinodalidade na Igreja “é uma graça” e que “a autoridade é exercida na sinodalidade”.
“A autoridade é exercida na sinodalidade. A reconciliação passa pela sinodalidade e por seu método. E, por outro lado, não podemos realmente ser uma Igreja sinodal sem reconciliação”, disse o papa.
“O migrante deve ser recebido, acompanhado, promovido e integrado”
Francisco disse também que “o problema da migração deve ser abordado e bem estudado” e, como em ocasiões anteriores, que “o migrante deve ser recebido, acompanhado, promovido e integrado”.
“Nenhuma dessas quatro ações deve faltar, caso contrário, trata-se de um problema sério”, disse o papa.