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31 de jan de 2025 às 10:05
Quem peregrina hoje a algum lugar sagrado, como as grandes basílicas papais em Roma ou os lugares venerados na Terra Santa, para obter a graça jubilar neste Ano Santo, têm muitas facilidades. Eles têm um sistema de posicionamento global (GPS, na sigla em inglês), um guia completo em seus smartphones , as estradas estão livres de bandidos e ladrões e há voluntários em todas as ruas para responder gentilmente a todas as suas perguntas.
Mas, no passado, as viagens a Jerusalém ou Roma eram muito perigosas.
“Na Idade Média, os peregrinos sofriam saques, roubos ou todo tipo de violência”, diz Daniele Borderi, secretário da Templari Oggi APS, associação privada de fiéis leigos fundada em março de 2021. “Muitos morreram tentando. Por exemplo, se chegassem à cidade à noite, encontravam as muralhas fechadas e se expunham a todos os tipos de ameaças”.
A organização, presente em 15 países, também na América do Sul e nos EUA, assinou um acordo com o Dicastério para a Evangelização da Santa Sé para prestar um serviço voluntário em três das basílicas de Roma onde a indulgência plenária pode ser obtida: São Pedro, São Paulo e São João de Latrão.
“Por todo o Jubileu, todos os fins de semana, entre 30 e 40 membros de nossa organização viajam a Roma para servir a Igreja Católica. Cada um arca com os custos da viagem e, por sua vez, o Dicastério para a Evangelização lhes dá um espaço onde podem dormir, além de garantir almoço e jantar”, diz Borderi.
Esses voluntários – vestidos com uma túnica branca e a inconfundível cruz de Malta – são como os herdeiros de Hugo de Payens, o primeiro mestre da antiga Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo, comumente conhecidos como templários, cujas origens remontam ao século XII.
Naquela época “eles eram frades, cavaleiros e soldados e por 200 anos foram a espada do papa”, diz Borderi.
Na verdade, eles dependiam diretamente do papa, tinham certos privilégios, como não pagar o dízimo, e também foram os primeiros banqueiros.
“Eles inventaram o que conhecemos hoje como cheque bancário. Nos documentos que usaram com essa função para emprestar dinheiro, eles astutamente colocaram um erro deliberado para evitar fraudes”, diz Borderi.
No entanto, o rei Filipe IV da França, também apelidado de “o Belo”, promoveu a aniquilação da ordem em 1307.
“Ele também confiscou as propriedades deles”, diz Borderi. “Foi um castigo imposto porque ele havia contraído dívidas com os templários que não podia pagar”.
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Hoje, os Pobres Cavaleiros de Cristo, chamados templários, são leigos, homens e mulheres de muitos países, que assumem o carisma original de acompanhar e defender os peregrinos que chegam aos lugares santos.
De verdureiro a templário
Um deles é Achille Ticini, de 68 anos. Ele vem da região italiana de Emilia Romagna e, antes de se aposentar, tinha uma barraca de frutas num mercado local.
Ele é voluntário no início da Via della Conciliazione, uma das áreas mais movimentadas, porque leva à porta santa da basílica de São Pedro. Quando a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, falou com ele, a tempestade já havia passado, mas choveu a manhã toda.
“Vamos torcer para que não chova mais”, disse Ticini, olhando para o céu ainda nublado.
Ele participou de um grupo de peregrinos das Filipinas que lhe perguntaram em inglês onde poderiam comer algo sem ter que pagar muito.
“Além do italiano, falo bem em inglês e espanhol. No final, eles nos perguntam coisas muito simples e quase sempre as mesmas coisas”, diz Ticini.
Ele também dá informações aos peregrinos sobre o lugar onde podem obter a cruz jubilar com a qual fazer uma peregrinação à porta Santa. Ele fica na via della Conciliazione, 7 e é o ponto de referência oficial para peregrinos e turistas.
“Temos mais facilidade do que nossos antecessores”, conclui Ticini. “Na Idade Média, eles tinham que defender os peregrinos com a espada não só dos bandidos, mas também dos animais que vagavam por aí. Agora a polícia e o exército italianos estão lidando com a questão da segurança”.