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6 de fev de 2025 às 16:03
A fase diocesana do processo de beatificação do servo de Deus Pierangelo Capuzzimati foi concluída em 20 de janeiro. O jovem italiano viveu cada dia com uma fé inabalável apesar de sofrer de leucemia. Capuzzimati morreu em 30 de abril de 2008, aos 17 anos, deixando um testemunho de dedicação e força.
É assim que se lembra dele o padre Cristian Catacchio, postulador da causa, pároco da igreja Madonna della Fiducia em Taranto, cidade no sul da Itália onde Pierangelo nasceu em 28 de junho de 1990. Em 26 de abril de 2018, a Santa Sé concedeu o nihil obstat (nada impede) para o início de sua causa de beatificação e canonização.
“A história de Pierangelo é especialmente significativa para as gerações mais jovens, que frequentemente buscam modelos positivos. Sua vida nos lembra que, mesmo diante das maiores dificuldades, a fé e a esperança podem nos dar força para seguir em frente”, disse o padre à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.
“Uma paz interior inimaginável”
Ele foi criado num ambiente tranquilo na cidade de Faggiano, onde viveu com seus pais, Angelo e Giuseppina, e sua irmã mais nova, Sara. No verão de 2004, Pierangelo foi diagnosticado com leucemia.
“A doença pegou todos de surpresa e ficamos profundamente perplexos”, disse o padre Cristian à ACI Prensa. “Só Deus conhece seu caminho mais íntimo. Mas nós, com crescente espanto, observamos sua atitude sempre serena, sem queixas, sem desistir ou se referir à sua doença”.
“Seu controle e força interior eram sublimes, sua serenidade era desconcertante e dava a quem o cercava a sensação de que tudo estava normal. Sua fala e seu comportamento calmo e adulto, com uma paz interior inimaginável, eram surpreendentes”, disse o padre.
“Pierangelo amava a vida”
O padre italiano descreve o servo de Deus como um jovem “que amava a vida, absorvia sua essência”.
“Ele mesmo era cheio de vida. Ele aproveitava intensamente cada momento do seu dia, sabia ser feliz até com as pequenas coisas”, disse o padre Cristian.
Depois de passar por dois transplantes de medula óssea e várias internações, Pierangelo dedicou grande parte do seu tempo à oração, ao estudo e à leitura.
“À medida que seu conhecimento se expandia, ele percebeu a imensidão do mundo dentro e ao redor de nós e ficou intoxicado pela beleza na qual estamos imersos”, diz o padre Catacchio.
“Com espírito franciscano, ele admirava a criação e cada uma de suas criaturas, apreciando tudo o que normalmente passa despercebido ao nosso olhar distraído e acostumado”.
“Ele valorizava a inteligência e a criatividade humanas. Ele se maravilhava com obras de arte e pesquisava seus autores. No início, era inconscientemente feliz por fazer parte do maravilhoso mistério da vida, e então, com a maturidade, cada vez mais consciente e seguro disso”, diz o padre.
Ele viveu sua doença “com total confiança em Deus”
O pároco italiano cita as palavras do papa Francisco em seu encontro com fiéis em Baku, Azerbaijão: “A fé é o fio de ouro que nos liga ao Senhor, a pura alegria de estar com Ele, de estar unido a Ele; é o dom que vale a vida inteira, mas que só dá fruto, se fizermos a nossa parte”.
“Acho que Pierangelo se agarrou firmemente a esse fio de ouro. Diante da doença, ele certamente pedia fé por meio da oração, da recepção frequente dos sacramentos, do conhecimento da vida e dos pensamentos dos santos e testemunhas da fé”, diz o padre Catacchio.
O padre diz que “essa intensa busca interior lhe permitiu sentir dentro de si a forte presença de Deus, moldando-o, mudando sua maneira de pensar e dando-lhe novos pensamentos e sentimentos”.
Ele também diz que o servo de Deus “sentiu um profundo interesse pelas figuras dos papas, tanto João Paulo II quanto Bento XVI, que ele pôde conhecer”.
“A sua oração foi, sem dúvida, uma oração do coração. Ele confiou em seu amigo Jesus e deixou que o próprio Jesus, dentro dele, rezasse ao Pai com ele. Mas a oração também implica um compromisso com a vida e Pierangelo não se contentava com uma existência medíocre”.
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O padre diz que Pierangelo “viveu plenamente os seus anos, fez do seu próprio corpo uma mensagem, colocou-se ao serviço dos outros não fazendo da sua doença um peso, mostrando-se sereno, fazendo ressoar o seu riso espontâneo e luminoso e oferecendo apoio moral a alguns dos seus colegas de escola, aos quais não escondeu a sua confiança em Deus”.
“Não entendo, mas creio”
O padre Catacchio fala sobre uma frase que o jovem Pierangelo disse: “Desde o primeiro momento, vi essa experiência da doença como um dom do Senhor… Não entendo, mas creio”.
“Só a fé pode inspirar palavras tão apaixonadas em um adolescente”, diz o padre.
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O padre Cristian destaca que Pierangelo era “só um garoto que deveria estar vivendo seus primeiros passeios com os amigos, seus primeiros amores, sua despreocupação juvenil”.
“Em vez disso, ele passou longos períodos no hospital ou em casa. De 2004 a 2008, sua vida social foi mínima”, disse o padre.
“Depois do transplante, a recuperação foi longa, porque seu sistema imunológico estava muito debilitado. Para se manter saudável e prevenir infecções, além dos medicamentos, ele teve que seguir muitos cuidados. Pierangelo recebeu dois transplantes, e seria difícil para qualquer um permanecer calmo e positivo. Mas ele conseguiu”, diz o postulador da causa de beatificação.
O padre diz também que Pierangelo “mergulhou” na História da Igreja.
“Pierangelo tinha uma capacidade de análise incrível e uma cultura vasta, fruto de leituras cada vez mais exigentes: dos autores clássicos gregos e latinos a santo Agostinho, santo Tomás e são Francisco, passando pelos escritores contemporâneos. Esses livros se tornaram seu alimento diário, seus companheiros insubstituíveis em dias intermináveis de convalescença”.
“Ele viveu quase anonimamente, e ainda assim muitos vivenciaram sua fé. Depois de sua morte, cada pessoa falou sobre o fragmento de vida que viveu com ele, entre o hospital e a escola. Foi revelada uma imagem unificada com um fio condutor: uma grande fé”, diz o padre.
Próximos passos depois da fase diocesana
O postulador da causa sublinha que o encerramento da fase diocesana no processo de beatificação “é um passo fundamental no caminho que leva à declaração de santidade de uma pessoa”.
Isso significa que a Igreja, em nível local (diocese), “concluiu a investigação sobre a vida, as virtudes e os possíveis milagres atribuídos a essa pessoa”, diz o padre Catacchio.
Na prática, “isso significa que todos os depoimentos foram coletados: familiares, amigos, conhecidos e qualquer pessoa que tenha tido alguma relação com Pierangelo prestaram depoimento sobre sua vida, suas ações e sua reputação”, diz também o padre.
Ele diz também que “todos os documentos disponíveis, como cartas, diários, artigos de jornais etc., foram examinados para reconstruir a jornada de vida de Pierangelo”.
“Foi avaliada sua reputação de santidade, verificando se ele goza de um sólido reconhecimento de santidade entre o povo”, diz o padre Cristian.
O postulador destaca que toda a documentação coletada é enviada a Roma, especificamente ao Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé.
“Lá, o processo é novamente revisto por teólogos e historiadores. Investigações ou depoimentos adicionais poderão ser solicitados, se necessário. Se o dicastério reconhecer as virtudes heróicas da pessoa e a autenticidade de um milagre, o papa pode autorizar a beatificação”, diz o padre Catacchio.
O padre diz que o fim da fase diocesana “é um passo importante, mas não definitivo” no processo de beatificação.
“É um sinal de que a investigação local deu resultado positivo e que o caminho até os altares pode continuar”, diz o postulador.