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12 de mar de 2025 às 11:55
Eduardo Faria é responsável por uma catequese para protestantes convertidos ao catolicismo na arquidiocese de Juiz de Fora (MG). Faria é ele mesmo um ex-pastor protestante convertido ao catolicismo. O objetivo da catequese continuada para recém-convertidos é “falar sobre a doutrina católica, ser um espaço para protestantes e ex-protestantes que querem conhecer, mas também para católicos que querem se aprofundar na doutrina”, disse Faria à ACI Digital.
“Muitos temas teológicos da igreja católica são barreiras para os nossos irmãos protestantes”, disse ele. “Por exemplo, as imagens, os santos, Nossa Senhora, purgatório, o batismo de crianças, os sacramentos em geral”.
Muitos desses temas “os protestantes rejeitam por desconhecimento, não conhecem toda a elaboração teológica, inclusive a fundamentação bíblica de por que a igreja faz o que faz”.
Percebendo essa falta de conhecimento da doutrina, Eduardo fundou na arquidiocese de Juiz de Fora o grupo Ananias que ano passado ofereceu um retiro para protestantes e ex-protestantes com a participação de cerca de 30 pessoas de todo o Brasil.
A ideia da catequese continuada surgiu da necessidade de acompanhar essas pessoas e todos “aqueles que tenham interesse, para que tenham um espaço seguro onde possam ser acolhidos, fazer as suas perguntas e aprender a doutrina católica”.
“O ensino da doutrina católica é feito no contexto do acolhimento de forma caridosa”, disse ele, “mas eu não posso me render àquela tensão entre amor e verdade”, continuou. “Eu não posso omitir a verdade católica em nome do amor, mas também não posso, em nome da verdade, excluir quem não crê igual a mim”.
No apostolado, “o amor e verdade caminham juntos”, disse Faria. “Temos um pleno e total compromisso com a verdade doutrinária católica, mas a gente vai expor essa verdade de forma caridosa, sem ofender”.
Com o tema “Razão da Nossa Esperança”, a catequese continuada começa hoje (12), às 19h no auditório da Cúria Metropolitana da arquidiocese de Juiz de Fora (MG). Os próximos encontros serão sempre na primeira quarta-feira do mês.
Apologética é um ato de amor
Para ele, “a apologética, a defesa da fé, é um ato de amor, é um esforço de caridade para ensinar para aquelas pessoas que ainda não chegaram à plenitude da fé, por que a gente crê no que a gente crê”. É dessa forma que as catequeses continuadas serão conduzidas em Juiz de Fora.
“Uma coisa que também marca o nosso grupo é o não proselitismo, ou seja, a gente não vai ficar insistindo para a pessoa virar católica”, disse Faria. “A gente vai ensinar a doutrina”.
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Um caminho de conversão: de pastor presbiteriano a católico
Eduardo Faria era pastor presbiteriano e se converteu ao catolicismo em 2019. Ele contou que nos seus estudos protestantes aprendeu que a Igreja que o Senhor Jesus fundou era uma igreja fiel, uma igreja pura e que o protestantismo surgiu com o objetivo de voltar à Igreja primitiva.
Quando começou a estudar os primeiros teólogos do segundo século da Igreja, como são Justino Mártir, santo Inácio de Antioquia, santo Irineu de Lyon, ele descobriu que as práticas da igreja que rejeitava “já estavam no início do cristianismo”, disse ele.
“Eu percebi, por exemplo, que o primado do bispo de Roma é algo crido desde o princípio, desde o princípio há a devoção a Nossa Senhora, a regeneração batismal, a crença de que o pão e o vinho se tornam verdadeiramente o corpo e o sangue de Jesus, oração pelos fiéis defuntos, tudo isso está na igreja desde sempre, e eram coisas que eu rejeitava”.
“Quanto mais eu estudava, mais crescia dentro de mim, eu costumo dizer, uma fome pela Eucaristia, e aí chegou um momento em que eu não tive mais como resistir à verdade, aí eu abdiquei do cargo de pastor, abdiquei do salário, da casa, do benefício, pra me tornar católico”, contou.
A sua conversão aconteceu no tempo do Advento de 2019. Ele foi acolhido pelo grupo norte- americano The Coming Home Network cujo objetivo, segundo o seu site, “é ajudar cristãos não católicos a descobrir a verdade e a beleza do catolicismo e a fazer a jornada de volta para casa rumo à plena comunhão com a Igreja Católica”. Ele contou que tinha um conselheiro que a cada 15 dias se reunia com ele pela internet e que fez um retiro nos EUA para ex-pastores que se tornaram católicos.
Ele achou que precisava fazer algo parecido no Brasil e começou com um apostolado pessoal chamado Catolicismo Blindado para protestantes e ex-protestantes e com um grupo Ananias em Juiz de Fora que conta com o apoio do arcebispo, dom Gil Antônio Moreira, que “também começou a sentir essa necessidade de acolher esses irmãos”.
“E nessa jornada, eu tenho visto algumas coisas acontecendo”, disse Faria
“Primeiro, protestantes que se rendem à verdade e se tornam católicos”.
“Segundo, católicos que não conheciam a sua fé e eram até presas fáceis para o protestantismo, que se tornam católicos mais firmes de suas convicções e até mais praticantes que buscam, de fato, uma vida de santidade, uma vida que honra o Senhor na Santa Igreja”, continuou.
“E uma terceira coisa interessante também, que eu tenho observado, protestantes que permanecem protestantes, porém com uma visão mais respeitosa em relação à Igreja Católica”, concluiu.