A ressurreição de Cristo e o próprio Cristo ressuscitado é princípio e fonte de nossa ressurreição futura.
Luís Eugênio Sanábio e Souza – Padre Elílio de Faria Matos Júnior
A ressurreição é a verdade culminante da fé cristã. Na Igreja primitiva, encontramos esta expressão: “fiducia christianorum resurrectio mortuorum; illam credentes, sumus” = “a confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos cristãos” (escreveu o teólogo Tertuliano, nascido no longínquo ano 155). A verdade da divindade de Jesus é confirmada por sua ressurreição.
A ressurreição de Cristo e o próprio Cristo ressuscitado é princípio e fonte de nossa ressurreição futura. Mas quem ressuscitará ? Apoiando-se nas afirmações das Sagradas Escrituras, a Igreja Católica explica que os que tiverem praticado o bem sairão para uma ressurreição de vida e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 204 ; João 5,29; Daniel 12,2; Mateus 25,46). Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num juízo particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação (purgatório), seja para entrar de imediato na felicidade do céu (comunhão eterna com Deus), seja para condenar-se de imediato para sempre (inferno) (Catecismo da Igreja Católica nº 1022, 1030, 1033). A expressão “ressurreição da carne” “significa que após a morte não haverá somente a vida da alma imortal, mas que mesmo os nossos “corpos mortais” (Rm 8,11) readquirirão vida” (Catecismo da Igreja Católica nº 990). “Também o corpo de cada um de nós é ressonância de eternidade, e por conseguinte deve ser sempre respeitado” (Papa Francisco : Audiência Geral do dia 04/12/2013).
A Igreja ensina que, quando tiver terminado o único curso de nossa vida terrestre, não voltaremos mais a outras vidas terrestres. De fato, a Bíblia nos diz que “os homens devem morrer uma só vez e que depois disso se siga o juízo” (Hebreus 9,27). Por isso, a Igreja sempre declarou que “reincarnatio post mortem non habetur” = “não existe reencarnação depois da morte” (Catecismo da Igreja Católica n° 1013). “Assim como Jesus ressuscitou com o seu próprio corpo, mas não voltou a uma vida terrena, também nós ressuscitaremos com os nossos corpos, que serão transfigurados em corpos gloriosos. Não se trata de uma mentira! Isto é verdade. Acreditamos que Jesus ressuscitou, que Jesus está vivo neste momento. Mas vós credes que Jesus está vivo? E se Jesus está vivo, pensais que nos deixará morrer e não nos ressuscitará ? Não! Ele espera por nós, e dado que ressuscitou, a força da sua ressurreição ressuscitará todos nós” (Papa Francisco : Audiência Geral do dia 04/12/2013). Por sua união à Sabedoria divina “o conhecimento humano de Cristo gozava em plenitude da ciência dos desígnios eternos que viera revelar” (Catecismo da Igreja Católica nº 474).
Portanto, a previsão e o anúncio antecipado de Cristo a respeito de sua própria morte e ressurreição (Mateus 16,21; Marcos 8,31; Lucas 9,22) revela o plano divino de salvação e o cumprimento das profecias do Antigo Testamento (Lucas 24,26-27; 44-48). Assim, em razão de sua presciência, Deus predeterminou a morte e ressurreição de Jesus, levando em conta o pecado do homem (Atos dos Apóstolos 2,23; 3,17-18). Através de sua presciência, Deus permitiu a cegueira dos homens a fim de realizar seu projeto de salvação. A fé nos dá a certeza de que Deus não permitiria o mal, isto é, a morte violenta de Jesus, se do próprio mal não tirasse o bem, isto é, a sua ressurreição que é fonte de nossa ressurreição futura. Daí a palavra de São Paulo : “Onde abundou o pecado superabundou a graça” (Rm 5,20).
Desejamos a todos uma feliz Páscoa !
Luís Eugênio Sanábio e Souza – Escritor
Pe. Elílio de Faria Matos Júnior – Professor de Teologia no Seminário Arquidiocesano de Juiz de Fora e no Instituto Teológico Franciscano, de Petrópolis