um adeus humilde, mariano e profundamente espiritual

Este é um artigo do site ChurchPop

Na manhã desta segunda-feira, o mundo se despediu do Papa Francisco — um pontífice que tocou corações com sua simplicidade, ousadia pastoral e amor incondicional pelos pobres. Mas foi no silêncio de seu último gesto escrito que ele revelou, mais uma vez, quem era: um homem totalmente entregue a Deus.

Seu testamento espiritual, divulgado logo após sua morte, é breve, comovente e profundamente simbólico.

Nada de pompas, nada de homenagens grandiosas. Francisco pediu apenas três coisas: um túmulo no chão, o nome gravado como “Franciscus”, e descanso aos pés da Virgem Maria.

1. Um túmulo junto à Mãe

Francisco expressou seu desejo de ser sepultado na Basílica Papal de Santa Maria Maior, em Roma. Um pedido cheio de sentido espiritual e afetivo. Essa foi a igreja onde ele sempre começava e encerrava suas viagens apostólicas — levando flores a Maria antes de partir, e voltando para agradecer.

Agora, ele quis que sua última viagem terminasse também ali. Não no Vaticano, não junto aos grandes túmulos da história. Mas com Maria, sua Mãe, aquela a quem sempre confiou sua missão.

2. Um adeus sem glória, mas cheio de significado

Francisco pediu que seu túmulo fosse simples. Sem mármore trabalhado, sem esculturas, sem coroas douradas. Apenas o chão. E sobre ele, uma palavra: Franciscus.

É como se dissesse: “Fui só isso. Francisco. Servo de Cristo. Filho da Igreja.”

Num tempo marcado pelo culto à imagem, Francisco nos recorda que a verdadeira grandeza é a humildade. Sua morte não é uma despedida teatral, mas o último gesto de uma vida entregue em silêncio, pobreza e verdade.

3. Uma oferta de dor pela paz no mundo

Em sua carta, o Papa menciona discretamente o sofrimento vivido nos últimos anos — dores físicas, limitações, cansaço visível. Mas ele não murmura. Ele oferece.

Escreve que deseja entregar tudo “pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”.

É um gesto sacerdotal até o fim: transformar a dor em intercessão. Fazer de cada lágrima um sacrifício de amor. Francisco não queria consolo. Queria que sua cruz servisse à reconciliação do mundo.

4. Nada de vaidade, nem ao morrer

O testamento também menciona algo quase imperceptível: as despesas com sua sepultura já estavam pagas, por meio de um benfeitor indicado por ele. Nada foi deixado à improvisação. Nada foi pensado para chamar atenção.

Francisco quis apenas servir em silêncio e partir discretamente.

5. Um legado que ultrapassa palavras

O testamento do Papa Francisco não tem listas de bens, legados políticos ou pedidos de monumentos. Tem apenas um túmulo no chão, um nome e uma Mãe. E isso diz tudo.

Francisco quis que lembrássemos dele não por seus discursos, mas por sua confiança absoluta em Deus, seu amor à Virgem Maria e sua entrega até o último suspiro.

Ele termina como viveu: desaparecendo para que Cristo apareça.

Leia a íntegra do testamento do Papa Francisco:

Testamento do Santo Padre Francisco

Miserando atque Eligendo

Em Nome da Santíssima Trindade. Amém.

Sentindo que se aproxima o ocaso da minha vida terrena e com viva esperança na Vida Eterna, desejo expressar a minha vontade testamentária somente no que diz respeito ao local da minha sepultura.

Sempre confiei a minha vida e o ministério sacerdotal e episcopal à Mãe do Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que os meus restos mortais repousem, esperando o dia da ressurreição, na Basílica Papal de Santa Maria Maior.

Desejo que a minha última viagem terrena se conclua precisamente neste antiquíssimo santuário Mariano, onde me dirigia para rezar no início e fim de cada Viagem Apostólica, para entregar confiadamente as minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecer-Lhe pelo dócil e materno cuidado.

Peço que o meu túmulo seja preparado no nicho do corredor lateral entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza desta mesma Basílica Papal, como indicado no anexo.

O túmulo deve ser no chão; simples, sem decoração especial e com uma única inscrição: Franciscus.

As despesas para a preparação da minha sepultura serão cobertas pela soma do benfeitor que providenciei, a ser transferida para a Basílica Papal de Santa Maria Maior e para a qual dei instruções apropriadas ao Arcebispo Rolandas Makrickas, Comissário Extraordinário do Cabido da Basílica.

Que o Senhor dê a merecida recompensa àqueles que me quiseram bem e que continuarão a rezar por mim. O sofrimento que esteve presente na última parte de minha vida eu o ofereço ao Senhor pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos.

Santa Marta, 29 de junho de 2022

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