Este é um artigo do site ChurchPop
A morte de um Papa sempre marca um momento de comoção e renovação espiritual para a Igreja Católica. Esse período é chamado de Sede Vacante, ou seja, “sede vazia”, enquanto se aguarda a escolha de um novo sucessor de São Pedro.
Mas afinal, como a Igreja escolhe um novo Papa? Quem pode ser eleito? Quais são os critérios? E o que acontece no famoso conclave?
A seguir, explicamos tudo de forma clara, com base no Catecismo da Igreja Católica, na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis de São João Paulo II, e no Código de Direito Canônico.
1. Quando se escolhe um novo Papa?
Após a morte (ou renúncia) do Papa, os cardeais se reúnem em Roma para a eleição do novo pontífice. Segundo a Constituição Universi Dominici Gregis (n. 37), o conclave deve começar entre 15 e 20 dias após o falecimento, para dar tempo de chegada aos cardeais e permitir as devidas homenagens.
Durante esse período, o governo ordinário da Igreja fica a cargo do Colégio dos Cardeais, mas decisões importantes são suspensas até a eleição do novo Papa (cf. Universi Dominici Gregis, n. 1-2).
2. Quem pode ser eleito Papa?
Conforme a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis (n. 83), o novo Papa deve ser obrigatoriamente:
- Homem
- Batizado
- Com plena comunhão com a Igreja Católica
- Com uso da razão
Embora tecnicamente qualquer homem batizado possa ser eleito, desde o século XIV, todos os Papas foram escolhidos entre os cardeais — ou seja, entre bispos com experiência pastoral e doutrinal.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (n. 882), o Papa é “o sucessor de Pedro, Vigário de Cristo e cabeça do Colégio dos Bispos”. Por isso, ele precisa já ser bispo — e, se ainda não for, deve ser ordenado imediatamente após a eleição (cf. CDC, cân. 332 §1).
👉 Em resumo: só um homem batizado, fiel à Igreja, pode ser eleito — mas, na prática, o eleito é sempre um cardeal.
3. Quem escolhe o novo Papa?
A eleição é feita pelo Colégio dos Cardeais, composto por todos os cardeais do mundo com menos de 80 anos de idade, conforme determina a Universi Dominici Gregis (n. 33).
Eles são os responsáveis por entrar em conclave, orar, discernir e votar — guiados pelo Espírito Santo — para escolher o novo pastor da Igreja.
Antes da eleição, os cardeais celebram a Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, pedindo luzes do Alto. Depois, iniciam oficialmente o conclave, em ambiente de sigilo absoluto (cf. UD, n. 49).
4. Como acontece a eleição?
Durante o conclave, os cardeais vivem em isolamento no Vaticano, sem acesso a telefones, internet, ou qualquer contato com o mundo exterior (cf. UD, n. 46-48). O objetivo é garantir total liberdade na escolha.
A votação ocorre em cédulas secretas. São necessários 2/3 dos votos para a eleição ser válida (cf. UD, n. 62). Após cada votação, as cédulas são queimadas numa lareira especial:
- Fumaça preta (com palha úmida): nenhum Papa eleito.
- Fumaça branca (com palha seca): temos um novo Papa!
Logo após a eleição, o eleito é questionado:
“Aceitas tua eleição canônica como Sumo Pontífice?”
Se ele responde “Aceito”, o próximo passo é a escolha do novo nome papal.
5. O que acontece depois?
Após aceitar, o novo Papa é apresentado à Igreja e ao mundo com as palavras:
“Habemus Papam!” (Temos um Papa!)
Em seguida, ele concede sua primeira bênção Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo), iniciando oficialmente seu pontificado.
Conclusão: um processo de fé, não só de regras
A eleição de um Papa não é apenas um processo técnico ou político. É um ato de fé profunda, conduzido com oração, jejum e discernimento. A Igreja acredita que é o Espírito Santo quem conduz essa escolha, mesmo com todas as limitações humanas.
Como lembra o Catecismo (n. 882), “o Papa é o princípio perpétuo e visível da unidade da Igreja”. Ao rezarmos pela eleição de um novo sucessor de Pedro, renovamos nossa confiança no Cristo que prometeu:
“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mateus 16,18).