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29 de abr de 2025 às 12:56
Três dos setes cardeais brasileiros aptos a votar no conclave que vai eleger o próximo papa estudaram em Petrópolis (RJ), embora em datas e locais diferentes: o arcebispo de Brasília (DF), cardeal Paulo Cezar Costa, o arcebispo de Manaus (AM), cardeal Leonardo Steiner, e o arcebispo de Porto Alegre (RS), cardeal Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Os três participam pela primeira vez de um conclave.
Natural de Valença (RJ), dom Paulo Cezar Costa fez o seminário menor, que corresponde ao ensino médio, e cursou Filosofia no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino, em Petrópolis, entre os anos 1983 e 1988. Em seguida, fez Teologia no Seminário Maior de São José, no Rio de Janeiro (RJ).
Dom Paulo foi ordenado sacerdote em 1992, na diocese de Valença. Em novembro de 2010, foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Recebeu a ordenação episcopal em 5 de fevereiro de 2011, tendo escolhido como lema episcopal “Tudo suporto pelos eleitos” (Omnia Sustineo Propter Electos). Em junho de 2016, foi nomeado bispo de São Carlos (SP) e, em outubro de 2020, arcebispo de Brasília.
Em 27 de agosto de 2022, dom Paulo foi criado cardeal pelo papa Francisco. Ele está entre os cardeais mais novos da Igreja, com 57 anos.
Os outros dois cardeais, Leonardo Steiner e Jaime Spengler, são da Ordem dos Frades Menores e estudaram no Instituto Teológico Franciscano (ITF), em Petrópolis, instituição fundada em 1899.
Foi nesse instituto que nasceu a Teologia da Libertação segundo o padre espanhol Josep-Ignasi Saranyana, em seu livro Cien Años de Teología en América Latina.
“As origens próximas da TL podem retroagir a março de 1964 quando teve lugar uma reunião de teólogos em Petrópolis no Instituto Teológico dos Franciscanos, em que o jesuíta uruguaio Juan Luís Segundo dissertou sobre os problemas teológicos da América Latina, o padre argentino Lucio Gera tratou da função do teólogo na América Latina, e o sacerdote peruano Gustavo Gutiérrez auspiciou um diálogo salvador com as elites culturais, os profissionais e os mais pobres com uma conclusão reivindicativa acerca da situação de extrema pobreza do continente”, escreve Saranyana.
Lucio Gera, nascido na Itália, foi o criador da Teología del Pueblo à qual o papa Francisco se filiava. Gutiérrez deu nome à Teologia da Libertação com seu Hacia uma Teología de la Liberación (Rumo a uma Teologia da Libertação), publicado em 1969.
Os cardeais Steiner e Spengler também têm em comum o fato de serem catarinenses: dom Leonardo nascido em Forquilhinha (SC), em 1950, e dom Jaime, em Gaspar (SC), em 1960. Também era catarinense de Forquilhinha, franciscano e egresso do ITF o arcebispo de São Paulo (SP), dom Paulo Evaristo cardeal Arns (1921-2016), um dos maiores expoentes da TL na hierarquia católica brasileira.
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Dom Leonardo Steiner cursou Filosofia e Teologia no Instituto Teológico Francisco entre 1973 e 1978. Também foi professor e orientador educacional no Colégio dos Meninos Cantores de Petrópolis, os Canarinhos.
Ele foi ordenado padre em 1978, pelas mãos de seu primo, o franciscano cardeal Paulo Evaristo Arns, que estudou no ITF na década de 1940 e teve uma atuação em Petrópolis nos anos 1960.
Em 2005, Steiner foi nomeado bispo prelado de São Félix (MT). Foi ordenado bispo também pelo cardeal Arns, em abril do mesmo ano. Seu lema episcopal é “Verbo feito carne” (Verbum Caro Factum).
De maio de 2011 a maio de 2019, foi secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por dois mandatos. Por causa do novo cargo na conferência episcopal, em setembro de 2011 foi nomeado bispo auxiliar de Brasília (DF).
Em novembro de 2019, foi nomeado arcebispo de Manaus (AM). Foi criado cardeal pelo papa Francisco em 27 de agosto de 2022, juntamente com dom Paulo Cezar Costa. Dom Leonardo é o primeiro cardeal da Amazônia brasileira.
Dom Jaime Spengler teve uma passagem rápida por Petrópolis, tendo estudado Teologia no Instituto Teológico Francisco, entre 1986 e 1987. Depois, concluiu o curso no Instituto Teológico de Jerusalém, em Israel, de 1987 a 1990. Foi ordenado padre em novembro de 1990, em sua cidade natal.
Em novembro de 2010, foi nomeado bispo auxiliar de Porto Alegre, recebendo a ordenação episcopal em 5 de fevereiro de 2011. Seu lema episcopal é “Gloriar-se na Cruz” (In Cruce Gloriari). Em setembro de 2013, foi nomeado arcebispo de Porto Alegre e, em abril de 2023, foi eleito presidente da CNBB para o quadriênio 2023-2027. Semanas depois foi eleito presidente do CELAM para um mandato de quatro anos até 2027.
Dom Jaime foi o último brasileiro criado cardeal pelo papa Francisco, em dezembro de 2024.