Filme Conclave: o que é verdade e o que é ficção?

Este é um artigo do site ChurchPop

Após a morte do Papa Francisco em 21 de abril e com a aproximação de um conclave real, o interesse pelo filme “Conclave” disparou, com os números de streaming supostamente triplicando. Isto se dá por muitos espectadores estarem buscando entender como funciona o processo de escolha do novo pontífice. Mas será que a produção é fiel à realidade? Aqui te contamos!

Dirigido por Edward Berger, o filme acompanha o que seriam os cardeais da Igreja navegando por divergências ideológicas e realizando manobras políticas durante uma eleição papal, que culmina em uma reviravolta controversa: o eleito é uma mulher biológica. O enredo e a representação de figuras da Igreja atraíram críticas de muitos católicos e enganam os desavisados.

Embora “Conclave” traga alguns pontos corretos e tenha uma excelente produção, atuações e fotografia, o filme não consegue retratar o verdadeiro processo de eleição no Vaticano e, portanto, não deve ser considerado como uma fonte confiável para compreender o processo do conclave. Aqui te explicamos o porquê, baseado na análise feita pelo jornalista Jonah McKeown e comentários de Matthew Bunson, especialista em Igreja Católica e diretor editorial da EWTN News (empresa à qual o ChurchPOP pertence).

FICÇÃO: Figuras caricatas e falta de fé

“Conclave” oferece um retrato falho e enganoso da Igreja e de sua liderança, reduzindo o sagrado processo de eleição papal a uma luta política, desconsiderando sua essência espiritual. O filme omite elementos essenciais, como a presença do Espírito Santo, que é o verdadeiro guia do conclave, e a celebração da missa, retratando os cardeais como cínicos e sem fé, focando apenas no aspecto humano e político da eleição.

Em vez de mostrar a fraternidade e o discernimento que caracterizam os conclaves reais, o filme promove uma narrativa hipócrita que reflete mais os preconceitos da mídia secular do que a compreensão católica. Embora os cardeais possam ter diferentes opiniões, eles estão unidos pela mesma missão de servir à Igreja sob a orientação do Espírito Santo, algo que o filme ignora completamente.

FATO: O processo tem início após a morte do Papa

“Conclave” acerta em alguns elementos iniciais de uma transição papal, particularmente no papel do camerlengo. O filme retrata a quebra do Anel do Pescador, um ato simbólico que marca o fim do reinado de um Papa, e mostra o camerlengo como a figura central na gestão da Igreja durante a Sede Vacante.

No entanto, o filme omite a certificação formal da morte do Papa, que, segundo as normas atuais, ocorre na capela privada e inclui o camerlengo chamando o nome de batismo do Papa três vezes. Também confunde algumas responsabilidades ao atribuir os deveres do camerlengo ao Cardeal Lawrence (interpretado por Ralph Fiennes), que não está nessa função. Embora essas mudanças possam ter sido feitas para um efeito cinematográfico, elas ainda distorcem os procedimentos cuidadosamente definidos pela Igreja.

FICÇÃO: Cardeal ‘In pectore’

Quem assistiu ao filme “Conclave” sabe que o Cardeal Benítez afirmou ter sido nomeado cardeal in pectore (em segredo) pelo falecido Papa, sem apresentar provas — mas foi imediatamente aceito pelos outros cardeais. Do ponto de vista católico, este fato não encontra fundamento na realidade.

Na realidade, como explica Matthew Bunson, um cardeal nomeado secretamente não pode participar de um conclave a menos que o Papa confirme publicamente seu nome antes de sua morte. Como isso não aconteceu, Benítez seria inelegível para votar ou ser eleito, tornando todo o seu papel no conclave canonicamente impossível.

FATO: O local e o processo de votação

“Conclave” retrata com precisão alguns elementos-chave do processo real de eleição papal, incluindo o cenário na Capela Sistina e os rituais tradicionais de votação. O filme mostra cardeais votando diante do Juízo Final de Michelangelo e a fumaça simbólica, preta ou branca, subindo da chaminé da capela — detalhes enraizados em séculos de tradição da Igreja. Embora alguns momentos sejam encurtados para efeito dramático, o especialista católico Matthew Bunson afirma que a estrutura geral é em grande parte fiel à realidade.

Na vida real, no entanto, o próximo conclave será ligeiramente diferente devido à idade avançada dos cardeais mais antigos. Embora o decano do Colégio Cardinalício normalmente lidere o processo, tanto o atual decano quanto o vice-decano têm mais de 80 anos e, portanto, não são elegíveis para participar. Como resultado, o Cardeal Pietro Parolin, o segundo cardeal-bispo mais antigo elegível e secretário de Estado do Vaticano, supervisionará os procedimentos.

FICÇÃO: A grande reviravolta

O clímax de “Conclave”, em que o cardeal, que é secretamente uma mulher biológica, é eleita Papa apresenta um cenário teologicamente impossível. A Igreja sempre ensinou, e Papas recentes reafirmaram, que mulheres não podem ser ordenadas para o sacerdócio. Uma mulher biológica, mesmo criada como homem devido à condição intersexo, seria inelegível para a ordenação e, portanto, não poderia se tornar pontífice.

O padre atua in persona Christi, representando Cristo, o noivo, em relação à Igreja, sua noiva. Essa paternidade espiritual é essencial ao sacerdócio. Embora as mulheres não possam ser padres, a Igreja valoriza profundamente seus papéis na vida religiosa, no ministério, na educação e na família, onde refletem a graça de Deus de maneira única e insubstituível.

Rezemos pelos cardeais, pelo Conclave e pela Santa Igreja Católica!

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