Este artigo é o do site Aci Digital
Para ler o artigo original clique aqui!
2 de mai de 2025 às 11:11
Dois membros da hierarquia católica nos EUA — o arcebispo de Nova York, cardeal Timothy Dolan, e o bispo de Winona-Rochester, no Estado de Minnesota, dom Robert Barron — foram escolhidos ontem (1) para servir numa nova comissão presidencial sobre liberdade religiosa criada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Trump assinou um decreto criando a Comissão de Liberdade Religiosa no Rose Garden (Jardim das Rosas) da Casa Branca, em Washington D.C., cercado por líderes religiosos de várias tradições. O anúncio coincidiu com o Dia Nacional de Oração do país.
“Ao inclinarmos nossas cabeças neste lindo dia no Rose Garden no Dia Nacional de Oração, mais uma vez confiamos nossas vidas, nossas liberdades, nossa felicidade ao Criador que as deu a nós e que nos ama”, disse Trump, que se diz “cristão não denominacional”, antes de assinar o decreto.
A nova Comissão de Liberdade Religiosa tem a tarefa de elaborar um relatório sobre as ameaças atuais à liberdade religiosa e estratégias para fortalecer a proteção legal desses direitos. O relatório também vai delinear os fundamentos da liberdade religiosa nos EUA e fornecer orientações sobre como aumentar a conscientização sobre o pluralismo religioso pacífico no país.
Algumas das principais áreas de foco da comissão são direitos parentais na educação religiosa, liberdade de escolha de escola, proteção da consciência, liberdade de expressão para entidades religiosas, autonomia institucional e ataques a locais de culto. A comissão foi criada devido a preocupações de que políticas federais e estaduais nos EUA tenham violado esses direitos.
Entre os membros da comissão recém-formada estão dois bispos católicos e líderes protestantes, como a pastora Paula White, além de rabinos e imãs muçulmanos. Ryan Anderson, presidente católico do Centro de Ética e Políticas Públicas, também foi nomeado para integrar a comissão, assim como o psicólogo e apresentador de televisão Phil McGraw e o renomado neurocirurgião Ben Carson.
A comissão será liderada por Dan Patrick, vice-governador do Texas, cristão evangélico que, segundo Trump, lhe deu a ideia de criar a comissão.
“Ninguém deve se interpor entre Deus e um crente. Ninguém deve se interpor entre Deus e aqueles que o buscam”, disse Patrick no evento.
‘Somos de fato uma nação sob Deus’, diz dom Barron
Dom Robert Barron esteve presente e fez uma oração pelo país e pelo presidente. O arcebispo de Nova York, dom Dolan, cardeal eleitor no próximo conclave papal, está em Roma.
“Sabemos que os direitos que desfrutamos à vida, à liberdade e à busca da felicidade não são dados pelo governo ou pelo consenso popular, mas por [Deus]”, disse Barron em sua oração, ao acrescentar que “somos de fato uma nação sob Deus”.
Barron disse que a liberdade religiosa “foi reverenciada desde o início da nossa república como nossa primeira liberdade” e rezou para que Deus “nos desse a graça de preservá-la e fortalecê-la”.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Ele rezou para que Deus “abençoe nosso presidente” e que Trump “sempre se esforce para agradá-Lo no que diz e faz, e que ele governe sob a direção de Sua providência”. Ele rezou para que as decisões do presidente “sempre sejam particularmente atenciosas com aqueles que sofrem e com os que mais precisam”.
Dom Barron também rezou para que o povo americano seja sempre “arquiteto da justiça e construtor da paz” e pediu a Deus por um país que seja “próspero e forte, mas acima de tudo justo e dócil à sua vontade”.
Em publicação na rede social X, o bispo disse ser grato a Trump por nomeá-lo para servir na comissão e que a liberdade religiosa é uma preocupação central da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês).
“Vejo minha tarefa como a de trazer a perspectiva da doutrina social católica à tona enquanto a comissão se esforça para moldar políticas públicas nessa questão”, escreveu o bispo.
Dom Barron disse que tentará modelar seu serviço seguindo o exemplo do padre Theodore Hesburgh , que foi presidente da Universidade Notre Dame de 1952 a 1987 e serviu em 16 comissões presidenciais diferentes em governos republicanos e democratas.
‘Temos que confiar em nosso Deus’, diz Trump
No evento, Trump disse que o Dia Nacional de Oração é “uma tradição mais antiga que a nossa própria independência” e enfatizou a importância dos americanos depositarem sua confiança em Deus.
“Temos que confiar em nosso Deus, porque nosso Deus sabe exatamente para onde estamos indo, o que estamos fazendo, conhece cada detalhe de nossas vidas”, disse o presidente. “E que ele continue a ouvir nossas orações para guiar nossos passos e levar nossa amada nação a patamares ainda maiores. Estamos no processo de fazer grandes feitos”.
Assine aqui a nossa newsletter diária
Trump, que no início do ano criou o Escritório de Fé da Casa Branca e a Força-Tarefa para Erradicar o Preconceito Anticristão, disse que a atividade no Escritório de Fé tem sido robusta, com “muitas pessoas indo e voltando”.
“É isso que queremos: defender e representar pessoas de todas as religiões e suas liberdades religiosas no país e no exterior”, disse o presidente.
Ele sugeriu que, por ter criado a comissão sobre liberdade religiosa com vários líderes religiosos, “provavelmente seremos processados amanhã” e disse em tom de deboche: “Separação entre Igreja e Estado — não pode fazer isso, certo?”. Ele disse que a procuradora-geral Pam Bondi “vai ganhar o processo”.
“A separação é algo bom ou ruim? Não tenho certeza. Mas, haja separação ou não, vocês estão na Casa Branca, onde deveriam estar, e estão representando o nosso país. E estamos trazendo a religião de volta ao nosso país”, disse Trump.
Em seu discurso, Trump também falou sobre seus esforços para combater o antissemitismo e o trabalho em andamento para resgatar os reféns sequestrados pelo grupo terrorista islâmico Hamas no ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1,2 mil pessoas. Ele também falou sobre as negociações orçamentárias e o desejo de evitar aumentos de impostos, a redução da taxa de imigração ilegal e potenciais acordos comerciais com países aos quais ele sujeitou tarifas mais altas para o comércio com os EUA.