O Santuário Nacional de Aparecida (SP) inaugurou no sábado (17) os mosaicos da fachada leste da basílica, a terceira concluída, retratando cenas do livro do Gênesis sobre a criação.
A obra, executada pelo Centro Aletti, fundado na Itália pelo padre Marko Ivan Rupnik, ex-jesuíta e artista acusado de abuso espiritual, psicológico e sexual de freiras, traz as marcas do estilo de Rupnik, como os grandes olhos negros dos personagens.
Rupnik foi expulso da ordem jesuíta em junho de 2023. Ele enfrenta atualmente um julgamento canônico sobre as acusações de que abusou de dezenas de religiosas, algumas no contexto da criação de sua arte.
Além do santuário de Aparecida, as obras do padre Rupnik e do Centro Aletti estão presentes em diversos outros templos, como na capela Redemptoris Mater do Palácio Apostólico, no Vaticano, nos santuários de São Pio de Pietrelcina, na Itália; de Fátima, em Portugal; de Lourdes, na França; e no santuário São João Paulo II em Washington, D.C.
Alguns santuários decidiram cobrir os mosaicos em respeito às vítimas dos abusos cometidos por Rupnik.
A primeira decisão foi tomada em 2024 pelos Cavaleiros de Colombo, maior organização católica leiga dos EUA, que cobriu os mosaicos de Rupnik nas duas capelas do Santuário Nacional de São João Paulo II em Washington, D.C., e na capela da sede dos cavaleiros em New Haven, Connecticut.
“Os cavaleiros de Colombo decidiram cobrir esses mosaicos porque a nossa primeira preocupação deve ser com as vítimas de abuso sexual, que já sofreram imensamente na Igreja, e que podem ficar ainda mais magoadas com a exposição contínua dos mosaicos no santuário”, disse Patrick Kelly, Cavaleiro Supremo dos Cavaleiros de Colombo, num comunicado publicado na ocasião.
Os Cavaleiros de Colombo cobriram temporariamente com papel a obra de arte do padre e ex-jesuíta Marko Rupnik no Santuário Nacional de São João Paulo II, em Washington, D.C., EUA. Christina Herrera/EWTN News
Em abril de 2025, o bispo de Tarbes e Lourdes, França, dom Jean-Marc Micas, também cobriu os mosaicos de Rupnik nas duas portas centrais da basílica do Rosário do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes e nas portas laterais. As coberturas são amarelas com pequenas cruzes e as palavras "Com Maria, Peregrinos da Esperança 2025".
“Vocês conhecem minha opinião sobre a presença desses mosaicos nas portas da basílica”, disse dom Micas na ocasião. “Pareceu-me, junto com meus colaboradores, que um novo passo simbólico tinha que ser dado para tornar a entrada na basílica mais fácil para todos aqueles que hoje não podem cruzar as portas".
Mosaico do ateliê de Marko Rupnik na parede em frente à entrada da Basílica do Rosário, em Lourdes, França. Foto tirada em 24 de junho de 2019. Crédito: Shutterstock.
O santuário de Fátima, em Portugal, decidiu manter os mosaicos na parede de fundo do presbitério da basílica da Santíssima Trindade, mas não usar a sua imagem nos materiais de divulgação. Respondendo ao site português 7MARGENS em abril passado, o santuário disse que “não ponderamos a sua remoção. No entanto, desde que tomámos conhecimento das denúncias contra o padre M.I. Rupnik, suspendemos a utilização da imagem, da totalidade da obra e de pormenores, nos nossos materiais de divulgação”, disse o santuário.
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O santuário “repudia liminarmente os atos cometidos pelo padre M. I. Rupnik”, continua a nota, e “já expressou a sua solidariedade para com as vítimas”.
Parte do grande mosaico do padre Rupnik na Basílica da Santíssima Trindade em Fátima, Portugal. Crédito: Shutterstock.
Em maio passado, o Santuário Nacional de Aparecida enviou uma nota à ACI Digital sobre o tema dizendo que “as obras de revestimento em mosaico das fachadas da Basílica de Nossa Senhora Aparecida seguem sob a liderança e execução do Centro Aletti”.
“Desde 2020, o ateliê é dirigido pela artista italiana e doutora em teologia, Maria Campatelli, e conta com doze mulheres e nove homens em seu corpo diretivo, além de dezenas de artistas de diferentes nacionalidades, que estão diretamente envolvidos no projeto”, continua a nota.
“Recentemente, o Vicariato de Roma, ao qual o ateliê está subordinado, após visita canônica, emitiu um parecer atestando ‘claramente que há uma vida comunitária saudável no Centro Aletti, livre de problemas específicos’", conclui o comunicado.
A obra faz parte do projeto Jornada Bíblica, cujo objetivo é revestir todas as fachadas do Santuário com mosaicos que representam cenas bíblicas.
“O Projeto Jornada Bíblica, antes de qualquer coisa, é um projeto pastoral, um desejo do santuário de aproximar da Bíblia os devotos de Nossa Senhora”, disse o reitor do santuário, padre Eduardo Catalfo, segundo o portal A12, site oficial de notícias do Santuário Nacional de Aparecida.
Este projeto é financiado com o dinheiro da Campanha dos Devotos, que é a doação feita por devotos de Nossa Senhora de todo o Brasil.
“A fachada leste nos fala do Gênesis, da criação do mundo, da criação do ser humano, mas também lembra que em Cristo, n’Ele e por Ele é que todas as coisas foram feitas”, continuou o reitor.
As obras dos mosaicos no exterior do Santuário de Aparecida começaram em 2019. A fachada norte foi inaugurada em 2022 com cenas do livro do Êxodo. A fachada sul foi inaugurada em 2024, com cenas do Novo Testamento que narram desde o nascimento de Jesus até a sua morte e ressurreição.
Segundo o santuário, o revestimento da fachada leste teve início em 2024, cobrindo quase quatro mil metros quadrados com mosaicos criados por 39 mosaicistas de diferentes países ligados ao Centro de Arte Espiritual Aletti, escola dedicada à promoção da arte sacra, em Roma, Itália.
Escrevo para a ACI Digital há oito anos e desde 2023 sou correspondente do Brasil para o telejornal EWTN Noticias. Sou certificada em espanhol pelo Instituto Cervantes. Tenho experiência em redação de conteúdo religioso para mídias católicas em português e espanhol e em tradução de sites religiosos. Sou casada, tenho três filhos e sou catequista há mais de 15 anos. Escrevo de Petrópolis (RJ).
Este é um artigo do site ECCLESIA. Irmã Ivani Morais, missionária da Consolata, recorda juventude no Brasil, onde já sentia um «amor imenso pela Igreja»
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