RUC: apelo a novos modelos de formação inspirados nas culturas originárias

22/maio/2025

A Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) está reunida na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) para o II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum.

Padre Modino – Rio de Janeiro

O encontro busca construir pontes entre o Norte e o Sul com as universidades, segundo Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina. Um congresso, promovido pelo Cardeal Prevost, agora Leão XIV, e pelo Cardeal Tolentino, que gere conexão entre os diversos atores, que provoque, por meio dos painéis, um debate entre todos, com a participação de todos, reforçou a teóloga argentina.

O sonho cultural

Seguindo os sonhos do Papa Francisco em Querida Amazônia, o Congresso abordou o sonho cultural em seu segundo dia de trabalhos. Vale lembrar, como Francisco disse aos participantes do primeiro encontro da RUC, realizado no Vaticano em 2023, que "cultura é o que permanece depois que esquecemos o que aprendemos". É por isso que alertou sobre os universitários de laboratório e a necessidade de formar na linguagem da cabeça, do coração e da mão.

O estado atual da nossa Casa Comum estimula a reflexão e a ação nas universidades em vista do desenvolvimento sustentável, levando ao ensino pelo exemplo e a trabalhar a incidência, como destacou Rafaela Diegoli, do Instituto Tecnológico de Monterrey. Não podemos ignorar as palavras de Francisco, que disse que "profissionais de sucesso não podem ser formados em sociedades fracassadas". Uma realidade que exige entender como aplicar a tecnologia em cada contexto, conhecê-la para adotá-la e aderir a ela, como disse Alejandro Guevara, da Universidade Ibero do México.

II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum. II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum.

II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum.

Novas abordagens educacionais

De acordo com María Eugenia García Moreno, da Universidade Mayor de San Andrés, na Bolívia, são necessárias abordagens diferentes das tradicionais na educação. Essas abordagens oferecem formação universitária para aqueles sem educação formal, mas que possuem conhecimento ancestral. O desafio é pensar de forma sustentável para agir de forma sustentável, o que exige uma mudança cultural e uma formação integral, como propõe Ester Sánchez, da Universidade Nacional de Cuyo, na Argentina.

Falar em Biodiversidade e Tecnologia é um dos grandes desafios hoje. O argentino Axel Barceló, da Fundação H. A. Barceló, reconhecendo o papel da tecnologia como uma ferramenta que reduz o trabalho, ele vê a necessidade de a humanidade controlar essa tecnologia. A biodiversidade é uma questão fundamental para a COP 30, afirma Peter Rozic, da Universidade de Oxford, que enfatizou a importância da ecologia integral, que "quer ouvir o chamado da Terra, que estamos matando, o chamado dos pobres, dos defensores do território". Uma biodiversidade que está ligada ao tema cultural, refletindo sobre a importância de codificar práticas de biodiversidade em diversas línguas indígenas.

II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum. II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum.

II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum.

Levar em consideração os povos indígenas

Nesse sonho social, o caminho do Rio até Belém deve, segundo John Martens, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, levar em conta o conhecimento dos povos indígenas para que a educação seja integral. Isso ocorre porque o verdadeiro conhecimento é sabedoria, com um componente ético e religioso. Nesse sentido, Eugenio Martín de Palma, da Universidade de Santa Fé, Argentina, afirma a necessidade de trabalhar os ensinamentos de Francisco em relação ao tema das universidades, visto que um novo modelo de universidade está surgindo. Ele estava se referindo ao que Francisco chamou de Universidade do Sentido, que, em contraste com o modelo racionalista e cientificista da modernidade, exalta cada homem e o homem inteiro.

Temos que ter consciência da necessidade de aprender a trabalhar com o que temos, disse Dom Hudson Ribeiro, bispo auxiliar de Manaus e diretor da Faculdade Católica do Amazonas. Com base em seu conhecimento sobre comunidades indígenas e ribeirinhas, ele enfatizou a necessidade de preservar a memória para preservar a cultura, olhando para trás e tendo em mente o que o futuro reserva. Algo que ele vê no Encontro das Águas, fenômeno natural em Manaus, onde por 14 km os rios Negro e Solimões continuam se misturando até formar o Amazonas. A partir daí, ele pediu que se questione até que ponto a tecnologia nos ajuda a fazer memória e como a pesquisa universitária dá valor à memória.

II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum. II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum.

II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum.

Mudança nos modelos de formação

Esses conteúdos levaram os participantes a refletir em grupos que ajudaram a descobrir perspectivas. Trata-se de redefinir elementos que ajudem a mudar os modelos de formação, com novas práticas e propostas que reflitam o compromisso social das universidades para além das soluções acadêmicas ou tecnológicas, com planejamento, promovendo mecanismos que reduzam as lacunas de conhecimento e com planos locais que fomentem o compromisso comunitário com o cuidado da nossa casa comum.

Devemos abordar os conflitos e impactos ambientais de forma responsável, reconhecendo que os desastres socioambientais não são apenas o resultado de novos fenômenos naturais, mas também de disputas pelo acesso ao habitat. Da mesma forma, como garantir os direitos trabalhistas em diálogo com os novos formatos gerados pela tecnologia e pela terceirização. O desafio é levar conhecimento para além da universidade, transferir cultura e criar espaços interculturais que promovam o cuidado com a nossa casa comum. Daí a importância da conscientização para reconhecer o presente que recebemos da biodiversidade.

Trata-se de começar a ver o mundo de forma diferente, reconhecendo as contribuições do conhecimento ancestral para a educação, sabendo que ele vem do território, que eles protegem com suas próprias vidas. Daí a necessidade de os grandes projetos realizar estudos de impacto cultural e ambiental, usando a tecnologia a serviço da sociedade e das culturas. Isso requer uma educação integral que abranja conhecimento científico e tecnológico, mas que também tenha caráter humanístico e seja um caminho para a responsabilidade ambiental e ética.

Pontes entre a OEI e a RUC

Da Organização dos Estados Ibero-americanos, seu Diretor de Cultura, Raphael Caillou, afirma que a cultura contribui para a inclusão e é um mecanismo importante para a coesão social e a criação de uma cultura de paz. Da mesma forma, ele refletiu sobre a relação entre cultura e o fortalecimento de políticas públicas e o aumento da educação formal. A educação é um espaço de construção de pontes e consensos, afirma, pensando na criação de mecanismos de financiamento para uma educação de qualidade.

Na construção de pontes entre as universidades e a OEI, espaços como este congresso são importantes para criar um roteiro, estratégias compartilhadas e coordenadas entre diversas partes interessadas, mas com problemas comuns e objetivos claros e compartilhados.

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