Jornalista católico Ross Douthat analisa a renovação religiosa nos EUA, o Papa Leão e JD Vance

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07/jun/2025

Ross Douthat, conhecido colunista do New York Times, autor e convertido ao catolicismo, compartilhou suas reflexões sobre a interseção entre fé, cultura e vida pública nos Estados Unidos. Em uma entrevista recente, Douthat abordou uma série de tópicos atuais, incluindo o cenário religioso americano, a figura do novo Papa Leão XIV e o vice-presidente JD Vance.

Segundo Douthat, o panorama religioso nos EUA é atualmente “instável, mas curioso”. Após um período de declínio que parece ter se estabilizado durante a pandemia de COVID-19, ele percebe que os americanos podem estar “considerando ter um reavivamento religioso”, em vez de já estar vivenciando um. O interesse pela fé, que se moveu para além do ateísmo proeminente no início dos anos 2000, está crescendo, notadamente entre a Geração Z. Esse interesse pode se manifestar de maneiras tradicionais, como o aumento de conversões ao catolicismo, ou em buscas alternativas, como temas relacionados a OVNIs ou substâncias psicodélicas. Douthat atribui parte dessa busca à falha do ateísmo em cumprir suas promessas de um mundo menos polarizado e mais feliz, contrastando com a crescente divisão e a “angústia existencial” que preparam o terreno para uma ressurgência da religião.

Ao discutir o Papa Leão XIV, Douthat o descreveu como “unificador”, “charmoso” e “levemente inescrutável”, sugerindo que essa característica contribuiu para sua eleição e mantém um certo mistério em torno de sua figura. Ele o vê como um “outsider” (dark horse) com habilidade para ouvir diferentes grupos dentro da Igreja. Douthat expressou esperança de que o lema do Papa, focado na unidade, se materialize. Muitos católicos, especialmente aqueles que sentiram ansiedade durante o pontificado anterior, encontraram um senso de estabilidade e normalidade com o novo Papa. A escolha do nome Leão XIV é vista como uma conexão com Leão XIII, que enfrentou as transformações industriais e tecnológicas de sua época, oferecendo um modelo para os desafios atuais, como o ambiente digital e a inteligência artificial, que Douthat considera perigosos para a alma e impactantes na vida familiar e comunitária. Ele enfatizou a importância de a Igreja se posicionar sobre as questões morais e espirituais ligadas ao uso da tecnologia.

Douthat também comentou sobre sua recente entrevista com o vice-presidente JD Vance, um convertido católico. Ele destacou um momento de “pressão” sobre Vance a respeito dos ensinamentos da Igreja sobre imigração, apontando “tensões reais”, especialmente no contexto das deportações da administração anterior. Vance defendeu a ideia de “ordo amoris” (amor ordenado), priorizando a compaixão pelos próprios cidadãos. Essa posição foi indiretamente contestada pelo Papa Francisco em uma carta aos bispos americanos, enfatizando a dignidade dos migrantes que fogem da pobreza e perseguição. Douthat reconheceu que ser um político católico em uma sociedade pluralista, especialmente como vice-presidente, representa um desafio significativo devido à inerente tensão entre a vida política e a fidelidade aos ensinamentos da Igreja.

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