O Centro Comunitário São Cirilo, gerido pela Companhia de Jesus na cidade do Porto, atua há 14 anos no acolhimento e integração de pessoas migrantes e refugiados em Portugal. De acordo com a diretora Mariana Rozeira, aproximadamente 80% do público atendido é composto por migrantes em situação de vulnerabilidade.

Apesar de receber encaminhamentos oficiais de entidades governamentais como a AIMA e a Segurança Social, o centro observa um fluxo significativo de pessoas que chegam através de canais menos formais. Mariana Rozeira destaca que existem “vários grupos do WhatsApp” onde o Centro de São Cirilo é recomendado, facilitando um encaminhamento informal dentro das próprias comunidades migrantes.

A instituição oferece uma vasta gama de serviços gratuitos. Isso inclui apoio temporário em alojamento (embora com alta procura e listas de espera), distribuição de refeições e cabazes alimentares, e acompanhamento técnico especializado. O acompanhamento abrange áreas cruciais como saúde, assistência jurídica, suporte psicológico, apoio social e ajuda na procura de emprego, visando a autonomia dos utentes em cerca de cinco a seis meses.

Complementarmente, o centro promove aulas de língua portuguesa, essenciais para a adaptação, e diversas atividades como Yoga, Tai Chi, música e teatro, contribuindo para a integração social e cultural dos migrantes.

Face à disseminação de informações imprecisas sobre migrações, o Centro São Cirilo tem procurado esclarecer e debater o tema. Recentemente, organizaram o evento ‘Migratalks’ no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, um local escolhido simbolicamente. O encontro reuniu cerca de 300 participantes e contou com a participação de especialistas, abordando, entre outros pontos, as barreiras burocráticas que os imigrantes enfrentam no país, desde a legalização ao acesso a serviços essenciais.

Mariana Rozeira enfatiza que uma integração bem-sucedida é fundamental para o futuro da nação e que eventos como o ‘Migratalks’ ajudam a combater a desinformação e o medo associado à migração, que, segundo ela, muitas vezes não reflete a realidade dos dados.