A Arquidiocese de Hamburgo, na Alemanha, tem enfrentado fortes críticas de ex-alunos de escolas católicas e outros, após a apresentação de um controverso documento de 33 páginas sobre educação sexual. Críticos afirmam que o referencial se distancia dos ensinamentos da Igreja Católica sobre gênero e orientação sexual.

O documento, intitulado "Masculino, Feminino, Diverso: Referencial para Educação Sexual em Escolas Católicas na Arquidiocese de Hamburgo", está previsto para ser implementado em todas as 15 unidades escolares católicas da cidade a partir do ano letivo de 2026-2027.

Segundo um vigário geral da diocese, o objetivo não é introduzir nova teologia, mas sim defender "uma visão da amor, parceria, casamento, família e sexualidade baseada na ética relacional", promovendo ao mesmo tempo a "aceitação da diversidade no que diz respeito a orientações sexuais e identidade de gênero". O novo referencial declara explicitamente que o "reconhecimento de diferentes identidades e orientações sexuais será ativamente promovido".

Sob o conceito de "diversidade de gênero", o documento abrange não apenas as identidades tradicionais masculina e feminina, mas também "identidade trans, intersexualidade ou identidade não binária". Alunos do ensino médio superior aprenderão sobre "regulamentações legais relativas ao status pessoal 'diverso', bem como transição".

Um responsável pelo departamento de educação da arquidiocese justificou as mudanças dizendo que "perspectivas e sistemas de valores mudaram nas últimas décadas — e, portanto, devemos ser capazes de oferecer respostas contemporâneas às perguntas de crianças e jovens". O polêmico Caminho Sinodal Alemão também tem promovido a teoria de gênero, com delegados votando majoritariamente em 2023 por mudanças nas práticas da Igreja baseadas na "ideologia transgênero".

Ex-alunos da Escola Católica Sophie-Barat-Schule reagiram imediatamente com resistência, enviando uma carta aberta a autoridades. Os ex-alunos argumentaram que o conceito está "em considerável contradição com o ensino sexual vinculante da Igreja Católica". Eles criticam particularmente a demanda do referencial por "aceitação — não apenas tolerância — de todas as orientações sexuais e constelações familiares", o que, segundo eles, contradiz fundamentalmente o ensino da Igreja de que o casamento entre um homem e uma mulher representa a única forma legítima de sexualidade vivida. Os críticos também expressaram preocupação com passagens que descrevem experiências sexuais na primeira infância, considerando tais caracterizações "altamente ofensivas".

O documento de Hamburgo contrasta com pronunciamentos recentes do Vaticano sobre o tema. O Papa Francisco condenou repetidamente a ideologia de gênero, chamando-a de "o perigo mais feio" e uma das "colonizações ideológicas mais perigosas" da atualidade. Em abril de 2024, o Dicastério para a Doutrina da Fé emitiu a Dignitas Infinita, que condenou a teoria de gênero e enfatizou que tentativas de "obscurecer a referência à diferença sexual ineliminável entre homem e mulher devem ser rejeitadas". O documento do Vaticano ressaltou que a vida humana, em todos os seus aspectos, é um dom de Deus e deve ser aceita com gratidão. Em fevereiro, o chefe da doutrina do Vaticano também fez uma crítica contundente à ideologia de gênero em uma conferência teológica na Alemanha.