Beatos os 50 mártires mortos pelos nazistas, Hollerich: no inferno dos campos, um oásis de paraíso

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19/dez/2025

Novos Beatos: 50 Mártires do Nazismo

Paris, França – Numa cerimónia solene na Catedral de Notre-Dame, em Paris, neste sábado, 18 de dezembro de 2025, o Cardeal Jean-Claude Hollerich, Arcebispo de Luxemburgo, presidiu a Santa Missa de Beatificação de 50 mártires do Apostolado Católico da Alemanha, mortos por ódio à fé durante o regime nazista. O Cardeal, em sua homilia, destacou o heroico testemunho destes novos beatos, descrevendo a sua fé como um "oásis de paraíso no inferno dos campos de concentração", e exortou a Europa de hoje a aprender com o seu sacrifício para construir um futuro de paz.

Um Oásis de Paraíso no Inferno

Diante de uma assembleia comovida, que lotou a recém-restaurada catedral parisiense, o Cardeal Hollerich evocou a escuridão dos campos de extermínio nazistas, um ambiente projetado para aniquilar não apenas a vida, mas também a dignidade e a esperança humanas. Foi precisamente nesse "inferno", afirmou o purpurado, que a fé inabalável destes 50 homens e mulheres – sacerdotes, religiosos e leigos – brilhou com maior intensidade. "Eles transformaram o seu sofrimento numa oferta de amor a Deus e aos seus irmãos de cativeiro", disse o Cardeal. "Onde o regime semeava o ódio e o desespero, o seu serviço e a sua oração criaram um oásis de paraíso, um vislumbre do Reino de Deus que nem a mais brutal tirania pode destruir." Os novos beatos pertenciam a diversos grupos do Apostolado Católico na Alemanha, unidos por uma profunda vida de fé e um compromisso com o Evangelho que os colocou em rota de colisão direta com a ideologia neopagã e totalitária do nazismo. A sua resistência não foi primariamente política, mas espiritual. Recusaram-se a dobrar os joelhos perante os ídolos do poder, da raça e do Estado, mantendo-se fiéis unicamente a Cristo e à Sua Igreja. Por este motivo, foram perseguidos, presos, torturados e, finalmente, executados. A sua beatificação, como sublinhou o Papa Leão XIV na sua mensagem para a ocasião, é um reconhecimento de que "o martírio por amor a Cristo é a vitória definitiva sobre o mal e a morte".

O Testemunho que Interpela o Presente

Olhando para o presente, o Cardeal Hollerich fez um sério alerta. Com a sabedoria pastoral que o caracteriza, recordou que a paz e a liberdade nunca são conquistas permanentes. "Na Europa de hoje, não estamos imunes à guerra ou à violência", advertiu. "Vemos ressurgir ideologias que semeiam a divisão, o nacionalismo exacerbado e a desconfiança no outro. O sacrifício destes mártires grita às nossas consciências, exortando-nos a trabalhar incansavelmente juntos pela paz." O cardeal luxemburguês convidou todos os cristãos a serem sentinelas atentas, capazes de discernir os sinais dos tempos e de se oporem a todas as formas de totalitarismo, seja ele político, cultural ou ideológico. A verdadeira paz, recordou, não é apenas a ausência de guerra, mas a obra da justiça e do amor, fruto de um coração reconciliado com Deus e com o próximo.

A Luz dos Mártires em Tempo de Advento

A celebração desta beatificação no coração do Advento reveste-se de um profundo significado espiritual. O Advento é o tempo da espera vigilante, da esperança que não se deixa abater pela escuridão do mundo. É o tempo em que a Igreja clama: "Vem, Senhor Jesus!". Estes mártires viveram um Advento radical e definitivo. Na noite escura do campo de concentração, eles esperaram, não a libertação terrena, mas a vinda gloriosa do seu Senhor, o "Sol que nasce do alto". O seu testemunho recorda-nos que a nossa esperança não se funda em seguranças humanas, mas na promessa fiel de Deus. Eles são para nós luzeiros que nos ensinam a vigiar e a preparar os nossos corações para acolher Cristo, o Príncipe da Paz, que vem para nos salvar.

Um Chamado à Juventude e à Fraternidade

Numa parte final da sua homilia, o Cardeal Hollerich dirigiu-se de modo especial aos jovens. "Queridos jovens, olhai para estes beatos! Eles eram pessoas como vós, com sonhos e esperanças. Aprendei com eles a não ter medo de viver o Evangelho radicalmente. Aprendei com Cristo, que é 'o Príncipe da paz, do amor, não do ódio'. Não permitais que o vosso coração seja envenenado pela divisão ou pela indiferença." Concluindo, o Cardeal fez um apelo veemente para que a fé se traduza em gestos concretos de amor ao próximo. "Que a nossa fé não seja uma teoria abstrata ou um sentimento intimista", exortou. "Que ela encontre expressão concreta na fraternidade, no cuidado com os pobres, no acolhimento dos migrantes, no perdão oferecido e recebido." O legado destes 50 novos beatos é, portanto, um convite urgente a todos nós para sermos, no nosso tempo e no nosso lugar, construtores de pontes e artesãos da paz, verdadeiras testemunhas do amor que vence o mundo. Gostaria de aprofundar este tema? Consulte obras de referência na nossa Biblioteca Católica. Fonte: Vatican News

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