Os ministros ordenados e o tribunal da internet



A Igreja existe para evangelizar, e para responder a esta nobilíssima vocação de ser portadora da Boa-Nova e de ser sacramento universal de salvação (cf. LG 48). Com o decorrer do tempo, vamos nos deparando com novos métodos de evangelizar.

Dom Edson Oriolo – Bispo da Igreja Particular de Leopoldina MG

Atualmente, os ministros ordenados estão usando as redes sociais para evangelizar, uma excelente ferramenta para anunciar e colocar em prática o mandato missionário de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eles estão cientes da necessidade de anunciar a Boa-Nova, segundo a ordem de Jesus: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). A Igreja existe para evangelizar, e para responder a esta nobilíssima vocação de ser portadora da Boa-Nova e de ser sacramento universal de salvação (cf. LG 48). Com o decorrer do tempo, vamos nos deparando com novos métodos de evangelizar. Nesse sentido, esse novo jeito de evangelizar é feito pelas redes sociais que oferecem um processo, uma metodologia para proclamar as maravilhas do evangelho, reforçando a evangelização e não a sacramentalização, pois os sacramentos exigem a presença da pessoa.

As ferramentas digitais, em poucos segundos, alcançam milhões de pessoas e ajudam na aproximação com o bom Deus. Basta percorrer o Facebook, Instagram, Twitter (X), Youtube e tantos outros aplicativos, estão repletos de fotos, textos, áudios, vídeos e conteúdos sobre Jesus Cristo, sua vida, sua obra e seu ministério. São meios de apostolado e os ministros ordenados podem usá-los para servir ao Evangelho com entusiasmo e alegria. É preciso ter presente que tais publicações são feitas por outros cristãos que nem sempre primam pela sã doutrina e pelo bom senso. O discernimento, nesse caso, além de complexo requer muita sabedoria e prudência. Nesse sentido, vemos como os ministros ordenados publicam, postam e compartilham suas rotinas de evangelizadores para inspirar outras pessoas a viverem o mandato missionário de Jesus. Mesmo sabendo que podem ser meios inspiradores para mostrar a beleza dos mistérios divinos, é necessário ter consciência de que estão se expondo ao “tribunal da internet”.

O “tribunal da internet” é uma forma de se referir à opinião pública na internet. Essa expressão é frequentemente usada para descrever a maneira como os usuários de redes sociais e outras plataformas online discutem e julgam publicamente eventos, doutrinas, comportamentos e pessoas, muitas vezes de maneira rápida e intensa. O grande desafio é que a opinião pública pode formar julgamentos baseados em informações que nem sempre são completas ou verificadas, e as reações podem ser bastante polarizadas. Informar e influenciar massas online, na formação de percepções e decisões coletivas, é uma responsabilidade!

As postagens, publicações, conteúdos, atualizações, compartilhamentos e posts dos ministros ordenados nas redes sociais são complexos e suscetíveis a interpretações e julgamentos variados. É fundamental termos consciência do conteúdo que compartilhamos: exposição da doutrina católica, exercícios para crescer na fé, disseminação dos valores do evangelho, transmissão ao vivo de missas ( e repetições ad infinitum pelo YouTube e Instagram), exposição do Santíssimo online, reflexões pessoais e dos evangelhos, mensagens de paz e encorajamento, respostas a perguntas dos fiéis, anúncios de eventos paroquiais, celebrações de sacramentos e sacramentais, notícias da Igreja, homenagens a santos e datas comemorativas, recomendações de leituras espirituais e livros, e o cotidiano da vida sacerdotal.

Nas redes sociais, cada um pode colocar suas realizações, reflexões, solenidades, eventos, fotos, ou melhor, partilhar suas histórias, seu ministério e seus sentimentos. É importante lembrar que os presbíteros buscam, antes de tudo, manifestar e destacar as belezas das coisas divinas. Basta lembrarmos de Nossa Senhora: “O Senhor fez em mim maravilhas” (Lc 1,49). Quantas e quantas maravilhas nós podemos testemunhar com as manifestações do sagrado, nas redes sociais! No entanto, muitas vezes, as redes sociais têm o poder de nos ajudar a nos encantar com os mistérios de Jesus Cristo (ressureição e encarnação), mas, por outro lado, podem se transformar em um “tribunal” onde as pessoas são condenadas e absolvidas por critérios duvidosos e por postagens compartilhadas sem o mínimo de bom senso.

Destarte, a falta de expertise e conhecimento sobre as tecnologias e ideologias por detrás das redes sociais é preocupante, pois, muitas vezes, as pessoas usam essas plataformas para contar suas próprias versões e histórias, que nem sempre refletem a verdade, resultando em uma pós-verdade. Isso pode transformar as redes sociais em um tribunal público. Ninguém sabe o que a pessoa que expôs algo na internet está realmente vivendo ou passando.

No entanto, diante dos desafios apresentados pelo “tribunal da internet”, é essencial que ministros ordenados e a Igreja, como um todo, continuem refletindo sobre a importância da evangelização online, tendo prudência quanto à responsabilidade e à complexidade que envolvem no uso desse instrumento evangelizador. Educar os ministros ordenados, as comunidades paroquiais e comunidades eclesiais missionárias sobre o uso ético e cuidadoso das redes sociais ajuda a prevenir situações de julgamento precipitado e a promover um ambiente digital mais saudável e edificante. Para concluir, recordemos a admoestação de Jesus: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos, sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas” ( Mt 10,16). “Irmãos, quanto ao modo de julgares, não sejais como crianças: quanto à malicia, sim, sede crianças, mas, quanto ao modo de julgar, sede adultos” (1Cor 14,20)



Fonte (Vatican News)

Estamos reproduzindo um artigo do site Vatican news.

A opinião do post não é necessariamente a opinião do nosso blog!

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