Evangelho e palavra do dia 13 abril 2025
Primeira Leitura
Leitura do Livro do Profeta Isaías
50,4-7
O Senhor Deus deu-me língua adestrada,
para que eu saiba dizer
palavras de conforto à pessoa abatida;
ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido,
para prestar atenção como um discípulo.
O Senhor abriu-me os ouvidos;
não lhe resisti nem voltei atrás.
Ofereci as costas para me baterem
e as faces para me arrancarem a barba;
não desviei o rosto de bofetões e cusparadas.
Mas o Senhor Deus é meu auxiliador,
por isso não me deixei abater o ânimo,
conservei o rosto impassível como pedra,
porque sei que não sairei humilhado.
Segunda Leitura
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses
2,6-11
Jesus Cristo, existindo em condição divina,
não fez do ser igual a Deus uma usurpação,
mas ele esvaziou-se a si mesmo,
assumindo a condição de escravo
e tornando-se igual aos homens.
Encontrado com aspecto humano,
humilhou-se a si mesmo,
fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz.
Por isso, Deus o exaltou acima de tudo
e lhe deu o Nome que está acima de todo nome.
Assim, ao nome de Jesus,
todo joelho se dobre no céu,
na terra e abaixo da terra,
e toda língua proclame:
“Jesus Cristo é o Senhor”,
para a glória de Deus Pai.
Proclamação do Evangelho
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas
23,1-49
Naquele tempo,
toda a multidão se levantou
e levou Jesus a Pilatos.
Não encontro neste homem nenhum crime.
Começaram então a acusá-lo, dizendo:
“Achamos este homem
fazendo subversão entre o nosso povo,
proibindo pagar impostos a César
e afirmando ser ele mesmo Cristo, o Rei”.
Pilatos o interrogou: “Tu és o rei dos judeus?”
Jesus respondeu, declarando: “Tu o dizes!”
Então Pilatos disse aos sumos sacerdotes e à multidão:
“Não encontro neste homem nenhum crime”.
Eles, porém, insistiam: “Ele agita o povo,
ensinando por toda a Judeia,
desde a Galileia, onde começou, até aqui”.
Quando ouviu isto, Pilatos perguntou:
“Este homem é galileu?”
Ao saber que Jesus estava sob a autoridade de Herodes,
Pilatos enviou-o a este,
pois também Herodes estava em Jerusalém naqueles dias.
Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com desprezo.
Herodes ficou muito contente ao ver Jesus,
pois havia muito tempo desejava vê-lo.
Já ouvira falar a seu respeito
e esperava vê-lo fazer algum milagre.
Ele interrogou-o com muitas perguntas.
Jesus, porém, nada lhe respondeu.
Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei
estavam presentes e o acusavam com insistência.
Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com desprezo,
zombou dele, vestiu-o com uma roupa vistosa
e mandou-o de volta a Pilatos.
Naquele dia Herodes e Pilatos
ficaram amigos um do outro, pois antes eram inimigos.
Pilatos entregou Jesus à vontade deles.
Então Pilatos convocou os sumos sacerdotes,
os chefes e o povo, e lhes disse:
“Vós me trouxestes este homem
como se fosse um agitador do povo.
Pois bem! Já o interroguei diante de vós
e não encontrei nele
nenhum dos crimes de que o acusais;
nem Herodes, pois o mandou de volta para nós.
Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte.
Portanto, vou castigá-lo e o soltarei.
Toda a multidão começou a gritar:
“Fora com ele! Solta-nos Barrabás!”
Barrabás tinha sido preso
por causa de uma revolta na cidade e por homicídio.
Pilatos falou outra vez à multidão,
pois queria libertar Jesus.
Mas eles gritavam: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
E Pilatos falou pela terceira vez:
“Que mal fez este homem?
Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte.
Portanto, vou castigá-lo e o soltarei”.
Eles, porém, continuaram a gritar com toda a força,
pedindo que fosse crucificado.
E a gritaria deles aumentava sempre mais.
Então Pilatos decidiu
que fosse feito o que eles pediam.
Soltou o homem que eles queriam
– aquele que fora preso por revolta e homicídio –
e entregou Jesus à vontade deles.
Filhas de Jerusalém, não choreis por mim!
Enquanto levavam Jesus,
pegaram um certo Simão, de Cirene,
que voltava do campo,
e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus.
Seguia-o uma grande multidão do povo
e de mulheres que batiam no peito e choravam por ele.
Jesus, porém, voltou-se e disse:
“Filhas de Jerusalém, não choreis por mim!
Chorai por vós mesmas e por vossos filhos!
Porque dias virão em que se dirá:
‘Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos,
os ventres que nunca deram à luz
e os seios que nunca amamentaram’.
Então começarão a pedir às montanhas:
‘Caí sobre nós! e às colinas: ‘Escondei-nos!’
Porque, se fazem assim com a árvore verde,
o que não farão com a árvore seca?”
Levavam também outros dois malfeitores
para serem mortos junto com Jesus.
Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!
Quando chegaram ao lugar chamado “Calvário”,
ali crucificaram Jesus e os malfeitores:
um à sua direita e outro à sua esquerda.
Jesus dizia: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”
Depois fizeram um sorteio,
repartindo entre si as roupas de Jesus.
Este é o Rei dos Judeus.
O povo permanecia lá, olhando.
E até os chefes zombavam, dizendo:
“A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo,
se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!”
Os soldados também caçoavam dele;
aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre,
e diziam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!”
Acima dele havia um letreiro:
“Este é o Rei dos Judeus”.
Hoje estarás comigo no Paraíso.
Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo:
“Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”
Mas o outro o repreendeu, dizendo:
“Nem sequer temes a Deus,
tu que sofres a mesma condenação?
Para nós, é justo,
porque estamos recebendo o que merecemos;
mas ele não fez nada de mal”.
E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim,
quando entrares no teu reinado”.
Jesus lhe respondeu: “Em verdade eu te digo:
ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.
Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.
Já era mais ou menos meio-dia
e uma escuridão cobriu toda a terra
até às três horas da tarde,
pois o sol parou de brilhar.
A cortina do santuário rasgou-se pelo meio,
e Jesus deu um forte grito:
“Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”.
Dizendo isso, expirou.
Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.
O oficial do exército romano viu o que acontecera
e glorificou a Deus dizendo:
“De fato! Este homem era justo!”
E as multidões, que tinham acorrido para assistir,
viram o que havia acontecido,
e voltaram para casa, batendo no peito.
Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres
que o acompanhavam desde a Galileia,
ficaram à distância, olhando essas coisas.
Comentário
Depois da ressurreição de Lázaro – hoje ouvimos isto – muitos judeus foram visitar as irmãs de Lázaro, mas alguns foram para depois relatar o que viram, e outros foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito (cf. Jo 11, 45). (…) Naquele momento, o grupo que se tinha formado de doutores da lei fez uma reunião formal: “Isto é muito perigoso, temos de tomar uma decisão”. Que faremos? Este homem realiza muitos sinais – reconhecem os milagres – se o deixarmos continuar assim, todos acreditarão nele, há perigo, o povo segui-lo-á, separar-se-á de nós”. (…) Assim falavam entre eles. Um deles, Caifás (…) era o sumo sacerdote, e fez a proposta: «Matemo-lo». (…) ninguém o dissera tão claramente: «Temos que o aniquilar». Esta forma de proceder dos doutores da lei é precisamente uma figura de como a tentação age em nós (…) começa com pouco, com um desejo, uma ideia, cresce, contagia outros e no fim é justificada.
(Homilia na Capela da Casa Santa Marta, 4 de abril de 2020)