1 de ago de 2024 às 12:53
O aborto legal torna os homens mais livres do que seriam sem ele, disse o secretário de Transportes dos EUA, Pete Buttigieg, na segunda-feira (29). Ativistas pró-vida respondem que esse é exatamente o problema.
Buttigieg, de 42 anos, cogitado como possível candidato a vice-presidente de da candidata presidencial democrata Kamala Harris, fez o comentário durante um evento de arrecadação de fundos online na segunda-feira (29) à noite, organizado por um grupo chamado White Dudes for Harris (Caras Brancos a Favor de Harris, em tradução livre).
“Estou tão feliz que ela tenha feito da liberdade o tema de sua campanha. A acho que, de muitas maneiras, é isso que está em jogo”, disse Buttigieg. “A liberdade das mulheres é a prova número 1, depois que Donald Trump demoliu o direito de escolha. Mas, é claro, os homens também são mais livres em um país onde temos um presidente que defende coisas como acesso ao aborto”.
Ativistas pró-vida disseram que Buttigieg identificou um dos problemas do aborto: sexo sem responsabilidade.
“Buttigieg está apenas admitindo o que sempre soubemos sobre o aborto: que ele capacita os homens a explorar as mulheres”, disse Ashley McGuire, pesquisadora sênior da Catholic Association, coapresentadora de programa de rádio e autora do livro Sex Scandal: The Drive to Abolish Male and Female (Escândalo sexual: o impulso para abolir o masculino e o feminino, em tradução livre), publicado em 2017.
“A ‘liberdade’ masculina de Buttigieg vem ao custo da liberdade das mulheres. Ela cria um mundo onde os homens são ‘livres’ para usar as mulheres e as mulheres são coagidas a fazer abortos que não querem fazer”, disse McGuire por e-mail. “Isso não é liberdade autêntica. É apenas dominação com outro nome”.
Carol Tobias, presidente do Comitê Nacional pelo Direito à Vida, chamou os comentários de Buttigieg sobre o aborto de “assustadores e repugnantes”.
“Pete Buttigieg sugere de forma imprudente que o aborto legal torna os homens ‘mais livres’, pois eles podem forçar uma mulher a fazer um aborto para fugir da responsabilidade”, disse Tobias ao National Catholic Register, da EWTN News, por mensagem de texto. “Se os homens são parte da criação de uma nova vida, eles têm aceitar a responsabilidade que acompanha o cuidado com seus filhos e com a mãe deles”.
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Emily Davis, porta-voz de comunicações da organização Susan B. Anthony Pro-Life America, disse que o comentário de Buttigieg se aplica ao seu ex-namorado, que, segundo ela, tentou pressioná-la a fazer um aborto depois que ela engravidou inesperadamente. Ela recusou e deu à luz o bebê.
“Não só eu vivi isso em primeira mão, mas a todo dia mais mulheres aparecem para falar sobre como foram pressionadas ou coagidas a fazer abortos indesejados, geralmente por parceiros homens”, disse Davis ao Register por e-mail.
“Essas mulheres corajosas têm uma pergunta para os democratas: onde estava nossa liberdade?”, disse Davis. “Até agora, os democratas não têm resposta. Sob a czarina do aborto Kamala Harris, eles estão muito comprometidos em promover uma agenda de aborto sem limites”.
A lista de “liberdades” de Buttigieg
Buttigieg falou por quase cinco minutos durante o evento White Dudes for Harris na segunda-feira (29). Embora o aborto tenha sido o primeiro em sua lista, outros exemplos de liberdade dados por Buttigieg foam contracepção, fertilização in vitro, casamento de pessoas do mesmo sexo.
O evento online contou com a participação do ator Jeff Bridges e do governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, e arrecadou mais de US$ 4 milhões (R$ 22,7 milhões) para a campanha democrata à Presidência.
Na tarde de terça-feira (30), o Register entrou em contato com a assessoria de imprensa do Departamento de Transporte dos EUA, chefiado por Buttigieg, mas não obteve resposta no prazo.