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19 de mar de 2025 às 11:37
O bispo-auxiliar de Brasília dom Ricardo Hoepers disse que a Igreja já promovia a inclusão no esporte antes mesmo das paralimpíadas, que começaram depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) para os mutilados de guerra.
Dom Ricardo, secretário-geral da CNBB, deu a palestra “Esporte Paralímpico: Ferramenta de Inclusão” no XXI Seminário de Gestão Esportiva, no sábado (15), na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, em comemoração aos 30 anos do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Dom Ricardo começou a palestra dizendo que a raiz do esporte paralímpico está no primeiro festival de ginástica organizado pelo papa são Pio X no Vaticano em 1906 “que reuniu mais de 300 atletas de mais de 44 grupos do mundo todo incluindo pessoas com deficiência”.
“Essa força que o papa Pio X lançou para todos os católicos, foi a primeira vez que uma autoridade da Igreja diz aos católicos: ‘vocês vão, participem, comecem a competir porque o esporte não é algo mundano, mas é algo que no mundo torna o mundo melhor’”, disse dom Ricardo. “Mudou a perspectiva, mudou a visão, Pio X acolheu a todos”.
Segundo dom Hoepers, dali para frente todos papas se interessaram e se envolveram com o tema do esporte.
“A Igreja sempre pensou no esporte pois está ligado a um dom do próprio ser humano que tem essa vocação de qualificar a sua vida através do esporte”, disse dom Ricardo à TV da arquidiocese do Rio de Janeiro. “O esporte é um exercício que ajuda no corpo e na alma, te faz se tornar uma pessoa aberta ao outro, mas também te faz ter mais força moral, mais força de vontade”.
“A Igreja, junto com os valores do Evangelho, entende que o esporte é um caminho seguro para as virtudes”, continuou.
Em setembro de 2022 a Santa Sé sediou o Simpósio Internacional “Esporte para todos. Coeso, acessível e adaptado a cada pessoa” que reuniu cerca de 250 pessoas ligadas ao esporte de 40 países diferentes. No final do evento, o papa Francisco assinou o documento Esporte para Todos, para motivar e promover o esporte para todas as pessoas.
Segundo dom Ricardo, o cardeal José Tolentino de Mendonça, presidente do Dicastério de Educação e Cultura da Santa Sé assumiu esse projeto na Igreja do mundo inteiro. No Brasil, ele está sendo promovido pelo padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor, dentro e fora da Igreja.
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“O esporte é um bem para todos, mesmo com todas as dificuldades que temos, mesmo quando se desvirtua a intenção, nós temos a responsabilidade moral de apresentar esse instrumento que é uma vocação do ser humano”, disse dom Ricardo.
Segundo ele, a primeira forma que a Igreja tem para contribuir com a missão de levar o esporte para todos é através da conscientização do que significa a inclusão. “Significa a pessoa com deficiência participando ativamente com todas as acessibilidades necessárias, com tudo aquilo que é importante para que ela se sinta realmente integrada, protagonista”, disse.
Ele contou que através da comissão de Cultura e Educação da CNBB, está em andamento um levantamento nas 280 dioceses do Brasil, divididas em 19 regionais sobre quais têm a Pastoral do Esporte.
No Brasil há 12.618 paróquias, “imaginem nestas paróquias desde a catequese, as crianças incluídas. Quanto potencial podemos trazer dessas comunidades”, disse dom Ricardo. “Elas podem organizar em suas paróquias um trabalho específico para o esporte”.
Ele também contou que no Brasil há 4 mil escolas católicas e que a proposta da Igreja é que os professores de Educação Física trabalhem a consciência da inclusão em suas aulas.
“Vemos hoje no Brasil um grande potencial para unir fé e esporte”, disse ele. “Para mostrar que pelo esporte nós podemos melhorar o mundo, fortalecer as virtudes humanas do corpo e da alma”.
“Para mostrar que isso tem tudo a ver com o Evangelho, com Jesus Cristo, com a nossa fé, mas que não se restringe à nossa fé e podemos compartilhar da mesma alegria com outras religiões, com outras perspectivas porque o Esporte é para todos”, disse.
Sobre as pessoas com deficiência, dom Ricardo disse que a Igreja não deve apenas acolher, mas “a partir da experiência existencial das pessoas com deficiência apresentar para o mundo o que é a superação, a vida, a fé, a capacidade de fraternidade onde todos devem ter o seu espaço”.
“Essas virtudes e propostas saem de uma fonte que são os Evangelhos que é o próprio Cristo que acolheu todos, amou todos, cegos, paralíticos, surdos”, concluiu.