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10 de mar de 2025 às 09:52
“Muitas vezes, somos obcecados em ter que ser perfeitos, mas o Evangelho nos ensina que a verdadeira ‘imperfeição’ não é fragilidade, mas falta de amor”, disse o frade capuchinho Roberto Pasolini, 53 anos, pregador da Casa Pontifícia desde novembro de 2024, na primeira meditação dos exercícios espirituais dos cardeais da Cúria Romana na Sala Paulo VI, no Vaticano, ontem (9).
“A verdadeira purificação não consiste em tornar-se perfeito, mas em aceitar-se, plenamente, na luz do amor de Deus, superando a ilusão de ter que ser ‘outro’ para merecer a salvação”, disse.
Pasolini exortou a “redescobrir o valor e a beleza da vida eterna para restituir seu significado autêntico”.
Uma tarefa que, para ele, é “bem mais urgente neste Ano Santo do Jubileu e neste momento de profundo sofrimento em que o Santo Padre está atravessando”.
O papa Francisco, de 88 anos, está internado no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, há 25 dias, mas pôde acompanhar essas reflexões por videoconferência, embora sua imagem não tenha sido vista.
Pasolini disse que “a fé da Igreja, fundada na ressurreição de Cristo, sempre ofereceu ao mundo a esperança da vida após a morte”. No entanto, ele lamentou que esta promessa tenha ficado “ofuscada” e agora seja “não apenas contestada, mas ignorada”.
Por isso, pediu que os fiéis enfrentem “esta indiferença”.
As reflexões que ele apresentou aos responsáveis pelas organizações e escritórios que ajudam o papa Francisco no governo da Igreja e na administração da Santa Sé foram baseadas no tema da vida eterna.
Pasolini extraiu algumas formulações sintéticas do Catecismo da Igreja Católica (CIC), que apresenta a morte não como um fim, mas como um passo em direção à vida eterna, em comunhão com Cristo.
“Este conceito encontra suas raízes na Carta aos Romanos, onde são Paulo afirma que, pelo batismo, somos unidos à morte e ressurreição de Cristo, entrando assim numa nova vida”, disse Pasolini.
“A morte, segundo o Catecismo, é o momento em que se realiza o julgamento particular, que avalia a aceitação ou rejeição da graça de Deus”, acrescentou.
Mas, disse que a salvação não está reservada apenas para aqueles que conheceram Cristo formalmente. “O Concílio Vaticano II reconhece que quem segue a própria consciência, na busca sincera de Deus, pode entrar na vida eterna. O CIC ressalta que o Juízo final não se baseia em meros atos exteriores, mas no amor vivido, retomando o pensamento de são João da Cruz: ‘No entardecer da vida, seremos julgados pelo amor’”, disse.
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“O destino final do homem”, continuou, “articula-se em três possibilidades: o paraíso, a condenação eterna (inferno) e a purificação final (purgatório)”.
Pasolini falou sobre cada um deles, dizendo que o paraíso representa “a plena realização do ser humano, uma comunhão eterna com Cristo, em que cada pessoa encontra a sua verdadeira identidade”.
O inferno, por outro lado, é descrito como “a separação definitiva de Deus”. Segundo Pasolini, a Igreja “jamais declarou, com certeza, que por isso, alguém será condenado”.
Purgatório, uma oportunidade de reconciliação com o amor infinito de Deus
Sobre o purgatório, disse que é considerado “um processo de purificação para os que, embora estejam na graça de Deus, ainda não estão prontos para entrar no céu. Mas, talvez, precisamente neste último ‘destino’ encontraremos a originalidade da revelação cristã”.
“A possibilidade de um ‘momento’ final de purificação poderá ser a ocasião para fazer, até o fim, as contas com o amor infinito de Deus”, continuou.
Para ele, “a reflexão da Igreja sobre a eternidade da vida não pretende gerar temor, mas alimentar a esperança, recordando que o nosso destino depende da liberdade com que escolhemos viver no amor”.
“O purgatório pode ser visto como a última ocasião de libertar-nos do medo de não sermos capazes de aceitar-nos serenamente como somos, tornando-se um lugar de relação e comunhão com os outros”, disse.
Também pode ser entendido como o “momento em que, finalmente, deixamos de querer demonstrar algo a Deus, mas, simplesmente, deixar-nos amar”, continuou.
“A eternidade, portanto, não é apenas uma recompensa futura, mas uma realidade que começa aqui, na medida em que aprendemos a viver no amor e comunhão com Cristo”, disse.
“A morte não é uma derrota, mas o momento em que, finalmente, veremos o rosto de Deus e descobriremos que o fim… era apenas o início”, concluiu.