“Só vamos conseguir romper com a intolerância religiosa, com o racismo religioso, se a gente romper, de fato, com o processo, o projeto racista presente na nossa sociedade”, disse à ACI Digital o cônego Lázaro Muniz, coordenador da Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da arquidiocese de Salvador (BA).
O cônego representou o catolicismo na audiência pública do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) que discutiu na segunda-feira (27) “medidas para garantir o respeito e a proteção do patrimônio cultural das religiões de matriz africana”, segundo o MPBA.
A audiência foi convocada para subsidiar a atuação do MPBA no inquérito civil que apura se a cantora Cláudia Leitte gerou danos morais à honra e dignidade das religiões de matriz africana. A cantora, que é evangélica, substituiu o verso "saudando a rainha Iemanjá" da música "Caranguejo", cantada por ela, por “eu canto meu rei Yeshua", que é Jesus em hebraico.
Ficou decidido que representantes de religiões de matriz africana, de diferentes confissões cristãs, do islã, do budismo e outros vão criar um pacto inter-religioso para combater o racismo e a intolerância às religiões de matriz africana.
“O Ministério Público vai intermediar a criação desse pacto para que Salvador, como de costume, seja pioneira nas lutas de combate ao racismo e à intolerância religiosa”, disse a promotora de Justiça Lívia Vaz, titular da Promotoria de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa do MPBA. “É fundamental que todas as religiões que compartilham desse ideal democrático somem esforços nessa luta contra o racismo e a intolerância religiosa”.
Para o cônego Lázaro Muniz, “a pluralidade religiosa é uma verdade que precisa ser com certeza respeitada”. Ele disse a ACI Digital que “é inevitável que haja choques entre as religiões, mas é preciso também que a gente possa construir caminhos de convivência e de respeito”.
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Segundo o MPBA, este pacto vai envolver compromissos de respeito, ações educativas e iniciativas culturais que valorizem a diversidade religiosa.
A tarefa do Ministério Público é “propor algumas ações que levantem as questões necessárias à sociedade, a compreensão do ethos social, das questões que atingem os grupos, os coletivos”, disse o cônego. “Se um coletivo se sentiu ofendido por uma ação de uma pessoa, ou de uma artista, de uma entidade, de uma instituição, ou de um segmento religioso sempre é necessário discutir e trazer luzes, pavimentar esse processo”.
Segundo o cônego Lázaro Muniz, “a arquidiocese não está na linha de frente na discussão se houve ou não responsabilidade da cantora” Cláudia Leitte. “A arquidiocese esteve presente na ação justamente por discutir a questão das religiões, por propor o respeito, a proteção, a dignidade, a honra dos segmentos religiosos”.
“Nós também nos sentiríamos ofendidos se uma canção nossa fosse mudada, até mesmo para outro nome de qualquer outro segmento. Cremos com certeza que é necessário o respeito aos segmentos religiosos”, disse Muniz.
“Muitas vezes nossa Igreja mesmo já foi muitas vezes ofendida, nossa fé tem sido às vezes ofendida”, disse o cônego. “Alguém manda arrancar o crucifixo daqui, o outro quer jogar a Bíblia fora, etc. A fé cristã também sofre muitas dificuldades de intolerância”.
Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.
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