14 de set de 2024 às 02:00
Farah ressaltou que, “desde que devidamente atestadas pela autoridade eclesiástica competente, as relíquias da Santa Cruz remontam à descoberta feita por santa Helena, ao lado de são Macário, há quase 1700 anos em uma cisterna a leste do Gólgota”.
Santa Helena, mãe do imperador Constantino, descobriu a santa Cruz no século IV, durante sua viagem a Jerusalém. “Pelo relato de Sócrates, sabemos que a Cruz foi dividida. Uma generosa parte permaneceria ali” em Jerusalém e “uma porção do Santo Lenho” foi enviada a Constantino, “como sinal de bênção à futura Constantinopla”, disse Farah. Segundo ele, “pouco mais de dez anos após a incursão da imperatriz-mãe a Jerusalém, pedaços da Vera Cruz se espalharam pelo Império”.
Hoje, há fragmentos da Santa Cruz em diferentes países, inclusive no Brasil, país que “foi originalmente batizado em homenagem à relíquia do Santo Lenho: Ilha de Vera Cruz”, recordou Farah.
Uma dessas relíquias está no topo do santuário de Aparecida, que é frequentado por milhões de pessoas todos os anos. Em 1963, a relíquia foi colocada no topo da torre Brasília do santuário, em uma cerimônia celebrada pelo então arcebispo coadjutor de Aparecida, dom Antônio Ferreira de Macedo.
“O que poucas pessoas sabem é que essa cruz é coroada por uma redoma de bronze com um fragmento do Santo Lenho trazido de Roma por dom Antônio. É um relicário lacrado a 119 metros de altura. Mas é uma recordação oportuna, na casa de nossa padroeira, do símbolo de nossa salvação e do nome original de nossa terra”, disse Farah.
A catedral de Brasília (DF), também dedicada à Nossa Senhora Aparecida, é outro edifício religioso brasileiro com uma relíquia da Santa Cruz no seu topo. Segundo o site da catedral, a relíquia está dentro da cruz metálica de 12 metros colocada no topo da catedral em 21 de abril de 1968.
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A cruz com a relíquia foi dada pelo papa Paulo VI ao primeiro arcebispo de Brasília, dom New José Newton de Almeida Batista, que esteve à frente da arquidiocese de 1960 a 1984. O arcebispo “quis colocá-la no cume da catedral para que, de lá, toda a cidade seja abençoada com o mistério da Cruz de Cristo”, diz o site. Atualmente, além da relíquia da Sagrada Cruz, a cruz metálica também guarda a cruz peitoral de dom Newton.
Outra relíquia da Santa Cruz foi descoberta no subsolo da catedral de Fortaleza (CE), em 2020, contou Farah, junto “com sua autentica, o documento de autenticidade”. “Naquele ano, a relíquia foi exposta aos fieis durante a Quaresma. A relíquia havia sido originalmente enviada de Roma, em 1928, ao primeiro arcebispo de Fortaleza, dom Manuel da Silva Gomes”, disse.
Farah contou que “a recente reforma no santuário de José de Anchieta, no Espírito Santo, também trouxe à tona uma relíquia do Santo Lenho, cujo relicário foi restaurado e posto em exibição na sacristia”.
A Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus “também custodia uma relíquia da Santa Cruz” em seu seminário em Corupá (SC).
Outro fragmento da Cruz de Cristo pertence à paróquia Santa Cruz, de Cesário Lange (SP). Ela foi dada, em 1962, pelo papa João XXIII ao então bispo auxiliar de Sorocaba (SP), dom José Thurler, durante a primeira sessão do Concílio Vaticano II. Farah lembrou que, “em 18 de abril de 2020, o padre Cristiano José Benedito Chicuta sobrevoou Cesário Lange com uma relíquia da Cruz para abençoar a cidade e suplicar pelo fim da pandemia da covid-19”. Ele disse que “suplicar pelo fim de epidemias na presença de relíquias é uma tradição da Igreja”.
Desde setembro de 2023, a catedral de São Carlos (SP) também tem uma relíquia da Sagrada Cruz. Lá, a relíquia está “perpetuamente exposta” para a veneração dos fiéis.
Para Fábio Farah, as relíquias da Sagrada Cruz “nos colocam frente a frente ao mistério central de nossa redenção”. “Como diz o hino composto por são Venâncio Fortunato após o convento de Santa Radegunda, em Poitiers, receber uma relíquia da Vera Cruz: ‘Fulget Crucis mysterium’” (brilha o mistério da Cruz).