Cardeal chileno defende a vida e critica veementemente projeto de lei sobre eutanásia

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11/jun/2025

O governo chileno está acelerando a tramitação de um projeto de lei que legaliza a eutanásia, uma iniciativa que tem gerado forte resistência por parte da Igreja Católica no país. O Arcebispo de Santiago e Cardeal Primaz do Chile, Dom Fernando Chomali, expressou publicamente sua veemente oposição à proposta, classificando-a como uma forma de "eugenia social" que surge da incapacidade de a sociedade "empatizar, acompanhar, amar e responder aos outros".

Originalmente apresentada há quase 14 anos, a proposta de lei, oficialmente intitulada "Projeto de Lei sobre o Direito de Optar Voluntariamente por Receber Assistência Médica para Acelerar a Morte em Caso de Doença Terminal e Incurável", ganhou novo fôlego com o governo atual e está sendo avaliada pela comissão de saúde do Senado.

Entre as emendas recentes propostas pelo governo estão a exclusão do direito dos pacientes à orientação espiritual, a eliminação da objeção de consciência para instituições de saúde e a expansão dos locais onde o procedimento pode ser realizado, incluindo a residência do paciente.

Apesar de incluir requisitos formais como pedido escrito e avaliação, o projeto busca integrar a "assistência médica para morrer" como um serviço regular do sistema de saúde. Se aprovada, a legislação fará do Chile o terceiro país da América Latina a permitir a eutanásia, unindo-se à Colômbia e Equador, e o colocará na lista de nações que já a legalizaram, como Bélgica, Canadá e Espanha.

Em um contexto social chileno marcado por desafios como violência, corrupção e longas filas por tratamento médico, Dom Fernando Chomali questiona a urgência em aprovar uma lei que permite a "eliminação direta de um ser humano na fase final da vida". Ele argumenta que a ideia de "morte digna" pode mascarar a intenção de descartar vidas em seus estágios terminais.

O cardeal também critica a ambiguidade da lei, que pode abranger pessoas em situações de saúde complexas, sugerindo que a vida dessas pessoas "não vale a pena ser vivida". Ele contrapõe o argumento da autonomia individual, observando que, em condições de fragilidade extrema, a autonomia é justamente o que falta.

Para Dom Chomali, a proposta legislativa é uma resposta prática à negligência do estado e da sociedade no cuidado aos doentes, especialmente idosos, muitos dos quais vivem em condições de abandono e pobreza. Ele refuta a noção de eutanásia como um ato de compaixão, vendo-o, em vez disso, como um ato que beneficia uma sociedade ocidental focada na produtividade e que evita lidar com o sofrimento e a responsabilidade por ele.

Segundo o cardeal, a eutanásia resolve a situação de uma pessoa gravemente enferma com violência, mesmo que revestida de termos como bondade ou compaixão. Ele alerta que a medida pode afetar desproporcionalmente os mais pobres, para quem a decisão de acabar com a vida pode ser tomada por terceiros.

Dom Chomali enfatiza que pessoas que recebem cuidado e carinho não pedem para morrer; pelo contrário, elas se apegam à vida. Ele aponta o risco de que futuros profissionais de saúde, motivados a curar e cuidar, sejam ensinados a tirar uma vida. Para ele, uma lei assim empobrece o Chile ao diminuir a capacidade da sociedade de cuidar dos mais vulneráveis.

O líder religioso faz um apelo para que os defensores da lei foquem seus esforços em melhorar os cuidados paliativos e as políticas públicas para idosos, garantindo-lhes dignidade, assistência médica, espiritual e humana até o fim natural de suas vidas, em vez de promoverem leis que atacam os mais fracos.

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