21 de out de 2024 às 09:41
O bispo emérito de Hong Kong, dom Joseph cardeal Zen e o escritor americano George Weigel fizeram duras críticas ao Sínodo da Sinodalidade, particularmente sobre abordagem da Santa Sé em relação à China.
O cardeal Zen, de 92 anos, fez um apelo urgente em um blog na última quarta-feira (18) por oração no início da terceira e última semana do sínodo.
“Devemos rezar pelo final bem-sucedido (decente) deste sínodo”, escreveu o cardeal Zen.
Ele listou três preocupações fundamentais. O cardeal falou sobre a legitimidade de classificar o encontro como um sínodo dos bispos, uma vez que há 96 membros com direito a voto que não são bispos. “Com os ‘não bispos’ votando juntos, não é mais um Sínodo de Bispos”.
Sobre Fiducia supplicans, declaração do Dicastério da Doutrina da Fé que permite bênçãos a uniões homossexuais e casais em situação irregular, e sobre as questões LGBTQ, o cardeal Zen escreveu: “Acho que o debate interminável deve ser evitado pelo menos sobre a questão da bênção de casais do mesmo sexo” e disse aos delegados sinodais: “Se essa questão não for resolvida no sínodo, o futuro da Igreja será muito incerto, porque alguns clérigos e amigos do papa insistem em mudar a tradição da Igreja a esse respeito”.
O bispo emérito de Hong Kong também falou contra a ideia de dar às conferências episcopais autoridade sobre doutrina. “Se essa ideia for bem-sucedida, não seremos mais a Igreja Católica”.
Não é a primeira vez que o cardeal se disse preocupado com o sínodo. O bispo emérito de Hong Kong disse em 15 de fevereiro que o sínodo apresenta “duas visões opostas” da natureza e organização da Igreja.
George Weigel, membro sênior do grupo conservador Ethics and Public Policy Center (Centro de Ética e Políticas Públicas), escreveu um artigo de opinião no jornal americano Wall Street Journal na última quarta-feira (17) no qual critica a presença de dois bispos chineses no sínodo.
Weigel diz que o bispo de Funing/Mindong, China, dom Vincent Zhan Silu, e o bispo de Hangzhou, dom Joseph Yang Yongqiang, estão “determinados a ‘sinicizar’ a Igreja Católica”.
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Weigel, biógrafo do papa são João Paulo II, disse também que Zhan Silu foi excomungado antes por aceitar a consagração sem a aprovação papal. O escritor disse que Yang Yongqiang é vice-presidente da Associação Patriótica Católica Chinesa, que Weigel diz ser “uma ferramenta do Departamento de Trabalho da Frente Unida do Comitê Central do Partido Comunista”.
Acordo deve ser renovado
O sínodo ocorre ao mesmo tempo em que se debate a relação diplomática entre a Santa Sé e Pequim, especialmente o acordo entre a Santa Sé e a China sobre nomeação de bispos, cujo conteúdo é sigiloso.
O acordo provisório foi assinado em 2018 e renovado em 2020 e 2022. Até a publicação desta matéria, a Santa Sé ainda não tinha anunciado se o acordo foi renovado de novo, mas observadores acham que ele será renovado ainda neste mês.
Embora os críticos expressem sérias preocupações sobre a abordagem diplomática da Santa Sé em relação a Pequim e a política chinesa de sinicização, a Santa Sé dobrou a aposta na estratégia diplomática de apoio a Pequim.
Weigel rejeitou essa interpretação ao falar com o jornal National Catholic Register, da EWTN.
Mais recentemente, Andrea Tornielli, diretor editorial do Vatican News, serviço comunicação da Santa Sé, escreveu na quinta-feira (17) que os bispos chineses no sínodo enfatizaram sua comunhão com a Igreja universal.
Tornielli citou Yang ao dizer: “A Igreja na China é a mesma que a Igreja Católica em outros países do mundo: pertencemos à mesma fé, compartilhamos o mesmo batismo e somos todos fiéis à Igreja una, santa, católica e apostólica”.
Segundo Tornielli, Yang disse: “Seguimos o espírito evangélico de ‘nos tornarmos tudo para todas as pessoas’. Nós efetivamente nos adaptamos à sociedade, a servimos, aderimos à direção da sinicização do catolicismo e pregamos as boas novas”.