A confederação mundial da Cáritas emitiu um aviso sobre o acentuado crescimento no número de pessoas que se tornaram refugiadas ou foram forçadas a deslocar-se dentro dos seus países. Este fenómeno é particularmente visível em regiões devastadas por combates armados.
Um comunicado da entidade católica, divulgado recentemente, sublinha que "até este momento em 2025, observamos um incremento nunca antes visto na quantidade de refugiados e deslocados internos, especialmente em nações e territórios afetados por disputas, como o Sudão, a República Democrática do Congo e a Faixa de Gaza".
Citando dados do relatório anual sobre tendências globais do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) referente a 2025, a 'Caritas Internationalis' aponta que, no final de abril, contabilizavam-se 122,1 milhões de indivíduos forçados a deixar as suas casas em todo o planeta. Deste total, 42,7 milhões são refugiados que buscaram abrigo fora das suas pátrias.
“Isto representa um aumento motivo de grande preocupação”, afirma a comunicação.
Neste ano em curso, a ‘Caritas Internationalis’ dirige um apelo particular a comunidades, governos e organismos internacionais para que colaborem na manutenção e reforço do apoio financeiro humanitário, garantam a abertura de fronteiras para quem procura segurança e enfrentem as causas profundas das deslocações forçadas de populações.”
A organização destaca que uma grande inquietude em 2025 reside na “considerável diminuição da assistência financeira global para fins humanitários, com cortes significativos provenientes dos Estados Unidos e de outros contribuintes”.
“Como consequência, os refugiados têm sido os mais severamente impactados. A título de exemplo, refugiados sudaneses acolhidos no Chade viram-se privados de acesso a necessidades básicas, como alimentação, habitação, instrução e cuidados de saúde. Tal situação levou alguns a arriscar a vida numa perigosa travessia pela Líbia com destino à Europa”, detalha a Cáritas.
A confederação internacional reitera ainda que o princípio do regresso voluntário deve basear-se “numa escolha livre e informada, isenta de qualquer pressão”.
“Para aqueles que foram deslocados na Síria, quer dentro do país quer no estrangeiro, o regresso ao lar apresenta múltiplos obstáculos, sobretudo devido à instabilidade prevalecente. Com as recentes reduções na ajuda, muitos veem-se impossibilitados de reconstruir as suas habitações destruídas”, ilustra a nota.
A organização católica manifesta ainda apreensão perante “um crescimento alarmante nas restrições impostas nas passagens de fronteira em diversas áreas do mundo”.
O espaço Schengen regista controlos mais apertados, ao passo que a situação na fronteira entre os Estados Unidos e o México continua a ser um desafio humanitário de vulto. Estas limitações frequentemente obrigam os refugiados a seguir trajetos mais perigosos, pondo as suas vidas em perigo, e simultaneamente fortalecem as redes de tráfico de seres humanos.”
A ‘Caritas Internationalis’ descreve um cenário “pessimista” face à “volatilidade mundial, aos múltiplos conflitos em curso e à diminuição tanto do financiamento como do empenho político”.
“Ao assinalarmos o Dia Mundial do Refugiado em 2025, recusamos aceitar a normalização dos conflitos e das guerras, e lembramos que proteger e integrar refugiados constitui uma responsabilidade partilhada por todos”, concluem os dirigentes da instituição.
Em relato partilhado pela organização:
“Chegar ao Reino Unido trouxe consigo novas dificuldades. Tive de aprender uma língua diferente, adaptar-me a outra cultura e recomeçar do zero. Mas a bondade das pessoas aqui ajudou-me a sentir muito bem-vinda. Fiz novos amigos, prossegui os meus estudos e encontrei uma sensação de segurança que há muito havia perdido. Sinto-me grata pelo apoio recebido e espero que um dia a Síria volte a ser um lugar seguro. Até lá, carrego a minha terra natal no coração e continuarei a avançar, tal como milhões de outros refugiados em todo o mundo.” Avin (nome alterado), refugiada síria |