Castelo de Lisboa Sente o Peso do Turismo Excessivo: Moradores e Junta Buscam Equilíbrio

Miniatura da categoria notícias
Compartilhe:

13/jun/2025

O emblemático bairro do Castelo, em Lisboa, enfrenta uma crescente pressão devido ao turismo em massa, impactando diretamente a vida dos seus residentes. Maria Amélia Duarte, que ali reside há mais de cinco décadas, testemunha as profundas mudanças nas rotinas e na dinâmica comunitária.

Antigamente, o bairro era conhecido pela forte ligação entre vizinhos e pela presença de comércio local diversificado – drogaria, peixaria, padaria, mercearia – elementos essenciais do quotidiano que praticamente desapareceram. Atualmente, os poucos moradores restantes têm de se deslocar para aceder a bens básicos.

A pressão imobiliária, muitas vezes ligada à expansão do alojamento local, levou à tentativa de despejo de residentes de longa data, incluindo idosos. Maria Amélia conseguiu ficar, mas relata casos de vizinhos obrigados a sair, alguns após batalhas legais. A invasão de espaços privados por turistas e o ruído constante são fontes de grande incómodo.

Miguel Coelho, presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, reconhece os complexos desafios que o bairro enfrenta, resultantes da convivência entre turismo intenso, imigração e a população local. Ele enfatiza a necessidade de encontrar um “equilíbrio” que coloque as pessoas no centro das prioridades. A perda de população, impulsionada pela especulação imobiliária, é vista como o impacto mais negativo. O bairro perdeu 30% dos seus moradores desde 2014.

O presidente da Junta alerta que o valor genuíno do Castelo para os turistas reside na autenticidade dos seus habitantes. Sem a população local, essa característica essencial é perdida, prejudicando até o próprio setor turístico a longo prazo. Esforços de integração de imigrantes e a colaboração com a paróquia local visam mitigar estas questões sociais.

A falta de diálogo e escuta entre as várias entidades agrava a situação. Miguel Coelho apela a respostas coordenadas do poder político, autoridades policiais e serviços sociais para gerir a concentração populacional e evitar cenários indesejáveis. Apesar do bairro estar repleto de visitantes diariamente, como confirma João Pedro, técnico de turismo na igreja local, é raro encontrar portugueses entre eles. A igreja, por sua vez, tenta dinamizar o espaço e interagir com os turistas através de iniciativas culturais e até produtos artesanais, adaptando-se à nova realidade do bairro.

Artigos Recentes

Rolar para cima