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31 de jan de 2025 às 16:45
A Conferência Episcopal Alemã (DBK, na sigla em alemão) se distanciou na quarta-feira (29) de uma declaração contra políticas migratórias mais duras emitida por seu escritório em Berlim, capital da Alemanha, pouco antes do parlamento do país aprovar uma moção sobre controles de fronteira mais rígidos com o apoio do partido Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão).
Em votação de 348 a 345 na quarta-feira, o Parlamento da Alemanha aprovou uma moção não vinculativa pedindo regras mais fortes de fronteira e asilo.
A medida foi aprovada com o apoio da conservadora União Democrata Cristã (CDU/CSU, na sigla em alemão), do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) e da Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão).
Uma fonte da DBK disse na quarta-feira à CNA Deutsch, agência em alemão da EWTN News, que uma carta interna de Beate Gilles, secretária-geral da DBK, disse que a opinião da maioria entre os membros da conferência episcopal foi para evitar a intervenção pública na campanha eleitoral.
A carta distanciou a DBK de um documento emitido por seu escritório em Berlim na última terça-feira (28), que criticava fortemente a proposta de legislação migratória.
O bispo de Regensburg, dom Rudolf Voderholzer, repudiou publicamente o documento.
“A declaração de posição atual contra um projeto de lei da CDU/CSU não fala em meu nome”, disse o bispo à revista Communio. “Eu tomo distância dela em todos os sentidos”.
Friedrich Merz, líder da CDU, que apresentou a moção, disse que a medida era “necessária”, apesar das críticas do primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, que chamou a aliança com a AfD de “erro imperdoável”.
Merz agora planeja propor legislação vinculante para reduzir o número de imigrantes ilegais depois do mais recente assassinato com arma branca na Alemanha, um de vários crimes violentos cometidos por imigrantes que inflamaram o debate público.
Divisões no catolicismo alemão
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A controvérsia mostra a divisão no catolicismo alemão sobre política de migração.
Enquanto o escritório da Igreja em Berlim falou sobre “danos à democracia”, outros, como o teólogo Ludger Schwienhorst-Schönberger, vencedor do Prêmio Joseph Ratzinger de 2021, deram uma perspectiva diferente.
“Não somos obrigados a fazer o bem a todas as pessoas simplesmente porque não podemos”, disse Schwienhorst-Schönberger à revista Cicero, citando os princípios tradicionais da teologia moral da Igreja sobre os limites práticos das obrigações de caridade.
Contexto eleitoral
Com as eleições federais alemãs marcadas para 23 de fevereiro, pesquisas mostraram a AfD como o segundo partido mais popular da Alemanha. O partido é descrito na mídia como um grupo populista, de direita ou extremista de extrema-direita.
A DBK já disse que a é AfD “inelegível” para os cristãos por causa do “nacionalismo étnico” do partido –que o partido rejeitou categoricamente defender, segundo a CNA Deutsch.
Os membros católicos do partido estão sob pressão.
A ascensão da AfD reflete tendências europeias mais amplas, em que partidos críticos à migração ilegal, ao islã e às ideologias de esquerda ganharam terreno significativo, como o Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen na França e o Partido para a Liberdade de Geert Wilders na Holanda.