16 de out de 2024 às 12:18
A Conferência Episcopal Nórdica se uniu a mais de 30 comunidades cristãs na Noruega para emitir uma declaração em apoio à “realidade biológica” e contra movimentos como a ideologia de gênero e a “teoria queer”.
A Declaração Ecumênica sobre “Gênero e Diversidade Sexual”, publicada ontem (15), cita tanto “a confissão da Bíblia como a palavra de Deus” quanto a “realidade biológica” ao criticar esses movimentos.
Ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher. Daí a sigla LGBTQI+, usada para identificar “lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo e mais”.
A ideia contraria a Escritura que diz, no livro do Gênesis 1, 27: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou”, na tradução oficial da CNBB.
O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. ‘Ser homem’, ‘ser mulher’ é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, ‘à imagem de Deus’. No seu ‘ser homem’ e no seu ‘ser mulher’, refletem a sabedoria e a bondade do Criador”.
Em sua declaração, os 31 signatários — incluindo o Conselho de Bispos Católicos Noruegueses, a Sociedade Luterana Missionária, a Foursquare Norway e a Value Alliance — dizem que há “apenas dois sexos biológicos: masculino e feminino” e que “o sexo de uma pessoa é decidido no momento da concepção”.
“A ideia de que existe um gênero subjetivo e uma ‘identidade de gênero’ autoescolhida, livremente escolhida e baseada em sentimentos, é resultado de ideologia e não tem fundamento na biologia ou na ciência”, diz a declaração.
Nos últimos anos, em muitos países, autoridades têm promovido a ideologia de gênero para jovens estudantes. Os signatários descrevem em sua carta como “extremamente problemático confrontar crianças e jovens na sala de aula com a ideia de que há ‘meninos, meninas e outros gêneros’”.
“Essa influência pode levar à confusão, insegurança e escolhas de vida destrutivas para muitas crianças e jovens”, diz.
A declaração diz que “órgãos governamentais e autoridades públicas abusam de seu mandato e poder quando tentam pressionar cidadãos e organizações a se conformarem com a ‘teoria queer‘ em relação a gênero, sexualidade e casamento”.
Além das críticas à ideologia de gênero, a declaração também critica a inseminação artificial e a barriga de aluguel, ao chamar seu uso de “uma violação da vontade criativa de Deus e dos direitos da criança”.
“Um ser humano é criado a partir do óvulo de uma mulher e do esperma de um homem”, diz a declaração. “Nem a mãe, nem o pai, nem outros membros da família são dispensáveis ou supérfluos na vida de uma criança”.
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“Acreditamos que muito do que é conhecido sob os termos modernos ‘diversidade de gênero’ e ‘diversidade sexual’ não é baseado em conhecimento médico e ciência natural”, escrevem os signatários. “Essa ideologia de gênero também é incompatível com nossa fé cristã e compreensão da realidade”.
‘A visão antropológica cristã’
O bispo de Trondheim, Noruega, dom Erik Varden, presidente da Conferência Episcopal Nórdica, disse ontem (15) à CNA Deutsch, agência em alemão da EWTN News, que o contexto da declaração é baseado na teologia por trás de uma declaração semelhante de 2016 sobre o casamento, assinada por cerca de três dúzias de grupos cristãos noruegueses.
“[É] importante mostrar que a visão antropológica cristã, sua visão do que uma pessoa é, o que significa ser uma mulher ou um homem, é consistente com dados empíricos”, diz o bispo. “Uma compreensão cristã da vida é eminentemente concreta”.
“Tentar ajustar a realidade com base na percepção pessoal é uma tarefa arriscada, especialmente quando começa a fazer promessas impossíveis aos vulneráveis, solitários e feridos”, diz dom Varden.
Dom Varden diz que um número crescente de pessoas prejudicadas pela ideologia de gênero começa a falar sobre isso. Ele citou a clínica de identidade de gênero Tavistock na Inglaterra, que por anos tratou crianças de até dez anos que passavam por disforia de gênero com “bloqueadores da puberdade” e tratamentos hormonais. O governo fechou a clínica em 2022 depois de uma revisão independente crítica.
“As consequências do caso da clínica Tavistock na Inglaterra são um exemplo bem conhecido de como lidar com essas lesões; não é de forma alguma o único”, diz o bispo. “O coro de vozes que querem ser ouvidas está ficando cada vez mais alto. Isso é uma coisa boa”
Dom Varden diz que os signatários da carta buscam “contribuir construtivamente”.
“Nossa declaração não é nem raivosa nem sem mais nem menos”, diz o bispo. “Ela surge, em oração, de nosso comprometimento com nossa nação e nosso desejo de construí-la”.
“Reafirmamos a preciosidade da vida, de cada pessoa — em quem queremos reconhecer uma irmã, um irmão, um amigo em potencial, vendo-os, tanto quanto possível, como Deus os vê, ou seja, com imensa esperança”, diz dom Varden.