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26 de abr de 2025 às 06:24
“Ele era um Papa no meio do povo, com um coração aberto para todos”. Foi assim que o Cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Sacro Colégio, definiu o Papa Francisco em sua homilia no funeral hoje (26).
Dezenas de milhares de pessoas começaram a entrar na praça de São Pedro às 6h da manhã de hoje, as delegações começaram a chegar às 9h30 e o caixão do pontífice chegou à praça às 10h09. O funeral foi solene, como é normal para um Papa. O caixão, com a cruz, o brasão e o lema do papa Francisco esculpidos, foi carregado nos ombros dos sediari, os encarregados de carregar a liteira papal. Um livro do Evangelho aberto foi colocado sobre o caixão, como tem sido o costume desde o funeral de Paulo VI em 1978.
Vestes vermelhas, a cor litúrgica dos funerais dos pontífices, as casulas são as usadas por Bento XVI, milhares de padres concelebrando. O coro solene da Capela Sistina e quase duzentas delegações políticas e religiosas à direita do altar no pátio da basílica do Vaticano.
Entre os primeiros a chegar estavam o presidente italiano Sergio Mattarella e a primeira-ministra Giorgia Meloni.
O presidente dos EUA, Donald Trump, e sua mulher passaram, na basílica, diante do caixão do Papa. Em seguida, reis, rainhas, chefes de Estado e, entre as delegações religiosas, o patriarca de Constantinopla Bartolomeu I e o primaz da Inglaterra Stephen Cottrell.
“Ele manteve seu temperamento e sua liderança pastoral e imediatamente deu a marca de sua forte personalidade no governo da Igreja, estabelecendo contato direto com indivíduos e populações, ansioso para estar perto de todos, com uma atenção marcante às pessoas em dificuldade, gastando-se sem medida, especialmente pelos últimos da terra, os marginalizados”, disse o Cardeal Re em sua homilia. “Ele foi um Papa no meio do povo, com um coração aberto para todos. Foi também um Papa atento ao novo que estava surgindo na sociedade e ao que o Espírito Santo estava suscitando na Igreja”.
“Com seu vocabulário característico e sua linguagem rica em imagens e metáforas, ele sempre procurou iluminar os problemas de nosso tempo com a sabedoria do Evangelho, oferecendo uma resposta à luz da fé e incentivando-nos a viver como cristãos os desafios e as contradições desses nossos anos de mudança, que ele gostava de descrever como mudança de época”, disse Re.
O cardeal enfatizou o traço humano da “espontaneidade” e o “carisma da acolhida e da escuta” e a primazia da evangelização que “tem sido o guia de seu pontificado, difundindo, com uma clara marca missionária, a alegria do Evangelho”.
Segundo Re, o fio condutor do pontificado foi a ideia de que a “Igreja é uma casa para todos; uma casa com portas sempre abertas”.
Re lembrou algumas das expressões mais repetidas do Papa, como a “imagem da Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha em que houve muitos feridos; uma Igreja ansiosa para cuidar com determinação dos problemas das pessoas e das grandes aflições que dilaceram o mundo contemporâneo; uma Igreja capaz de se inclinar sobre cada homem, além de qualquer credo ou condição, curando suas feridas”.
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Em seguida, Re levantou o tema dos refugiados, dos deslocados e dos pobres, desde a viagem à ilha italiana de Lampedusa, a primeira de Francisco, até a de Lesbos, na Grécia. E depois suas 47 viagens apostólicas “cansativas” e, em particular, a viagem ao Iraque em 2021, feita desafiando todos os riscos: “um bálsamo para as feridas abertas do povo iraquiano, que tanto sofreu com o trabalho desumano do ISIS”.
Re recordou o Jubileu da Misericórdia porque “a misericórdia e a alegria do Evangelho são duas palavras-chave do Papa Francisco”. E continuou a lista de temas, desde o contraste com “a cultura do descarte”, até o da fraternidade com a assinatura do documento sobre “Fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum”, falando da paternidade comum de Deus.
O cardeal falou da atenção do papa Francisco meio ambiente da carta encíclica Laudato si’ que “chamou a atenção para os deveres e a corresponsabilidade para com a casa comum e que “ninguém se salva sozinho”.
Por fim, Re lembrou as falas pela paz: “O Papa Francisco levantou incessantemente a voz implorando a paz e convidando à razoabilidade, à negociação honesta para encontrar possíveis soluções, porque a guerra, dizia ele, é apenas morte de pessoas, destruição de casas, hospitais e escolas. A guerra sempre deixa o mundo pior do que estava antes: é sempre uma derrota dolorosa e trágica para todos”.
“Construir pontes e não muros foi uma exortação que ele repetiu muitas vezes, e o serviço da fé como Sucessor do Apóstolo Pedro sempre esteve unido ao serviço do homem em todas as suas dimensões”, disse o cardeal.
E conclui lembrando que o papa sempre dizia: “Não se esqueçam de rezar por mim”, que foram aplaudidas.
“Caro Papa Francisco, agora lhe pedimos que reze por nós e que do céu abençoe a Igreja, abençoe Roma, abençoe o mundo inteiro, como fez no domingo passado da sacada desta Basílica em um abraço final com todo o povo de Deus, mas idealmente também com a humanidade que busca a verdade com um coração sincero e mantém alta a tocha da esperança”.
E, de certa forma, o cardeal delineia o futuro. A Pedro, Jesus lhe confiou a grande missão: “Apascenta as minhas ovelhas”. Essa será a tarefa constante de Pedro e de seus sucessores, um serviço de amor no rastro do Mestre e Senhor Cristo que ‘não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua própria vida em resgate por todos’”.
O rito continua com a liturgia eucarística, com o Prefácio I dos Mortos e, após a comunhão, com a última lembrança e a despedida, com a oração da ladainha e a súplica da Igreja de Roma. Em seguida, a súplica das igrejas orientais com seu próprio rito e a incensação do caixão.
Por fim, o canto do Magnificat acompanha o retorno do caixão à basílica, de onde será levado para Santa Maria Maior. A partir da Porta della Preghiera (Porta da Oração), na Piazza Santa Marta, e através da porta Perugino ao lado da casa de Santa Marta, a procissão atravessa Roma, uma cidade blindada não apenas por segurança, mas também para permitir a passagem da procissão. O transporte público foi suspenso em todo o centro de Roma. Cerca de 200 mil pessoas compareceram ao funeral, não apenas na praça, mas em toda a Via della Conciliazione, segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé.