A coroação de Nossa Senhora no mês de maio é uma tradição no Brasil. Seja em igrejas, escolas ou mesmo nas famílias, fiéis revestem uma imagem da Virgem com um véu, ofertam-lhe flores e colocam uma coroa sobre sua cabeça. Para o assessor teológico da Academia Marial de Aparecida, Vinícius Paiva, trata-se de “uma expressão de amor”.
“Tenho para mim, que é uma pratica devocional muito bonita, que traduz o carinho do povo de Deus para com Nossa Senhora”, disse em entrevista à ACI Digital, em 2023.
Paiva destacou que esta é uma tradição muito antiga e, por isso, é “muito pouco provável que tenha surgido de um único lugar, ela vai sendo formada por diversos momentos”. Sendo assim, indicou “três origens prováveis para chegar à coroação que temos hoje”.
A primeira delas remete a santo Efrém, no século IV. Paiva diz que é deste santo “a referência mais antiga a Nossa Senhora como rainha”.
“Santo Efrém vai fazendo uma comparação de que, se o céu é o trono de Deus e o trono de Deus deve ser honrado, quanto mais Maria. Então, ele fala assim: ‘O céu não foi tua mãe, e fizeste dele teu trono. Ora, quanto mais se deve honrar e venerar a mãe do Rei, do que o seu trono’”, disse.
Segundo o teólogo, naquela época ainda não havia a figura da rainha como se conhece hoje. “Quando chega a Idade Média, essa visão explode, porque tem a figura mesmo social da rainha muito forte e vai ser feita uma associação da figura de Maria com a rainha”.
Um segundo fator que Paiva considera ter contribuído muito para a tradição de coroar Maria em maio vem de são Filipe Néri (1515-1595). “Na Europa, o mês de maio é a primavera. São Felipe Neri, que foi um santo apaixonado por Jesus e por Nossa Senhora, começou a oferecer uma coroa de flores para a Virgem Maria neste mês”, disse.
Há um “terceiro fator determinante para a coroação de Nossa Senhora, sobretudo, no dia 31 de maio, que é o dia da coroação em muitas igrejas”. Em 1954, o papa Pio XII publicou a carta encíclica Ad Caeli Reginam, na qual definiu o dia 31 de maio como a festa de Maria Rainha e determinou “que nesse dia também se fizesse a consagração do gênero humano ao Imaculado Coração de Maria”.
Com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, “essa festa foi ajustada para o dia 22 de agosto, para poder ser uma semana após a assunção de Nossa Senhora”, celebrada em 15 de agosto.
“Então, o que imagino hoje é que a partir dessa época, as paróquias começaram a fazer a coroação da Virgem Maria em 31 de maio e, por mais que tivesse a alteração do calendário, a tradição de coroar Maria neste dia como rainha permaneceu na Igreja. A festa foi transferida, mas a prática devocional ficou”, disse.
Esta prática devocional envolve elementos significativos, disse Paiva. O véu colocado sobre a imagem da Virgem Maria “é um símbolo ligado à pureza e à realeza”.
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“Tudo aquilo que é precioso é guardado, então, existe essa questão em torno do véu”, disse. As flores “estão ligadas à primavera (estação do mês de maio no hemisfério norte) e, como Ela é a rainha, são oferecidas flores”. E a coroa diz respeito à sua realeza.
O teólogo citou ainda “um quarto elemento que tem crescido no Brasil ultimamente, que é o manto de Nossa Senhora”.
“Agora, tem uma expressão popular de que nessas coroações se passa com o manto de Nossa Senhora sobre as pessoas. Esse manto é o manto que abriga, que protege. Santo Efrém já falava que Nossa Senhora é aquela que nos protege do inimigo, a Rainha protetora”.
“Mas, acho que tudo isso se resume a um denominador comum, que é o amor, são expressões de amor. Tanto em santo Efrem, quanto em são Filipe Néri, em Pio XII, na Igreja atualmente, tudo o que se faz é uma prática de amor a Maria”, disse.
Para Vinícius Paiva, essa tradição da coroação de Nossa Senhora já está “enraizada na cultura” e, portanto, “não sai mais, passa a ser um patrimônio cultural”.
Paiva vê também uma função de catequese na coroação. “Acredito que o Espírito Santo mantém viva essa tradição da coroação de Maria, em última análise, porque é uma forma de evangelizar”, disse. Para ele, “a coroação a Nossa Senhora é catequética, é formativa e ali há ação do Espírito para que as pessoas compreendam, a partir daquela coroação, o papel de Maria na história da redenção”.
“Na hora que você coroa Maria como rainha, você está fazendo reverência ao Rei, é uma confissão de fé cristã. Não tem como honrar Maria e não estar honrando seu filho, porque toda sua vida é cristocêntrica”, disse.
Paiva considera que é possível aproveitar a coroação de Nossa Senhora “para aprofundar ainda mais” na catequese, trazendo “à luz da Palavra de Deus, à luz do Catecismo da Igreja Católica, a importância da figura de Maria”.
“Por exemplo, a coroação é um dos vinte mistérios do rosário, então, é possível trabalhar isso; é possível fazer uma ponte para o dogma da assunção... Esse é um caminho para aprofundar a catequese que por si só a piedade popular já é”, disse.
Por fim, Vinícius Paiva ressaltou que, embora haja a tradição da coroação de Nossa Senhora em maio, “nós não podemos deixar de coroá-la em nossas vidas, não só uma vez por ano, mas todos os dias”.
Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.
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