Este artigo é o do site Aci Digital
Para ler o artigo original clique aqui!
31 de mar de 2025 às 15:17
O Centro Rossing para Educação e Diálogo em Jerusalém, Israel, apresentou em 27 de março os resultados de seu relatório anual, “Ataques aos cristãos em Israel e Jerusalém Oriental”, e de uma pesquisa feita em dezembro do ano passado com 300 cristãos árabes em Israel e Jerusalém Oriental, sobre suas percepções de vários aspectos da vida.
O relatório foi divulgado no Centro Notre Dame de Jerusalém por Hana Bendcowsky, diretora do Centro de Relações Judaico-Cristãs de Jerusalém do Rossing Center; Hussam Elias, diretor executivo do projeto; o padre jesuíta David Neuhaus; e Bernard Sabella, professor aposentado de sociologia.
O relatório documenta um aumento nos incidentes de intimidação e agressão contra cristãos no ano passado. Cerca de 180 mil cristãos vivem em Israel, cerca de 1,8% da população israelense, e 78,8% deles são árabes.
Os ataques físicos são a categoria mais comum entre os 111 casos documentados. A maior parte visa o clero, facilmente identificável por causa das roupas e cuspir é uma forma comum de assédio. Vandalismo e profanação contra igrejas cristãs, como pichações, arremesso de pedras e incêndios criminosos, também foram registrados.
Segundo o relatório, os perpetradores em todos os casos conhecidos foram principalmente jovens de círculos ultraortodoxos e nacional-religiosos.
Os eventos fazem com que os cristãos se sintam ameaçados e indesejáveis em sua própria terra natal: 30,8% dos cristãos se sentem aceitos como parte da sociedade israelense, 34% não, com um sentimento maior de não-aceitação (56%) na faixa etária de 18 a 29 anos.
Depois da aprovação da lei básica Israel, o Estado-Nação do Povo Judeu em 2018, 64,8% dos entrevistados acreditam que ela confirma os cristãos como cidadãos de segunda classe. Cerca de 36% pensam em emigrar. Essa fatia é maior Haifa: 48%. As principais razões apontadas são segurança (44%) e a situação sociopolítica (33%).
A maioria dos cristãos, 58,5%, se sente confortável usando símbolos religiosos visíveis em áreas mistas ou predominantemente judaicas.
Os pesquisados se identificaram como cristãos árabes (34%), cristãos israelenses (23%), ou cristãos palestinos (13%), mostrando a complicada interação de afiliações religiosas e nacionais na região.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Respondendo à CNA, agência em inglês da EWTN, depois do relatório ser divulgado, Sabella falou sobre o sentimento entre os cristãos como estando “no meio”.
“Depois da revolução iraniana em 1979, houve uma transformação em toda a região”, disse Sabella. “Palestinos e árabes começaram a se identificar em primeiro lugar como muçulmanos. Como reação, os cristãos palestinos e os cristãos árabes israelenses começaram a se identificar como cristãos”.
Bendcowsky destacou uma piora do clima político e social, especialmente depois do ataque de terroristas muçulmanos de 7 de outubro de 2023 contra Israel caracterizado pelo aumento do extremismo, polarização e falta de tolerância em relação às minorias.
Ela enfatizou uma crescente disposição das igrejas e dos cristãos de denunciar ataques e uma maior presença de policiais, embora muitas vezes haja uma falta de diálogo real e envolvimento das autoridades na compreensão e resposta às necessidades das comunidades cristãs.
A situação no Monte Sião, onde as tradições religiosas judaicas e cristãs convergem num espaço compacto, foi apresentada como um estudo de caso de um lugar complicado que enfrenta negligência e elementos negativos que levam a ataques aos visitantes. Nos últimos anos, o número de incidentes aumentou, resultando em vandalismo a edifícios e cemitérios religiosos cristãos, além de assédio físico a clérigos e turistas cristãos.
O relatório do Centro Rossing diz que “o direcionamento do cristianismo não faz parte da agenda política”, mas está mais ligado a “um clima sociopolítico” e “um crescente senso de nacionalismo, e a ênfase em Israel principalmente como um estado para a população judaica”.
Os desafios que as igrejas enfrentam ao lidar com as autoridades incluem vistos para o clero, autorizações para feriados religiosos, o status fiscal das igrejas e tentativas de expropriar terras.
“Os cristãos simplesmente não são uma prioridade”, disse Bendcowsky à CNA no fim da reunião. As autoridades “não estão atacando os cristãos propositalmente, mas é deliberado não se importar com eles”.