2 de out de 2024 às 12:22
O que é um sínodo?
Um sínodo é tradicionalmente uma reunião de bispos para discutir um tópico teológico ou pastoralmente significativo. A palavra “sínodo” vem de um termo grego “caminho conjunto” (“syn” = com; “hodos” = caminho, estrada). Desde os primeiros séculos, o termo passou a denotar assembleias eclesiais de tamanho e importância variados.
O Sínodo dos Bispos foi criado em 1965 pelo papa são Paulo VI no final do concílio Vaticano II (1962-1965) para promover uma estreita união e colaboração entre o papa e os bispos do mundo inteiro e fornecer informações e reflexões sobre questões e situações que afetam a vida interna da Igreja e sua atividade necessária no mundo de hoje.
Tipos de sínodos
O papa são Paulo VI estabeleceu três tipos de sínodos:
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Ordinário — para assuntos relativos ao bem da Igreja universal;
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Extraordinário — para assuntos de interesse urgente para a Igreja;
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Especial — focado principalmente nas preocupações de uma região ou continente
Ao longo dos anos, houve 15 sessões ordinárias, de 1967 a 2018; três sessões extraordinárias, em 1969, 1985 e 2014; e 11 sínodos especiais, o mais recente em 2019, que analisou a região amazônica.
O sínodo funcionou sob o decreto de estabelecimento do papa são Paulo VI em 1965, com modificações feitas pelo papa são João Paulo II, até o pontificado atual. O atual Sínodo de duas partes da Sinodalidade é a 16ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos.
Responsabilidade: A prática de assumir a responsabilidade pelas próprias ações e decisões e ser capaz de falar sobre elas.
Corresponsabilidade: A responsabilidade de todos os membros batizados na missão da Igreja. Um tema central nas discussões sinodais foi esclarecido no documento sinodal deste ano para distinguir entre papéis decorrentes de ordens sagradas e aqueles decorrentes do batismo.
Consenso: No contexto do sínodo, consenso não significa uniformidade ou maioria democrática, mas se refere ao processo de ouvir uns aos outros em um ambiente de oração e liberdade interior.
Consulta: Um processo de escuta, especialmente no que se refere a ouvir os fiéis e ouvir suas perspectivas sobre questões da vida cristã, antes de tomar uma decisão. Segundo os organizadores do Sínodo da Sinodalidade, “este sínodo atual busca ampliar a experiência de ‘consulta’ para avançar em direção a uma Igreja mais sinodal que ouça e envolva mais completamente todo o povo de Deus”.
Discernimento : O processo de distinguir ou decidir entre opções, guiado pelo Espírito Santo. Os organizadores do sínodo disseram: “Nós ouvimos uns aos outros para discernir o que Deus diz a todos nós”.
Delegados fraternos: Representantes de outras igrejas e confissões cristãs e comunidades eclesiais convidados a participar do sínodo como observadores.
Congregação geral: Assembleia em que todos os delegados, incluindo o papa, participam de discussões.
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Instrumentum Laboris: “Documento de trabalho”, em latim. Ele serve como base para discussões no sínodo. Para a sessão deste ano, o segundo Instrumentum Laboris foi publicado em 9 de julho deste ano e tem 32 páginas. Ele fala sobre o desejo do papa Francisco de que as deliberações do sínodo fossem mais focadas em propostas concretas para sinodalidade do que em tópicos controversos.
Tradição viva: O conjunto de verdades reveladas — tradição apostólica — relativas à fé e à moral que não estão contidas na Sagrada Escritura, mas são transmitidas fiel e continuamente de uma geração para outra sob a autoridade da doutrina viva da Igreja.
Missio ad gentes: A missão da Igreja de levar o Evangelho àqueles que não conhecem Cristo ou abandonaram a fé.
Parrhesia: Termo grego que significa coragem ou ousadia, especificamente o destemor que vem do Espírito Santo. Foi incorporado nos corações dos apóstolos no Pentecostes e é a coragem que foi necessária entre os primeiros cristãos para sair e proclamar o Evangelho por todo o mundo antigo.
Rito penitencial: Elemento recém-introduzido no sínodo deste ano, em que os participantes se envolvem num ato coletivo de arrependimento e busca por perdão. Essa prática ressalta o compromisso da Igreja com a transparência e a responsabilização e inclui várias inovações como a ideia de “pecados contra a sinodalidade”.
Povo de Deus: Conceito eclesiológico chave destacado no sínodo, que dá ênfase à comunidade de todos os fiéis batizados. O termo entrou em uso particular depois do segundo capítulo da constituição dogmática sobre a Igreja (Lumen gentium) do concílio Vaticano II e reivindica raízes tanto nas escrituras quanto nos padres dos primeiros séculos da Igreja.
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Papel do Espírito Santo: O papa Francisco disse várias vezes que o Espírito Santo é o verdadeiro “protagonista” do sínodo. Esse termo se tornou um dos mais frequentemente usados em intervenções públicas pelos participantes.
Sensus fidei: Também chamado de sensus fidelium (senso dos fiéis em latim), é o instinto sobrenatural dos fiéis de reconhecer e endossar a doutrina e a prática cristã autênticas. É descrito no Catecismo da Igreja Católica (número 92) como “o sentir sobrenatural da fé do povo todo, quando, ‘desde os bispos até ao último dos fiéis leigos’, exprime consenso universal em matéria de fé e costumes”.
Mudanças estruturais: Alterações propostas nos processos de tomada de decisão dentro da Igreja que visam ampliar a participação dos leigos, salvaguardando a autoridade dos bispos.
Grupos de estudo: Dez grupos foram estabelecidos para se aprofundar em temas específicos que surgiram da primeira sessão do sínodo. Os tópicos mais controversos levantados na primeira sessão, como autoridade, mulheres diaconisas e mudança na doutrina sobre pessoas com tendências homossexuais, foram confiados aos grupos de estudo para permitir que os participantes do sínodo se concentrem em formas de a Igreja ser sinodal.
Sinodalidade: Termo muito mencionado no pontificado do papa Francisco, geralmente entendido como representação de um processo de discernimento, com a ajuda do Espírito Santo, que envolve bispos, padres, religiosos e leigos, cada um segundo os dons e carismas de sua vocação.
Relatório de síntese: Documento que resume as discussões no final de uma fase sinodal. O documento será apresentado ao papa Francisco e pode servir como base de uma exortação apostólica pós-sinodal. Na exortação apostólica Querida Amazônia, de 2019, no número 3, o papa Francisco estabeleceu o relatório de síntese do Sínodo sobre a Amazônia como um documento oficial, na esperança de que “toda a Igreja se deixe enriquecer e interpelar por este trabalho”.
Transparência: A qualidade de ser claro, aberto e responsável em processos e tomadas de decisão.
Participação feminina: Uma característica notável das sessões sinodais de 2023 e 2024 é a participação de mulheres com direito a voto. Este ano, 54 mulheres terão novamente o direito de votar no sínodo.
Juventude: Em termos da Santa Sé, um “jovem” é definido como uma pessoa entre 16 e 35 anos.
Considerando que o Sínodo da Sinodalidade é um processo contínuo, as interpretações ou aplicações desses termos podem mudar.
Marcelo Musa Cavallari, editor-chefe de ACI Digital, colaborou.