18 de out de 2024 às 01:00
Hoje (18), a Igreja celebra a festa de são Lucas evangelista. Pouco se sabe sobre ele, mas algumas tradições foram transmitidas sobre sua vida.
1. Lucas é mencionado três vezes na Bíblia
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Em Colossenses 4,14, São Paulo escreve: “Saúda-vos Lucas, o caríssimo médico, e Demas”.
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Em 2 Timóteo 4,11, Paulo escreve: “Só Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, porque me é bem útil para o ministério”.
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E em Filêmon 23-24, Paulo escreve: “Enviam-te saudações Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, assim como Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores”.
É possível que esse Lucas seja o evangelista. Como ele é mencionado em três cartas, pode-se inferir que era um companheiro frequente de são Paulo. Ele também participou de seus trabalhos, pois é conhecido como um de seus “colaboradores”.
O fato de são Paulo dizer, em sua última carta, que “só Lucas está comigo” sugere que ele foi um companheiro particularmente próximo e fiel.
A referência a Lucas como “o caríssimo médico” indica quas seria seu ofício.
2. São Lucas escreveu o terceiro evangelho e os Atos dos Apóstolos
São Lucas é identificado pela tradição desde o século II como o autor do terceiro Evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos.
Assim, terá escrito mais do Novo Testamento do que qualquer outro autor. Ambos os textos somam quase 38 mil palavras, ou 24% de todo o Novo Testamento.
3. O evangelho de são Lucas é o que mais fala de Maria
O evangelho de são Lucas é um dos três “evangelhos sinóticos”, o que significa que cobre grande parte do mesmo território que os de são Mateus e são Marcos.
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Anunciação do nascimento de João Batista (1,5-25)
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Anunciação do nascimento de Jesus (1,26-38)
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A visitação de Maria a Isabel (1,39-56)
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O nascimento de João Batista (1,57-80)
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A circuncisão e apresentação de Jesus (2,21-40)
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Jesus é achado no templo (2,41-52)
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O filho da viúva de Naim (7,11-17)
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A missão dos setenta e dois discípulo (10,01-20)
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O bom samaritano (10,29-37)
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“Maria escolheu a boa parte” (10,38-42)
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O amigo à meia-noite (11,5-8)
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A parábola do rico insensato (12,13-21)
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A parábola da moeda perdida (15,8-10)
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A parábola do filho perdido (15,11-32)
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A parábola do administrador infiel (16,1-8)
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Lázaro e o rico (16,19-31)
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Dez leprosos são purificados (17,11-19)
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A parábola da viúva persistente (18,1-8)
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A parábola do fariseu e do cobrador de impostos (18,9-14)
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Jantar com Zaqueu (19,1-10)
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Quem é o maior? (22,24-32)
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Jesus diante de Herodes Antipas (23,6-12)
4. São Lucas usou fontes escritas e testemunhas oculares para escrever seu evangelho
No início de seu evangelho, Lucas escreve:
“Muitos empreenderam compor uma história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como no-los transmitiram aqueles que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da palavra. Também a mim me pareceu bem, depois de haver diligentemente investigado tudo desde o princípio, escrevê-los para ti segundo a ordem, excelentíssimo Teófilo”.
A referência de Lucas aos relatos de eventos no evangelho que o precederam e sua referência a ter “diligentemente investigado tudo” parece indicar que ele usou fontes escritas para algumas de suas informações.
Dadas as semelhanças que Lucas tem com Mateus e Marcos (os outros dois evangelhos sinóticos), é provável que ele tenha usado um ou ambos.
Ele também diz que obteve informações daqueles “que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da palavra”.
Uma das testemunhas que ele conheceu foi a própria Virgem Maria. Lucas registra o material na narrativa da infância de uma forma que parce implicar que Maria foi a fonte de muito ou de tudo (Lucas 2,19-51).
Um dos servidores da Palavra que ele provavelmente usou como fonte foi são Paulo. Uma maneira de demonstrar isso é que as palavras da instituição da Eucaristia no evangelho de Lucas (Lucas 22,19-20) são muito semelhantes à fórmula usada por são Paulo (1 Coríntios 11,24-25). É menos semelhante à fórmula usada em Mateus e Marcos (Mateus 26,26-28, Marcos 14,22-24).
É provável que tenha usado a fórmula usada por são Paulo porque o ouvia muitas vezes celebrar a missa e esta era a versão mais familiar para ele
5. Atos dos Apóstolos cobre a história mais antiga da Igreja após a ascensão
Os Atos dos Apóstolos cobrem um período de 33 d.C. a 60 d.C.
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Lucas prestou um grande serviço não parando no final de seu evangelho e continuando a registrar a história da Igreja primitiva além da morte e ressurreição de Jesus.
6. Atos dos Apóstolos também se alimentou de fontes escritas e testemunhas
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Assim como no evangelho, Lucas provavelmente obteve suas informações para os Atos dos Apóstolos tanto de fontes escritas quanto com testemunhas oculares e servidores da palavra.
Lucas também foi testemunha de muitos dos eventos registrados. Isso está sinalizado pelo que se conhece como as passagens do “nós” em Atos, lugares onde o autor fala do que “fizemos” e para onde “fomos”, indicando que esteve presente.
Existem quatro dessas passagens:
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Atos 16,10-17
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Atos 20,5–15
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Atos 21,1–18
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Atos 27,1–28
Uma fonte escrita que Lucas provavelmente usou foi um diário de viagem que tirou das viagens de Paulo. O próprio Lucas pode ter sido o autor deste diário, embora possa ter sido mantido por outra pessoa do círculo paulino.
As passagens de “nós” indicam que ele teve acesso frequente a Paulo. Sabe-se também teve acesso a Pedro e Filipe:
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Ele teria tido acesso a Pedro durante os dois anos em que Paulo esteve em prisão domiciliar em Roma (Atos 28,30), onde Pedro também estava ministrando.
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Ele teria acesso a Filipe, o evangelista, durante os dois anos em que Paulo esteve detido em Cesareia Marítima (Atos 23,33, 24,27), onde Filipe morava (Atos 21,8-9).
7. O evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos foram escritos na mesma época
Como os Atos se interrompem de repente em 60 d.C., antes que Paulo tivesse a chance de comparecer perante César, é provável que isso tenha acontecido quando o livro estava terminado.
Tanto Lucas quanto Atos provavelmente foram escritos em Roma em 59-60 d.C.
8. Lucas teria ajudado Paulo a escrever uma das cartas
Lucas nunca é citado como um dos coautores de Paulo, mas o apóstolo frequentemente usava secretários no processo de escrever suas cartas (veja, por exemplo, Rm 16,22).
Tais secretários, conhecidos como amanuenses, podem ser encarregados de escrever uma carta em nome de outro, com base em pontos de discussão dados a ele por aquele para quem estava escrevendo.
O fato de que, em 2 Timóteo, Paulo diz que “só Lucas está comigo” (2 Timóteo 4,11) pode indicar que Lucas foi o escriba que Paulo usou para escrever esta carta.
Embora a epístola aos Hebreus não seja atribuída a Paulo, muitos notaram a semelhança do estilo deste livro com o evangelho de Lucas e Atos, por isso o evangelista foi proposto como possível autor.
9. Lucas teria sido um gentio e não um judeu
Embora alguns tenham argumentado que ele era judeu, geralmente se pensa que Lucas era um gentio. Uma razão é que, em Colossenses, ele é mencionado separadamente daqueles “da circuncisão”:
“Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo de Barnabé, a respeito do qual já recebestes instruções. (Se este for ter convosco, acolhei-o bem.) Também Jesus, chamado o Justo, vos saúda. São os únicos da circuncisão que trabalham comigo no Reino de Deus. Eles se têm tornado a minha consolação. Saúda-vos Epafras, vosso concidadão, servo de Jesus Cristo. Ele não cessa de lutar por vós em suas orações, para que, numa perfeita e plena convicção, permaneçais plenamente submissos à vontade divina. Posso assegurar-vos que muito trabalha por vós e pelos que estão em Laodiceia e em Hierápolis. Saúda-vos Lucas, o caríssimo médico, e Demas” [Colossenses 4,10-14].
10. O padre da Igreja São Jerônimo escreveu sobre Lucas
Não é possível rever detalhadamente o que os padres da Igreja escreveram, mas isso é parte do que são Jerônimo escreveu sobre Lucas em seu texto Vidas dos homens ilustres:
“Lucas, um médico de Antioquia, como indicam seus escritos, não era inexperiente na língua grega.
Seguidor do apóstolo Paulo, e companheiro de todas as suas viagens, escreveu um evangelho, sobre o qual o próprio Paulo diz: ‘Enviamos com ele um irmão cujo louvor no evangelho está entre todas as igrejas’; e aos colossenses: ‘Lucas, o querido médico, saúda-vos’; e para Timóteo: ‘Só Lucas está comigo’.
Ele também escreveu outro excelente volume ao qual antepôs o título dos Atos dos Apóstolos, uma história que se estende até o segundo ano da estada de Paulo em Roma, ou seja, até o quarto ano de Nero, do qual aprendemos que o livro foi composto naquela mesma cidade…
Foi enterrado em Constantinopla, cidade para a qual, no vigésimo ano de Constâncio, seus ossos foram transferidos junto com os restos mortais do apóstolo André.