O objetivo do Papa Leão XIV de construir uma basílica no local de um milagre eucarístico no Peru está sendo dificultado por uma série de obstáculos, incluindo uma disputa de propriedade da terra e a realização de liturgias não católicas no local.
Quando ainda era Bispo de Chiclayo, no Peru, o atual Papa Leão XIV, anteriormente conhecido como Robert Prevost, iniciou um projeto ambicioso para erguer um santuário dedicado ao milagre eucarístico ocorrido em 1649 na Ciudad Eten. O plano incluía não apenas uma basílica, mas também uma casa de peregrinos, um hospital e uma área para artesãos.
O local do milagre, atualmente uma capela, tornou-se palco de um conflito legal. Um grupo de moradores local, chamado Comitê Multissetorial de Eten City, alega possuir a terra há mais de 50 anos, o que contradiz a posição da Igreja e do governo regional, que consideram a área como patrimônio cultural, limitando os direitos de uso temporário.
Além da disputa legal, o comitê tem permitido a entrada de pessoas que não são sacerdotes católicos para realizar celebrações no local, incluindo indivíduos que se identificaram como anglicanos ou episcopalianos, mesmo sem a devida autorização da Diocese. Em 2018, o então Bispo Prevost chegou a ser impedido de entrar na capela por membros do comitê.
Representantes católicos locais expressam preocupação com a desordem e os atos que consideram sacrílegos no local sagrado. Eles enfatizam que as celebrações litúrgicas católicas válidas na região ocorrem na Paróquia Santa Maria Madalena.
A situação legal é complexa, com dois processos em andamento para determinar a propriedade. A defesa da Diocese argumenta que a declaração da área como patrimônio cultural, devido à presença de vestígios pré-hispânicos, impede a posse privada.
Recentemente, o governo peruano declarou a Ciudad Eten como "Cidade Eucarística de Interesse Nacional" e a incluiu em uma rota turística. No entanto, a falta de resolução da disputa de terra e a continuação dos problemas no local impedem o avanço do projeto da basílica.
Apesar dos desafios, a Diocese reiterou sua disposição para o diálogo, mas sublinha a necessidade de respeito à autoridade e doutrina da Igreja para aqueles que desejam estar em comunhão com ela. Paralelamente, o reconhecimento formal do milagre pelo Vaticano, um processo iniciado por Prevost em 2019 com a apresentação de extensa documentação, agora reside nas mãos do próprio Papa Leão XIV.