Este é um artigo do site ECCLESIA.

Professor relata testemunho da utilização desta ferramenta nas aulas de «Oficinas Educativas», no Colégio Marista de Carcavelos

Lisboa, 31 mai 2025 (Ecclesia) – O irmão marista Jaime Barbosa, professor de Educação Moral e Religiosa Católica, considera que a Inteligência Artificial (IA) pode ter um contributo positivo na educação se a utilização desta ferramenta for “bem” feita.

“Eu acho que é todo um universo que se está a expandir e que, se for bem usado, pode ser de uma grande mais-valia para o mundo educativo também”, afirmou o docente, em declarações à Agência ECCLESIA.

O Colégio Marista de Carcavelos contém no currículo escolar a disciplina de “Oficinas Educativas”, da qual Jaime Barbosa é docente e na qual os alunos aprendem a treinar capacidades no uso de aplicações digitais, utilizando, em alguns momentos, a IA, de “maneira transparente”, explica o irmão marista.

“O que é que nós pedimos aos alunos? Que nos facultem, a nós professores, quais são as perguntas ou os promptes (instruções) que fazem à inteligência artificial, as respostas que receberam e as adaptações que fazem e o que podem usar para complementar essa informação”, indica.

O docente dá conta também de desafios que acarretam a utilização desta ferramenta, como o “uso indevido” noutras disciplinas, em que os alunos “tentam fazer os trabalhos exclusivamente a partir da Inteligência Artificial”.

“No entanto, existem também ferramentas que estão à disposição dos professores que podem usar para verificar se aquele trabalho foi feito com base na Inteligência Artificial ou não”, refere, acrescentando que docentes já têm “algumas pistas” que indicam que “a resposta que o aluno está a dar é uma resposta gerada por Inteligência Artificial”.

“Por outro lado, eu acho que nós, professores, não podemos negar a existência da Inteligência Artificial. Então, acho que um caminho equilibrado tem a ver com este que nós fazemos, com transparência”, em que alunos mostram o uso que fazem dela, destaca Jaime Barbosa.

O irmão marista defende que esta ferramenta pode ser vantajosa, “não só na criação de texto, não só na pesquisa de informação, mas também na geração de imagens, na criação digital, pouco a pouco também de vídeo”.

Alice Calixto, aluna do 5ºano, dá conta que a turma já teve alguns trabalhos na disciplina de “Oficinas Educativas” em que o suposto era utilizar a IA: “Fazemos perguntas que é para isso que ela serve”.

“Durante as aulas utilizamos as inteligências artificiais para algumas coisas, mas normalmente quando nós estamos lá não usamos para desvantagens, mas as desvantagens são, por exemplo, usar coisas do ChatGPT para fins que vão magoar outras pessoas ou maltratar-nos a nós próprios”, refere outro Diogo Oliveira, outro dos alunos.

Quanto a encontrar um equilíbrio ideal sobre em que casos usar a IA, o professor Jaime Barbosa explica que para os alunos “não é fácil” distinguir quando devem ou não utilizar, por isso é que os professores têm “que estar atentos ao produto que está a ser produzido” e “controlar” o “processo daquilo que está a ser criado ou acedido”.

“É um grande desafio ao qual ainda nos estamos a adaptar”, salienta.

O docente observa também que os alunos nem sempre estão conscientes que os conteúdos que encontram na internet podem ser falsos e criados por IA.

“Nós próprios adultos, muitas vezes, acedemos a informação que aparentemente é real, mas que não corresponde à realidade. Por isso é que é importante todo o processo de ensinar a procurar múltiplas fontes de informação, a tentar aceder a lugares onde a informação é mais fidedigna, como sites de instituições oficiais, pôr em causa sempre aquilo que chega até eles”

O programa 70×7 (17h35, RTP2) no próximo domingo assinala o Dia Mundial das Comunicações Sociais que coincide com o Dia Mundial da Criança, apresentando a relação dos mais novos com os media e projetos que promovem o seu bom uso.

LJ/OC

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