Os bispos católicos do México reagiram às recentes operações de fiscalização do serviço de imigração dos Estados Unidos (ICE), que geraram tumultos em diversas localidades.

Em um comunicado divulgado em 10 de junho, a Conferência do Episcopado Mexicano expressou grande preocupação com a situação.

Embora reconheçam que ninguém deseja a presença de criminosos, os prelados enfatizaram a necessidade de fazer uma distinção crucial: "mesmo que alguns migrantes sem documentos cometam atos ilícitos, nem todos os migrantes indocumentados são criminosos".

Eles afirmaram que a maioria dos migrantes sem status legal "contribui para o bem das comunidades onde vivem e trabalham".

Essa diferenciação, segundo a nota, "permite superar confusões que levam a equívocos, ver a realidade com clareza e tomar decisões adequadas para o benefício de todos".

O comunicado também ressaltou que a questão migratória não pode ser resolvida com medidas isoladas. Ela "exige múltiplas ações conjuntas; entre elas, um sistema de imigração que permita fazer as coisas corretamente sem ter que recorrer a outros meios que só complicam a vida de todos".

Os bispos manifestaram solidariedade aos afetados e pediram, pela intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe, que "nos ajude a compreender que somos todos irmãos e a construir juntos um mundo melhor".

Paralelamente, o governo mexicano também se manifestou. Em coletiva de imprensa no mesmo dia 10 de junho, a Presidente Claudia Sheinbaum expressou apoio a uma reforma migratória nos EUA "que reconheça o papel dos migrantes nos Estados Unidos, especialmente daqueles que trabalham lá há muitos anos".

Ela também apelou aos manifestantes para que "não se envolvam em ações violentas e se apoiem uns aos outros, como nós, mexicanos, sempre fizemos".

Sheinbaum mencionou um próximo encontro com o Presidente Donald Trump durante a cúpula do G-7 no Canadá (15 a 17 de junho), onde o México será convidado. Nesse encontro, buscará avançar em acordos que vão além do controle fronteiriço, reconhecendo que "mexicanos vivendo nos Estados Unidos e contribuindo para a economia americana devem fazer parte da agenda".