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29 de abr de 2025 às 12:30
“A Igreja precisa ser fiel a Jesus Cristo e ao Evangelho, muito mais que a um partido ou ideologia” e “isso vale também para o conclave”, disse o arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Scherer ao jornal O São Paulo, da arquidiocese, publicado ontem (28).
“A base da Igreja não são as ideologias de direita e esquerda, mas é o Evangelho”, disse dom Odilo. “Nele existem aspectos que alguém poderia qualificar ‘de direita’ e outros, ‘de esquerda’. Alguém, por opção partidária e ideológica, poderia deixar de lado ou renegar algum aspecto que não cabe na sua visão ideológica das coisas? Não seria fiel a Jesus Cristo e ao Evangelho”, disse o arcebispo.
O cardeal Odilo Pedro Scherer está em Roma desde o dia 24 de abril e participou do funeral do papa Francisco. Ele é um dos sete cardeais brasileiros com menos de 80 anos e, portanto, aptos a eleger o próximo papa no próximo conclave que começa na próxima quarta-feira (7). Durante o conclave de 2013 que elegeu Francisco, especulava-se na imprensa de vários países que dom Odilo era um dos cotados para suceder Bento XVI.
No conclave deste ano, segundo Scherer, “haverá alguns cardeais que vão destacar mais suas reflexões sobre aspectos sociais e ‘progressistas’ do Evangelho” e que eles “fazem bem, pois fazem parte da missão da Igreja”. Os “outros, destacarão mais alguns aspectos do Evangelho, que poderiam ser qualificados como ‘conservadores’, e, também, fazem bem”.
Para o cardeal, “na diversidade das visões e esforços, a Igreja procura ser fiel ao Evangelho, na unidade da mesma fé e da caridade”.
Internacionalização do Colégio Cardinalício
O próximo conclave terá membros de mais países do que em qualquer outra época da história. Para dom Odilo, “o papa Francisco levou avante a internacionalização do Colégio Cardinalício, como já haviam feito seus predecessores, desde o Concílio Vaticano II, a partir dos anos 1960”.
“Com Francisco, o colégio recebeu membros de países que nunca tiveram um cardeal anteriormente e isso é visto como positivo, pois, assim, o Colégio acaba representando melhor a voz e o sentir da Igreja de todos os ângulos do mundo, mesmo lá, onde ela está ainda bem pouco presente”.
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Para o arcebispo de São Paulo, “certamente, isso terá o seu efeito nas reuniões preparatórias ao Conclave e dará a ocasião de um discernimento mais amplo sobre as situações do mundo e as questões que a missão da Igreja deve enfrentar”.
Principais aspectos dos votos dos cardeais
Segundo dom Odilo, “a questão principal a ser levada em consideração” ao eleger um novo papa “é a realidade da Igreja e a missão que Jesus a ela deixou”.
Para o cardeal, duas perguntas devem ser respondidas pelos cardeais votantes: “Como realizar de maneira adequada essa missão no contexto atual da Igreja e da sociedade nos diversos ambientes religiosos e culturais? Quais questões deveriam ser prioritárias para a vida e a missão da Igreja nos próximos anos?”
“As muitas reflexões e intervenções que se os cardeais fazem, os ajudam a conhecer seus coirmãos no Colégio Cardinalício e a amadurecer a escolha que cada um deve fazer”, disse.
O cardeal Odilo Scherer pediu que os fiéis acompanhem “com interesse e oração esses dias muito importantes para a Igreja”, mas informem-se “por meio de fontes seguras e serenas de informação, evitando alimentar-se de interpretações distorcidas, polêmicas e falseadas sobre a Igreja”.
“Este é um momento para manter a comunhão de fé, caridade e missão, acima de gostos partidários ou ideológicos”, destacou o cardeal brasileiro. “É bom também não se aferrar a prognósticos e projeções ideais sobre o novo papa”, mas é “preciso aceitar de coração aberto e disposição de fé e obediência aquele que for escolhido. Do contrário, que sentido teria que nós agora nos dediquemos à oração e à invocação do Espírito Santo se, depois, dissermos: Esse papa não me representa?”