21 de mai de 2025 às 12:31
O papa Leão XIV pediu hoje (21), na primeira audiência geral de seu pontificado, o fim das hostilidades em Gaza e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Falando diante de dezenas de milhares de pessoas num dia nublado na praça de São Pedro, no Vaticano, o novo papa concluiu seus comentários chamando a situação na Faixa de Gaza de "cada vez mais preocupante e dolorosa".
“Renovo o meu apelo sincero para consentir a entrada de ajuda humanitária digna e para pôr fim às hostilidades, cujo preço desolador está sendo pago por crianças, idosos e doentes”, disse também Leão XIV.
A atual guerra entre as Forças de Defesa de Israel e o grupo terrorista islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, começou em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram Israel, mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram centenas de israelenses, 58 dos quais, vivos e mortos, ainda são mantidos reféns por terroristas na Faixa de Gaza.
Um mês depois da morte de Francisco, o papa Leão também lembrou com gratidão o “amado Papa Francisco, que exatamente há um mês voltou à casa do Pai”.
Leão XIV seguiu atentamente seus comentários escritos, só adicionando o comentário sobre Gaza, na audiência pública de hoje, que começou com uma volta pela praça de São Pedro no papamóvel, sob aplausos, faixas e bandeiras tremulando. Algumas pessoas subiram em suas cadeiras para tentar vislumbrar o novo papa, que parava com frequência para abençoar bebês de todas as idades.
A catequese inaugural do primeiro papa nascido nos EUA retomou o tema iniciado por Francisco para o Ano Jubilar de 2025: “Jesus Cristo, nossa esperança”.
Falando sobre a parábola do semeador, Leão XIV falou sobre o comportamento incomum do semeador na história, que "não se preocupa com o lugar onde a semente cai”.
“Lança a semente até onde é improvável que dê fruto: ao longo da estrada, entre as pedras, no meio dos arbustos".
“O modo como esse semeador ‘esbanjador’ lança a semente é uma imagem da maneira como Deus nos ama”, disse ele, ecoando parte de sua primeira mensagem na varanda da basílica de São Pedro, no Vaticano, depois de sua eleição em 8 de maio, de que Deus “nos ama a todos incondicionalmente”.
“Nesta parábola Jesus diz-nos sobretudo que Deus lança a semente da sua palavra em todos os tipos de solo, isto é, em qualquer uma das nossas situações”, destacou Leão XIV.
“Deus confia e espera que, mais cedo ou mais tarde, a semente floresça. É assim que nos ama: não espera que nos tornemos o melhor terreno, concede-nos sempre generosamente a sua palavra. Talvez precisamente vendo que Ele confia em nós, nasça em nós o desejo de ser uma terra melhor. Essa é a esperança, fundada na rocha da generosidade e da misericórdia de Deus”, disse também o papa.
O tema da transformação pessoal também foi repetido mais adiante na catequese, quando Leão XIV disse: “Jesus é a Palavra, a Semente. E para dar fruto, a semente deve morrer. Então, esta parábola diz-nos que Deus está pronto a ‘desperdiçar’ por nós e que Jesus está disposto a morrer para transformar a nossa vida”.
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Chuma Asuzu foi à praça no início da manhã com sua família para participar da primeira audiência geral do papa.
“Foi bom e achei interessante como ele explicou as sementes e como elas são a palavra de Deus. Eu realmente aprecio isso”, disse Asuzu à CNA, agência em inglês da EWTN.
“Ele fez questão de circular bastante porque foi sua primeira audiência geral e ele parecia emocionado no começo”, disse Asuzu.
Em vez de tomar um exemplo da literatura ou da filosofia, como o papa Francisco costumava fazer, o papa Leão XIV usou a pintura Semeador no Pôr do Sol, de Vincent Van Gogh, para estimular uma meditação sobre esperança.
“Aquela imagem do semeador sob o sol ardente fala-me também do trabalho do camponês. E surpreende-me que, por detrás do semeador, van Gogh tenha representado o grão já maduro. Parece-me exatamente uma imagem de esperança: de uma maneira ou de outra, a semente deu fruto. Não sabemos bem como, mas é assim”, disse ele.
“Contudo no centro da cena não está o semeador, que se encontra de lado, mas toda a pintura é dominada pela imagem do sol, talvez para nos recordar que é Deus quem move a história, embora às vezes pareça ausente ou distante. É o sol que aquece os torrões da terra, fazendo amadurecer a semente”, disse o papa.
A última reflexão do papa foi dizer aos presentes para pedir ao Senhor a graça de acolher a semente da Sua Palavra: “E se nos dermos conta de que não somos um terreno fecundo, não desanimemos, mas peçamos-lhe que nos trabalhe ainda mais para fazer de nós uma terra melhor”.
Leão XIV encerrou a audiência de modo habitual, cantando a oração do Pai Nosso em latim e depois dando sua bênção apostólica.
Um dos peregrinos presentes na audiência geral de hoje era o padre Rolmart Verano, que lidera um grupo de peregrinos do jubileu da diocese de Surigao, Filipinas.
“Nunca pensei que um dia viria para cá. É um dos meus sonhos mais loucos que se tornou realidade!”, disse o padre Rolmart à CNA.
“O ponto marcante da audiência geral do Papa Leão XIV foi quando ele disse que a palavra de Deus deve criar raízes em cada um de nossos corações. Ela deve servir de guia para a nossa vida diária, sejam elas circunstâncias comuns ou difíceis”.
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Um dos 40 membros de um grupo de peregrinos da diocese de Mumbai, Índia, Sandesh Almeida disse que ficou imediatamente impressionado com a gentileza demonstrada pelo novo papa na audiência.
“Paz é uma boa mensagem dele”, disse ele. “Agora, com a Índia e o Paquistão… devemos buscar a paz, e o papa está se concentrando principalmente na paz”, disse Almeida.
Hannah Brockhaus é jornalista correspondente da CNA em Roma (Itália). Ela cresceu em Omaha, no estado americano de Nebraska e é formada em Inglês pela Truman State University no Missouri (EUA).
Kristina Millare é jornalista freelance com experiência profissional em comunicação no setor de ajuda humanitária e desenvolvimento, jornalismo de notícias, marketing de entretenimento, política e governo, negócios e empreendedorismo.