Milhares de fiéis foram às ruas de Cork, Irlanda, no último domingo, 22 de junho de 2025, para a 99ª edição consecutiva da procissão eucarística anual da cidade, a segunda maior da Irlanda.

A manifestação de fé foi liderada pela banda Butter Exchange e pelo Bispo Fintan Gavin, bispo de Cork e Ross. Iniciando na Catedral de St. Mary and St. Anne, a procissão culminou com a oração final e a Bênção no Monumento Nacional, localizado na Grand Parade, onde foi montada uma plataforma especial.

Dirigindo-se aos presentes, o Bispo Gavin destacou: “Que bênção é reunirmo-nos aqui no coração da nossa cidade em fé, em oração e em esperança, na presença uns dos outros. Esta procissão nasceu de um anseio por unidade após a divisão, por paz após o conflito civil. Foi um ato público de fé.” Ele acrescentou: “Estando no limiar do centenário, sejamos a geração que não apenas mantém a tradição, mas reacende o fogo da fé em nosso tempo. A procissão que acabamos de fazer pelas ruas é um testemunho vivo de algo que o mundo precisa saber mais do que nunca: que Deus não nos abandonou. Que na Eucaristia, não estamos sozinhos.”

Padre Marius O’Reilly, um dos sacerdotes da família de paróquias da Catedral de Cork, explicou o contexto histórico da procissão. Segundo ele, a ideia de levar a procissão pelas ruas surgiu nos anos seguintes à Guerra da Independência e à Guerra Civil, como um esforço para curar divisões. A primeira procissão desse tipo em Cork ocorreu em 6 de junho de 1926, contando com a participação de dezenas de milhares de pessoas.

A Guerra Civil Irlandesa, que ocorreu entre junho de 1922 e maio de 1923, sucedeu a Guerra da Independência contra a Grã-Bretanha. Foi um período marcado por intensa brutalidade, dividindo amargamente famílias, paróquias e comunidades, deixando feridas que perduraram por décadas.

Diversos indivíduos e grupos da cidade e do condado participaram da celebração. Entre eles, estavam as Catholic Girl Guides, The Guides and Scouts Europe, Youth 2000, grupos eucarísticos paroquiais de toda a diocese, crianças que se preparam para a Primeira Comunhão, e comunidades de imigrantes, incluindo as indianas Syro-Malabar e Syro-Malankara, brasileira, africana, polonesa, croata e ucraniana.

O Bispo Gavin expressou profunda gratidão aos moradores de Cork pela grande participação. “Estamos muito gratos por uma participação tão expressiva. Gostaria também de aproveitar esta oportunidade para agradecer a todos que trabalharam nos bastidores para tornar o dia de hoje o que foi. Um ano agitado pela frente enquanto nos preparamos para o centenário no próximo ano!”, disse ele.

Entre os presentes estava Dr. Jim Clair, de Cork, que relatou frequentar a procissão há mais de 40 anos. Para ele, é uma experiência incrivelmente emocionante e edificante, e é gratificante ver a procissão crescer nos últimos anos.

Helen Gillen, também residente na cidade, comparou a procissão à linha do hino 'Faith of Our Fathers': VIVENDO ainda. Ela descreveu o Corpus Christi como o corpo e sangue de Jesus ainda vivos, respirando, apoiando e sustentando os fiéis. Para ela, a procissão representa a fé transmitida por gerações, que é carregada e compartilhada com as futuras gerações, unindo a comunidade ao caminhar com o Salvador pelas ruas de Cork em sua honra.

Uma mudança notável nesta edição foi a decisão de realizar a oração final e a Bênção ao ar livre, em uma plataforma montada no Monumento Nacional, para acomodar o grande número de participantes que não caberiam na catedral.