O superior geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa, disse que "não há uma regra única" para decidir o que fazer com as obras do ex-jesuíta esloveno Marko Rupnik, padre acusado de abuso psicológico e sexual por várias freiras.
O padre e artista tem obras espalhadas em alguns dos principais santuários do mundo. No Brasil, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida já instalou dois dos mosaicos que deverão cobrir todas as fachadas da igreja.
"Acho que não existe uma regra única para tudo, mas depende do quanto isso realmente machuca alguém", disse ontem (10) o líder jesuíta em entrevista coletiva na Associação de Imprensa Estrangeira em Roma.
Como exemplo, ele disse que o bispo de Lourdes, dom Jean-Marc Micas, criou em novembro de 2023 um grupo de assessores para decidir o que fazer com os mosaicos de Rupnik no santuário. O grupo tinha vítimas de abuso sexual da França e de outros países, junto com especialistas, em vez de o bispo decidir por conta própria o que fazer.
"Acho que o que o bispo de Lourdes fez é bom”, disse Sosa. “Foi um longo processo de discernimento com as pessoas, com a comunidade local, com as vítimas, para chegar a uma decisão que não refletisse só a opinião deles, mas uma posição que fosse resultado de um processo coletivo. Porque os contextos são diferentes".
Na semana passada, o santuário de Lourdes decidiu cobrir temporariamente as obras de Rupnik que ficam acima das portas de entrada da basílica. A medida foi tomada coincidindo com o início da temporada de peregrinação, depois do santuário ter sido designado templo jubilar pelo bispo local.
O bispo de Lourdes disse que "a passagem pelas portas de entrada da basílica deve estar no auge simbólico do momento", segundo um comunicado oficial do santuário.
Para o padre Sosa, "não deve ser uma única pessoa que toma esse tipo de decisão", mas é necessário que a comunidade entre "num processo de discernimento coletivo".
Rupnik, expulso da Companhia de Jesus em 2023, está sendo processado pelo sistema de justiça da Santa Sé, acusado de abusar de dezenas de mulheres, a maioria freiras. O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé (DDF), dom Víctor Manuel cardeal Fernández, disse a jornalistas na apresentação de um livro que o DDF concluiu sua investigação sobre o caso do padre Marko Rupnik e atualmente está criando um tribunal independente para levá-lo adiante.
A Companhia de Jesus reconheceu publicamente que o padre foi punido depois de uma investigação sobre abuso sexual e psicológico cometido na década de 1990, embora os crimes tivessem sido prescritos canonicamente.
"Faltou-nos sensibilidade para ver o que estava acontecendo. Acho que aprendemos a ser mais sensíveis e hoje temos mais instrumentos para lidar com esses casos", disse o superior geral dos jesuítas na entrevista coletiva.
"Não temos medo" de receber mais queixas
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O padre Sosa também respondeu sobre a possibilidade de surgirem mais queixas no futuro. Até agora, cerca de trinta queixas foram recebidas.
"Não temos medo; se houver reclamações, elas são bem-vindas. No momento, gostaríamos muito que qualquer pessoa que tenha algo a dizer sobre esse caso encontrasse uma maneira de fazer isso", disse o padre.
Sosa disse que, desde que a fase ativa do processo interno terminou, não receberam novas queixas.
"Mas não houve mais depois desse período. Todas essas queixas que recebemos são notícias agora"
Ele disse também que "algumas dessas pessoas foram ouvidas pelo Escritório de Discernimento Institucional (OFID, na sigla em inglês) e outras fizeram parte do Conselho de Padrões Comuns da Sociedade".
“Alguns deles também foram chamados pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, e outros deram um passo à frente por iniciativa própria".
"A possibilidade de receber mais reclamações está sempre aberta. Mas vocês têm que ter em mente que Marko Rupnik não é mais membro da Companhia de Jesus. Ele foi expulso precisamente porque não cooperou com o processo de cura. Agora, se novas denúncias forem recebidas, elas devem ser apresentadas diretamente ao Dicastério", disse o padre.
Sobre o abuso espiritual
Respondendo sobre o abuso espiritual, questão atualmente em discussão no DDF, que ainda não está tipificada no Direito Canônico, o padre Sosa reconheceu a complexidade do caso Rupnik.
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"A primeira coisa que tenho a dizer é que este não é um caso fácil de lidar, porque tem causado muita dor, tanto nas vítimas quanto em nós, seus colegas. Falar sobre isso é sempre difícil, porque quando você fala sobre algo tão doloroso não é fácil expressar tudo o que você sente", disse o padre.
Sosa disse que todos - entre eles as vítimas - aguardam uma resolução do julgamento, embora tenha dito que não é um processo fácil. Desde o início, disse o padre, a Sociedade tentou encontrar caminhos de cura em comum acordo com as vítimas, reconhecendo que cada ferida é diferente e requer uma resposta personalizada.
Victoria Cardiel é jornalista especializada em temas de informação social e religiosa. Desde 2013, ela cobre o Vaticano para vários veículos, como a agência de noticias espanhola Europa Press, e o semanário Alfa y Omega, da arquidiocese de Madri (Espanha).
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