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30 de jan de 2025 às 16:18
O governo da Nicarágua forçou reiras clarissas a abandonarem os seus mosteiros em Manágua e Chinandega.
Segundo o jornal Mosaico CSI, a ordem do regime foi executada na noite de segunda-feira (28), com a qual cerca de 30 freiras de clausura, que pertencem à Ordem de Santa Clara, tiveram que abandonar os seus mosteiros.
Uma fonte eclesiástica citada pelo jornal nicaraguense diz que os enviados do regime “foram primeiro avisar as freiras (no Mosteiro das Irmãs Franciscanas Clarissas) em Manágua e depois foram para Chinandega (no Mosteiro dos Sagrados Corações de Jesus e Maria)”.
“Disseram-lhes que tinham de sair e deixaram-nas levar alguns dos seus pertences”, disse também a fonte.
Martha Patricia Molina, advogada e autora do relatório Nicarágua: Uma Igreja Perseguida, que em sua edição mais recente registra quase mil ataques do regime contra a Igreja no país centro-americano, descreveu o ocorrido como uma “noite de terror para as freiras”.
Em sua conta na rede social X, Molina diz que os agentes do regime “só deixaram que [as freiras] pegassem poucos pertences, só o que estava ao alcance das mãos delas”.
“A maioria das religiosas é nicaraguense. Seu paradeiro é desconhecido”, escreveu também Molina.
A pesquisadora diz que “a personalidade jurídica da congregação foi-lhes concedida pela Assembleia Nacional [da Nicarágua] em fevereiro de 2004, mas em 19 de maio de 2023 foi arbitrariamente cancelada”.
Molina disse ontem à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que a anulação do estatuto jurídico ocorreu por “dissolução voluntária”, embora “já saibamos que essa dissolução voluntária é inexistente no país, mas que a ditadura as obriga com o assédio”.
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O governo do presidente Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma mais de 30 anos no poder, e de sua mulher e copresidente Rosario Murillo, persegue a Igreja na Nicarágua desde 2018, quando a Igreja apoiou protestos populares contra o governo por causa das condições de vida no país.
Palácio episcopal de Matagalpa
Na terça-feira (28), a polícia retirou todos os bens, móveis e pertences do palácio episcopal de Matagalpa, residência de dom Rolando Álvarez, exilado desde janeiro do ano passado.
“É a mesma ditadura que está fazendo isso, porque pelo menos no Seminário (San Luis Gonzaga Maior de Filosofia) não deixaram tirar nada, só deixaram os seminaristas tirar suas coisas pessoais”, disse um leigo de Matagalpa ao Mosaico CSI.
Martha Patricia Molina disse à ACI Prensa que tudo o que levaram foi carregado em “vários caminhões brancos usados para retirar todos os pertences, como uma cruz”.
“Me disseram que ver isso foi doloroso”, disse a pesquisadora.